A morte do jogador uruguaio Juan Izquierdo, de 27 anos, devido a uma arritmia cardíaca, chocou Brasil e Uruguai esta semana. O zagueiro do Nacional passou mal durante jogo contra o São Paulo, no Morumbis, no dia 22 de agosto. Ele ficou cinco dias internado no Hospital Israelita Albert Einstein, mas não sobreviveu e faleceu na noite desta terça-feira (27).
Mas afinal, o que é arritmia cardíaca e como ela afeta um atleta de alto rendimento como Juan Izquierdo? O Correspondência procurou especialistas para comentar o caso.
Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), arritmia cardíaca é uma alteração do ritmo normal do coração, produzindo frequências cardíacas rápidas, lentas e/ou irregulares. Sobrac destaca que a condição pode afetar uma em cada quatro pessoas ao longo da vida, sendo responsável pela morte súbita de cerca de 300 mil brasileiros todos os anos.
No caso do jogador uruguaio, que desmaiou em campo durante uma partida de futebol, o cardioarritmologista Fábio Botelho, do Hospital Sírio-Libanês, explica que a arritmia possivelmente propiciou a baixa quantidade de sangue ejetado pelo coração de Izquierdo.
“Por alguma razão, o coração ejeta menos sangue para o cérebro, [então] a pessoa acaba desmaiando. Se essa arritmia continuar consecutivamente, durante minutos com esse débito baixo, pode na verdade levar à parada cardíaca”, explicou.
Quando alguém tem uma parada cardíaca, Botelho destaca a importância do atendimento imediato. “Sempre que uma pessoa desmaia, como Izquierdo, a primeira coisa que precisa ser feita é um atendimento pré-hospitalar adequado. Isso é fundamental para aumentar a sobrevida”, afirma.
Segundo Gustavo Fernandes, cardiologista e professor de medicina do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), ainda que os atletas de alto rendimento estejam mais expostos a uma maior estimulação adrenérgica — que é quando o corpo libera adrenalina e outras substâncias que aumentam a atividade do o sistema nervoso, acelerando os batimentos cardíacos e aumentando a pressão arterial — eles não têm uma capacidade superior ou diferente da população em geral. Ou seja, uma pessoa normal e um atleta acabam tendo quase as mesmas chances de desenvolver arritmia cardíaca.
“Agora, se um atleta de alto rendimento tem uma condição que favorece o aparecimento dessas arritmias, então tudo isso pode fazer com que ele tenha uma predisposição”, afirma Fernandes.
O especialista ressalta ainda que atletas de alto rendimento “precisam muito de check-up periódico e autorização do cardiologista para a realização dessas atividades físicas”.
No capítulo quatro do livro Cardiologia: teoria e práticada editora Pasteur, os autores, professores da Universidade Federal do Pará (UFPA), entendem que determinar o tipo de arritmia cardíaca no paciente é fundamental para o diagnóstico e tratamento adequado. “Compreender essas categorias ajuda os médicos a identificar a origem do problema e direcionar a terapia”, explicam.
“Nos últimos anos, houve avanços significativos nos métodos de diagnóstico de arritmias cardíacas. A tecnologia de monitoramento contínuo, como dispositivos cardíacos Holter, e o monitoramento de eventos permitiram uma detecção mais precisa e uma melhor compreensão da frequência, tipo e duração das arritmias. o uso de aplicativos de saúde, dispositivos vestíveis e o uso de smartwatches também tem contribuído para o monitoramento dos ritmos cardíacos, permitindo aos pacientes monitorar sua saúde cardíaca”, destacam os autores.
A professora e coordenadora do curso de educação física do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), Fernanda Santos Oliveira, explica que “a melhor forma de prevenir a arritmia cardíaca é a prática regular de atividade física aliada a um estilo de vida saudável e hábitos alimentares saudáveis”. .” “Também é muito importante o acompanhamento de um nutricionista esportivo ao iniciar a prática de algum esporte. Evite tabaco, bebidas alcoólicas e drogas, que podem influenciar nessa situação”, completa.
O caso de Izquierdo
O zagueiro uruguaio Juan Izquierdo, de 27 anos, sofreu uma arritmia cardíaca durante a partida entre Nacional e São Paulo pela Copa Libertadores, na última quinta-feira (22/8).
Aos 39 minutos do segundo tempo, passou mal e desmaiou em campo, sendo imediatamente socorrido e levado ao Hospital Israelita Albert Einstein, onde foi internado na UTI com quadro neurológico crítico, necessitando de ventilação mecânica.
Apesar dos esforços médicos, Izquierdo não sobreviveu e faleceu nesta terça-feira (27/8). O jogador, que jogou por vários clubes uruguaios antes de se firmar no Nacional, era casado e tinha dois filhos pequenos, incluindo um bebê que nasceu duas semanas antes do incidente. Sua morte foi confirmada e lamentada nas redes sociais pelo clube Nacional, onde jogava.
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