Os brasileiros esperam que o país seja protagonista no combate às mudanças climáticas e lidere a transição energética, afirma o estudo Eliminação progressiva dos combustíveis fósseis no Brasil, realizado pelo Instituto Climainfo por meio da plataforma Pollfish. A pesquisa, feita com 2 mil pessoas maiores de 18 anos, mostra que 64% dos participantes acreditam que o Brasil deveria caminhar no sentido de eliminar a produção e o consumo de combustíveis fósseis. A queima de hidrocarbonetos é apontada pelos cientistas como a principal causa do aquecimento global.
Além disso, 73% dos participantes acreditam que o combate às alterações climáticas deve ser uma prioridade do governo, e apenas 21% dizem que o país só deve agir depois de outros países fazerem a sua transição. Quase toda a amostra (97%) apoia o fim do desmatamento até 2030.
Incorretamente, 81% acreditam que o desmatamento é a principal causa das mudanças climáticas. Ainda assim, três em cada quatro entrevistados (72%) acreditam que as empresas que produzem combustíveis fósseis, como petróleo ou gás, podem ser responsabilizadas pelos extremos climáticos. Uma percentagem semelhante (71%) acredita que é possível parar de queimar combustíveis fósseis até 2050.
Petrobrás
Para 93%, a Petrobras – principal investidora em combustíveis fósseis do país – é essencial para a economia brasileira. Porém, a maioria (85%) entende que, para manter a liderança no mercado de energia, a empresa deve migrar para fontes renováveis antes dos concorrentes. Essa mudança deve ser imediata para 81% dos entrevistados.
Não enfrentar a emergência climática é visto como prejudicial para o país por 91% dos participantes. Oitenta e oito por cento apoiam que todos os novos carros, camiões e autocarros sejam movidos por energia limpa até 2035 e metade deles (50%) vê a energia solar como uma prioridade para o investimento governamental nos próximos cinco anos.
Além de presidir a reunião do G20, que começa nesta segunda-feira, o Brasil acaba de anunciar suas metas de redução de gases de efeito estufa na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Baiku (COP29). No documento, apresentado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, o país prevê a transição energética, porém, a falta de cronograma decepcionou organizações da sociedade civil.
Ousadia
O físico e ambientalista Delcio Rodrigues, diretor executivo do Instituto ClimaInfo, conta Correspondência que, embora a pesquisa não tenha abordado as metas climáticas brasileiras, os resultados “mostra claramente que os brasileiros querem que seu país seja um líder climático e, para isso, é preciso mais ousadia do que o que foi apresentado esta semana em Baku”.
Rodrigues considera que as novas medidas brasileiras trazem avanços interessantes. “Mas não estão alinhados com a meta de 1,5ºC que o Brasil, junto com as presidências da COP28 e da COP29, prometeu defender”, avalia.
Um dos compromissos do Acordo de Paris é limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC até ao final do século. “Diante da emergência climática que vivemos e que deixou um rastro de destruição e danos de norte a sul do Brasil, não há espaço para a bicicleta voltada ao mercado de carbono que, como todos sabemos, não reduzir as emissões. Não é mais possível colocar o lucro acima da segurança das pessoas e nossa pesquisa mostra claramente como os brasileiros reconhecem o risco climático em suas vidas”, afirma Delcio Rodrigues.
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