Um estudo publicado no New England Journal of Medicine revela que um tratamento inovador, que mobiliza o sistema imunitário para combater o linfoma de Hodgkin avançado, pode aumentar as taxas de sobrevivência dos pacientes para 92% e reduzir os efeitos adversos associados às abordagens tradicionais. Para os cientistas, a nova técnica poderá se tornar a terapia padrão para a doença, principalmente entre os jovens.
Tradicionalmente, o tratamento do linfoma de Hodgkin envolve quimioterapia e, em muitos casos, radioterapia, alcançando uma taxa de cura superior a 80%. No entanto, esta abordagem pode causar efeitos secundários significativos a longo prazo, incluindo riscos aumentados de desenvolver outros cancros e problemas cardíacos. Jonathan Friedberg, diretor do Wilmot Cancer Institute e líder do estudo, sublinha que o novo tratamento “pode reduzir estes efeitos adversos, prometendo uma melhor qualidade de vida aos pacientes no futuro”.
O estudo, parte de uma pesquisa conduzida pela SWOG Cancer Research Network, envolveu quase 1.000 pacientes em diversas clínicas e instituições acadêmicas nos Estados Unidos. A abordagem incluiu um grupo que recebeu terapia padrão e outro que, além da quimioterapia, foi tratado com a imunoterapia Nivolumabe, que ataca uma alteração genética comum no linfoma de Hodgkin.
Os resultados foram encorajadores, com 92% dos pacientes que receberam imunoterapia sobrevivendo sem progressão da doença, em comparação com 83% no grupo de tratamento padrão.
Fernando Blumm, coordenador de hematologia do Hospital Santa Luzia, de Brasília, detalhou como, no linfoma de Hodgkin, as células tumorais conseguem escapar do sistema imunológico. “As células tumorais expressam uma proteína chamada PD-L1, que se liga a uma proteína chamada PD-1. Quando a célula do sistema imunológico encontra as células do linfoma de Hodgkin, a proteína PD L1 se liga ao PD-1, o que interrompe o ataque imunológico, permitindo a doença de Hodgkin. linfoma crescer de forma brilhante, o Nivolumab bloqueia o PD-1, impedindo o câncer de continuar a usar essa estratégia de camuflagem.”
Os pesquisadores destacaram que os ensaios de fase 3 envolveram pacientes de diferentes idades, incluindo adolescentes com 12 anos ou mais e adultos com mais de 60 anos. Segundo eles, essa amplitude é crucial, pois o tratamento convencional costuma apresentar efeitos colaterais graves em pacientes pediátricos.
Os dados preliminares do estudo foram tão convincentes que o ensaio foi interrompido precocemente para permitir uma análise mais rápida pela agência reguladora dos EUA. A Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) já reconheceu os resultados, o que reforça a expectativa de que o Nivolumab seja rapidamente integrado nas diretrizes de tratamento do linfoma de Hodgkin.
Sergio Fortier, onco-hematologista, especialista em linfomas do Hospital Moriah, em São Paulo, destaca que se for comprovado o ganho de sobrevida global do medicamento para esse tipo de tumor, “esse esquema (de tratamento) se tornaria mais uma alternativa para os pacientes. alternativa de primeira escolha para a maioria.”
Vacina promissora contra o câncer
Pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, estão na vanguarda de uma nova abordagem para o tratamento do câncer, desenvolvendo vacinas personalizadas baseadas em bactérias que têm o potencial de ativar o sistema imunológico para atacar especificamente as células tumorais. A novidade utiliza propriedades carcinogênicas naturais desses microrganismos e representa uma nova classe de imunoterapia que pode ser adaptada para cada paciente, visando tanto a doença primária quanto as metástases.
Os resultados de estudos realizados com ratos, com foco no câncer colorretal avançado e no melanoma, mostraram que a vacina bacteriana foi capaz de suprimir e, em alguns casos, até eliminar o crescimento de tumores, sem danificar os tecidos saudáveis. A pesquisa, publicada ontem na revista Nature, destaca a eficácia desta abordagem em comparação com vacinas terapêuticas baseadas em peptídeos que já foram testadas em ensaios clínicos.
Segundo os pesquisadores, a vacina é eficaz porque consegue coordenar e ativar diferentes partes do sistema imunológico, conseguindo uma resposta antitumoral robusta. A personalização é um aspecto crucial da vacina. Cada tumor tem mutações genéticas específicas e as bactérias são programadas para direcionar o sistema imunológico para essas características únicas.
Segundo Daniel Herchenhorn, oncologista clínico da Oncologia D’Or e professor da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, nos últimos dez anos, as imunoterapias se popularizaram no tratamento de tumores, mas o rastreamento é essencial para o bem resultados. “O primeiro passo é identificar, por meio de biomarcadores, os pacientes que vão melhorar ou piorar com a abordagem. Alguns pacientes serão excelentes respondedores, outros não responderão nada. apenas a cada quatro pessoas.”
Nicholas Arpaia, professor da Universidade de Columbia, salienta que a estratégia envolve sequenciar o tumor de cada paciente e desenvolver vacinas que possam fornecer alvos imunológicos precisos. “Com a melhoria contínua da segurança através de modificações genéticas, os investigadores esperam iniciar em breve testes em humanos, oferecendo uma nova esperança para o tratamento do cancro”.
Marcela Crosara, oncologista do hospital DF Star, destaca que muitos estudos de vacinas e manipulação de células estão em andamento. “Para algumas patologias como linfomas e leucemias, já é uma realidade, a célula Car-T, por exemplo. O tratamento consiste em retirar e isolar os linfócitos T, ‘reprogramá-los’ para identificar células cancerígenas e depois inseri-los novamente no corpo Mas é importante lembrar que a estratégia apresentada nesta pesquisa ainda não foi testada em humanos”. (IA)
Surpresa positiva
“O estudo chamou muita atenção da comunidade científica e hematológica porque comparou a imunoterapia, no caso o nivolumabe, com ‘um pouquinho’ da quimioterapia AVD — que são três medicamentos, regime que até agora é considerado padrão no linfoma de Hodgkin O nivoAVD, nos dados preliminares iniciais, já se mostrou superior, mas é muito raro vermos um aumento na sobrevida, porque é uma doença que já tratamos com alta taxa de sucesso. conseguiu não apenas, mas também para tornar a taxa de sobrevivência ideal. Portanto, mostrar ganhos de sobrevivência quando já é alto com o tratamento padrão é muito mais difícil.
Phillip Scheinberg, líder de Hematologia da Beneficência Portuguesa (BP), em São Paulo
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
pan cred login
whatsapp download blue
bpc consignado
pague menos png
abara png
picpay baixar
consignado do auxílio brasil
empréstimo sem margem inss
inss credito
bpc loa