Durante muitos anos, a saúde foi um tema pouco discutido nas conferências da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC). Contudo, além do alerta dos cientistas, fenómenos extremos como ondas de calor, deslizamentos de terra, inundações e secas prolongadas não deixam dúvidas de que, nas suas decisões, os negociadores dos países participantes nas COP devem ter em conta os impactos do aquecimento global, como maior número de mortes por doenças cardiovasculares, ameaça de novas arboviroses e aumento de quadros infecciosos, entre outros.
Para os sistemas de saúde, as alterações climáticas são também um desafio e é necessário adaptar os serviços hospitalares. Essas questões foram abordadas na agenda da COP29, com relatórios divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por organizações não governamentais, como a Save the Children. O cirurgião do aparelho digestivo Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, esteve em Baku para acompanhar as discussões.
Nas enchentes que atingiram o Brasil no ano passado e em 2024, o Einstein enviou uma equipe de desastres, formada por médicos, engenheiros e profissionais de manutenção, que ajudaram no atendimento de pacientes e no reparo de equipamentos hospitalares. Em entrevista com Correspondênciaele alerta: “Os municípios brasileiros não estão preparados para catástrofes climáticas”.
Além dos efeitos mais óbvios, como as doenças, em que outros aspectos as alterações climáticas têm impacto na saúde?
As mudanças climáticas não contribuem apenas para a propagação de doenças, como foi o caso das enchentes no Rio Grande do Sul. Mas temos que ter em conta que as pessoas com os seus tratamentos de doenças crónicas, devido à interrupção dos cuidados de saúde e imunidade, ficarão desacompanhadas. Eles ficarão sem quimioterapia em caso de doença oncológica. Ao controlar uma doença respiratória, as condições não podem ser monitoradas. Além disso, os hospitais ficarão sobrecarregados, por exemplo, no que aconteceu com os incêndios aqui no Brasil, onde o fluxo de pacientes com problemas respiratórios aumentou significativamente. Precisamos garantir que esse serviço continue a ocorrer, garantir que a atenção secundária e terciária continue funcionando e para que isso aconteça o sistema de saúde deve ter um plano, inclusive para que as populações sejam notificadas sobre que tipo de atitude devem ter.
Como foi a atuação do Einstein nas enchentes brasileiras de 2023 e 2024?
A experiência do Einstein durante as enchentes contou com a ajuda da nossa equipe de desastres, formada por profissionais de saúde e profissionais de outras áreas. Eles possuem treinamento para lidar com situações de catástrofe, além de contarem com diversos voluntários da equipe multidisciplinar e médicos. Essa equipe está cada vez mais treinada e qualificada; Há uma reunião mensal onde publicam os trabalhos. Essa equipe seguiu para Canoas (RS), onde os hospitais foram fechados devido aos alagamentos. O Einstein conseguiu transformar uma unidade básica de saúde em pronto atendimento, trouxe equipamentos para isso e garantiu que o atendimento emergencial continuasse sendo prestado. Ao mesmo tempo, ajudou a recuperar hospitais e unidades que foram fechadas devido às enchentes, incluindo profissionais de manutenção, infraestrutura e engenharia.
O Brasil está preparado para lidar com os impactos climáticos na saúde?
Os municípios brasileiros não estão preparados para catástrofes climáticas. Tendo visto o que aconteceu no litoral norte no ano passado, e o que aconteceu agora no Rio Grande do Sul. Eu acho que esse é o chamado que a gente tem que ter, os sistemas de saúde têm que estar preparados, a infraestrutura preparada, a população fazer parte, também engajada com essas situações. Há também a formação de profissionais de saúde, que devem ser capacitados, como tem feito nossa equipe. Infelizmente, nem o Brasil nem qualquer país do mundo parecem preparados.
O tema principal da COP29 foi o financiamento para mitigação e adaptação. Como levar o assunto para o setor saúde?
Temos de apelar a que o financiamento seja feito correctamente, para que não seja tão escasso como tem sido. Estima-se que, de todos os investimentos multilaterais feitos para as alterações climáticas, apenas 2% sejam para a preparação dos sistemas de saúde. Quanto mais trouxermos à tona essa discussão, maior será a conscientização dos responsáveis pelo investimento.
Há tempo para o Brasil liderar essa discussão na COP30, que será realizada em Belém?
Esperamos que o Brasil seja um importante protagonista para a resiliência dos sistemas de saúde. Pela nossa experiência em Nova Iorque, durante a Semana do Clima, e agora na COP29, são poucas as organizações que chamam a atenção para esta questão. Até a COP30 temos que estar muito presentes para mudar o cenário, para que essa preparação ocorra de forma mais aberta.
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