As princesas da Disney são muito conhecidas pelo seu “felizes para sempre”, porém, especialistas apontam que elas estariam expostas a sérios problemas de saúde se vivessem no mundo real. O alerta faz parte de um estudo publicado na edição de Natal da O BMJ. Os autores sugerem que a Disney poderia adotar estratégias de bem-estar, como práticas de mindfulness e medidas de proteção pessoal, para melhorar a qualidade de vida dos personagens e garantir que vivam uma vida saudável para sempre.
Branca de Neve é um exemplo de como a solidão afeta o corpo. Nas mãos da madrasta, ela tem interações sociais extremamente limitadas. Segundo especialistas, a falta de contato com outras pessoas “pode levar a doenças cardiovasculares, depressão, ansiedade e até morte prematura”. Embora a princesa dependa dos sete anões, a maçã envenenada é um lembrete de como a comida pode ser uma vilã.
Para os autores, o ditado “uma maçã por dia mantém o médico longe” falha “espetacularmente” neste caso. Jasmine, de Aladdin, também tem problemas de solidão, pois vive enclausurada no palácio. Embora Tiger Rajah seja seu único amigo, ele representa uma ameaça não apenas pela possibilidade de infecções zoonóticas, mas também por sua natureza instintiva, que pode resultar em ataques.
Segundo Rejane Sbrissa, psicóloga cognitivo-comportamental, o isolamento social na juventude, fase complexa de consolidação de valores e comportamentos, dificulta a criação de vínculos emocionais consistentes e a diferenciação da personalidade. “O isolamento social nesta fase — vi muito isso durante a pandemia — pode levar à depressão, ansiedade generalizada, angústia, falta de autoestima e perda de identidade. Além de prejudicar as relações interpessoais — familiares, românticas ou profissionais.”
A relação entre Bela e a Fera levanta preocupações. O contato frequente com a Besta poderia deixar a camponesa vulnerável a doenças infecciosas. Apesar da transformação da Fera em príncipe, que simboliza a redenção, os autores destacam que, no mundo real, “o contato com animais selvagens, mesmo em contexto de amizade, coloca em risco a saúde, principalmente no que diz respeito às doenças por eles transmitidas”.
Cinderela, por sua vez, enfrenta riscos pulmonares devido ao trabalho doméstico. A exposição constante à poeira e sujeira em casa, aliada ao uso de purpurina mágica pela fada madrinha – que, segundo os pesquisadores, “podem ser comparados aos microplásticos revestidos de alumínio” – são um problema. Esses produtos penetram no tecido pulmonar, o que levaria a Cinderela a desenvolver doenças. O estudo sugere que, em vez de um príncipe, ela precisaria de “terapia respiratória contínua” para manter a saúde.
Fraturas múltiplas
No caso de Pocahontas, o salto do penhasco que ela realiza é questionado. Com 252 metros de altura, uma queda não resultaria numa experiência mágica de harmonia com a natureza, mas sim numa “sinfonia de fraturas”, alertaram. O salto seria fatal, dada a altura e velocidade da queda, revelando os perigos de atividades físicas extremas e descuidadas. O sono infinito da princesa Aurora, da Bela Adormecida, resultaria em doenças cardiovasculares, derrames, obesidade e diabetes. O descanso prolongado causaria lesões por pressão e atrofia muscular.
Mulan, um guerreiro chinês que se finge de homem para salvar a nação dos ataques inimigos, seria afetado por problemas de saúde mental. A pressão constante sobre ela para “defender a sua honra” causaria sérios problemas psicológicos. As mulheres que enfrentam violência baseada na honra apresentam frequentemente níveis elevados de stress, ansiedade e depressão.
“Ser forçado a viver uma vida que não escolheu pode prejudicar significativamente a saúde mental”, alertaram os cientistas sobre Mulan. Rapunzel, com seus longos cabelos, teria problemas de cabelo. O estudo observou que puxar repetidamente provocaria alopecia por tração, causando dores no couro cabeludo, dores de cabeça e queda de cabelo. Segundo Fabiana Soares, pediatra e mestre em medicina de família e comunidade pela Fiocruz, a maioria das princesas da Disney enfrenta riscos à saúde, principalmente em relação à autoestima. “Vemos a importância de repensar e modernizar modelos e ao mesmo tempo valorizar a necessidade de uma narrativa mais inclusiva e realista em que as mulheres sejam empoderadas, reduzindo o risco de doenças, mesmo que seja num conto de fadas”.
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