Em artigo publicado no jornal Comunicações da Naturezacientistas anunciaram a descoberta do fóssil mais antigo de um terapsídeo — répteis que precederam os mamíferos modernos, tendo surgido antes da dominação dos dinossauros no planeta durante o período Jurássico. O fóssil do predador dente-de-sabre, semelhante a um cachorro, foi encontrado em Maiorca, ilha espanhola localizada no Mar Mediterrâneo.
Os terapsídeos não eram semelhantes aos mamíferos, mas tinham características que permitiam comparação, como um buraco nas laterais do crânio — que tinha a intenção de prender o músculo da mandíbula — e estruturas ósseas na mandíbula — que evoluiriam para ossos do meio. orelha, presente em mamíferos.
O fóssil encontrado ainda não tem nome nem espécie. O predador faz parte de um grupo chamado gorgonopsianos. Em comunicado, Ken Angielczyk, coautor do artigo e curador de paleomamalogia no Field Museum do Negaunee Integrative Research Center, explica sobre o grupo em questão: “Os gorgonopsianos estão mais intimamente relacionados com os mamíferos do que com qualquer outro animal vivo. Eles não têm descendentes modernos e, embora não sejam nossos ancestrais diretos, estão relacionados com espécies que foram nossos ancestrais diretos”.
Estima-se que os gorgonopsianos mais antigos tenham vivido há cerca de 265 milhões de anos. No entanto, os cientistas apontam que o fóssil encontrado data de 270 a 280 milhões de anos, o que o torna o mais antigo do planeta.
“O grande número de restos ósseos é surpreendente. Encontramos de tudo, desde fragmentos de crânio, vértebras e costelas até um fêmur muito bem preservado”, explica Rafel Matamales, curador do Museu Balear de Ciências Naturais (MUCBO), pesquisador associado do Centro de Pesquisa Integrativa e primeiro autor do estudo. “Na verdade, quando iniciamos esta escavação, nunca pensámos que iríamos encontrar tantos restos de um animal deste tipo em Maiorca”.
Com os ossos encontrados, os pesquisadores conseguiram reconstruir a aparência do animal e entender um pouco sobre sua vida. “Se você visse esse animal andando pela rua, ele se pareceria um pouco com um cachorro de tamanho médio, talvez do tamanho de um husky, mas não exatamente. Ele não tinha pelo e não teria orelhas de cachorro”, pontua Angielczyk. “Mas são os animais mais antigos já encontrados pelos cientistas, com dentes caninos longos e em forma de lâmina.”
A descoberta marca um passo muito importante para a compreensão do surgimento dos mamíferos, o que pode explicar a origem dos humanos.
“Antes da época dos dinossauros, houve uma era de antigos parentes dos mamíferos. A maioria destes antigos parentes dos mamíferos pareciam muito diferentes daquilo que pensamos que os mamíferos parecem hoje”, diz Angielczyk. “Mas eles eram realmente diversos e desempenhavam muitos papéis ecológicos diferentes. A descoberta deste novo fóssil é outra peça do quebra-cabeça de como os mamíferos evoluíram.”
Clique aqui e leia o artigo original do estudo.
*Estagiário sob supervisão de Roberto Fonseca
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