A última rodada de negociações para um tratado global contra a poluição plástica começou em Busan, na Coreia do Sul. A conferência surge num momento crucial, pouco depois da conclusão insatisfatória da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29), em Baku, no Azerbaijão. “Este evento vai muito além da elaboração de um tratado internacional; é uma mobilização da humanidade diante de uma ameaça existencial”, disse Luis Vayas Valdivieso, diplomata equatoriano e presidente das negociações, durante a cerimônia de abertura.
Valdivieso destacou ainda que as decisões definidas nos próximos dias terão um impacto histórico. A poluição plástica é um problema de proporções globais, sendo a presença deste material detectada nas nuvens, nas fossas oceânicas mais profundas e em praticamente todas as partes do corpo humano, incluindo o cérebro e até o leite materno.
Embora haja consenso entre os representantes mundiais quanto à gravidade do problema, as soluções propostas ainda geram grandes discussões. As delegações presentes em Busan devem chegar a consenso sobre pontos delicados, como a limitação da produção de plásticos, a proibição de substâncias químicas nocivas e a definição de um sistema de financiamento para as ações que o tratado irá abranger.
A produção global de plásticos expandiu-se rapidamente. Em 2019, o planeta gerou cerca de 460 milhões de toneladas desses resíduos, o dobro da quantidade produzida desde o ano 2000, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Mais de 90% desses materiais não são reciclados e mais de 20 milhões de toneladas acabam anualmente no meio ambiente. Além disso, a produção contribui com 3% das emissões globais de carbono.
Durante as negociações, dois blocos de nações são destacados. Por um lado, a Coligação de Alta Ambição (HAC), que inclui países africanos, europeus e asiáticos, procura um tratado que cubra todo o “ciclo de vida” do plástico, desde a produção até à eliminação. Este grupo defende a imposição de metas globais para redução da produção e do desperdício de materiais, bem como mudanças no processo de fabricação para facilitar a reutilização e a reciclagem. No entanto, países como a Rússia e a Arábia Saudita, grandes produtores de petróleo, argumentam que o tratado se concentra exclusivamente na gestão de resíduos.
Essas divergências geraram um impasse nas quatro rodadas anteriores de negociações, o que resultou em um projeto inviável. Para superar o bloqueio, Valdivieso propôs uma versão alternativa, mais simples, focada em áreas de consenso, como o incentivo aos plásticos reutilizáveis. Esta abordagem encontrou inicialmente resistência por parte da Rússia, da Arábia Saudita e do Irão, mas estes acabaram por ceder, o que possibilitou que as discussões se baseassem neste novo modelo.
Com o relógio correndo contra o tempo, Valdivieso lembrou aos participantes que faltavam apenas 63 horas de trabalho para chegar a um acordo. Alguns analistas, no entanto, acreditam que as negociações poderiam ser prolongadas, especialmente depois dos atrasos nas recentes conferências das Nações Unidas (ONU) sobre clima e biodiversidade.
As organizações não-governamentais manifestam preocupação, temendo que a pressão para chegar a um acordo rápido conduza a um tratado frágil. O papel das grandes potências como os Estados Unidos e a China, que até agora não se posicionaram claramente a favor de nenhum dos lados, será crucial. A situação política nos Estados Unidos também acrescenta incerteza ao cenário. O regresso de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos levanta dúvidas sobre o nível de ambição do país nas negociações. “Os dois países, os EUA e a China, mostraram a sua vontade de avançar e iniciar negociações”, comentou Graham Forbes, diretor do Greenpeace, à AFP.
pan cred login
whatsapp download blue
bpc consignado
pague menos png
abara png
picpay baixar
consignado do auxílio brasil
empréstimo sem margem inss
inss credito
bpc loa