O Google homenageou o cientista brasileiro César Lattes, nesta quinta-feira (7/11), com um Doodle na página inicial do buscador. Se estivesse vivo, Lattes completaria 100 anos. Conhecido por suas contribuições pioneiras à física, esteve muito perto de ganhar o Prêmio Nobel e seu nome estava intrinsecamente ligado aos seus estudos, sendo referência para a plataforma curricular acadêmica do país.
Aos 23 anos, César Lattes fez uma descoberta que mudaria o rumo da física, o Pi Meson ou Pion. Esta partícula explica a estabilidade da matéria, que constitui tudo o que nos rodeia. O feito, realizado na década de 1940, colocou Lattes no mapa da ciência mundial e deu início a uma nova era no estudo das partículas elementares.
Lattes formou-se em física pela Universidade de São Paulo (USP) em 1943, sendo o único físico da turma. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele começou a estudar os raios cósmicos, partículas de alta energia provenientes do espaço. Na pesquisa, ele descobriu que, ao adicionar boro às placas fotográficas, poderia visualizar o decaimento das partículas, permitindo-lhe estudar cada próton individualmente. Foi assim que Lattes identificou o píon, uma partícula até então desconhecida.
Em busca de mais dados sobre os raios cósmicos, Lattes viajou até o Pico Chacaltaya, na Bolívia, 5 mil metros acima do nível do mar. Lá, ele utilizou placas fotográficas de emulsão nuclear, técnica desenvolvida por Cecil Frank Powell, para registrar a trajetória das partículas. A pedido de Lattes, a Kodak fabricou placas especiais com maior quantidade de boro, o que resultou na descoberta visual do píon.
“Os píons, ou mésons pi, são menores que um átomo e se formam quando a matéria espacial colide com a atmosfera da Terra. Ele não só descobriu a existência deles, mas também descobriu que alguns mésons são mais pesados que outros”, destacou o Google. A descoberta do píon abriu um novo campo de estudo na física das partículas elementares. Lattes ainda é considerado um dos jovens físicos mais brilhantes de sua geração, ao lado de figuras como Mário Schenberg e José Leite Lopes.
Apesar de suas contribuições monumentais, Lattes foi injustiçado em 1950, quando o Prêmio Nobel de Física foi concedido a Cecil Frank Powell, chefe de seu laboratório, por desenvolver o método fotográfico para estudo de processos nucleares e descobertas relacionadas a mésons. Segundo a organização do Nobel, até 1960 o prêmio era oferecido apenas ao líder da equipe, deixando Lattes sem o devido reconhecimento.
César Lattes faleceu no dia 8 de março de 2005, aos 80 anos, em Campinas, São Paulo, vítima de parada cardíaca. Em homenagem, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) batizou o sistema de cadastramento de cientistas, pesquisadores e estudantes no Brasil como Plataforma Lattes, que completa 25 anos em 2024.
Para o Correspondência, o CNPq explicou a importância do Lattes em nota oficial. “Em homenagem, o CNPq deu nome ao sistema utilizado para cadastrar cientistas, pesquisadores e estudantes. Isso porque o nome Lattes serviu de base para a apresentação do Projeto de Lei 164/1948, que propunha a criação do CNPq. foi incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria O CNPq escolheu o centenário de nascimento de César Lattes como tema a ser comemorado ao longo do ano de 2024.”
Durante o 76º Encontro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, o estande do CNPq apresentou uma linha do tempo contando a história de Lattes e o desenvolvimento da ciência no Brasil nos últimos 100 anos. O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, enfatizou a mensagem de que o cientista é um eterno exemplo de potencial científico. “Homenagear César Lattes é enaltecer a ciência brasileira, tanto pelo brilhantismo intelectual de nossos pesquisadores, quanto pelos esforços para criar condições adequadas para a realização da atividade científica no país.”
*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori
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