Idosos e pessoas em risco de queda estão sujeitos a sofrer de hematoma subdural crônico — caracterizado pelo acúmulo de sangue entre as camadas que recobrem as camadas do cérebro e das meninges — e, às vezes, a pessoa nem percebe o problema, pois nem sempre sente dor. A condição geralmente se desenvolve após uma forte pancada na cabeça, com traumatismo cranioencefálico.
A recente operação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar um hematoma subdural aumentou o interesse em alternativas menos invasivas e mais seguras para casos semelhantes, especialmente em pacientes idosos.
Método nacional
Uma opção é a Porta Subdural de Acesso por Agulha (Nasp), técnica criada pelo neurocirurgião brasileiro Wilson Asfora. O método considerado revolucionário permite que o procedimento seja realizado em poucos minutos, sem necessidade de craniotomia ou trepanação, e com recuperação muito mais rápida.
A técnica, desenvolvida há quase 20 anos e amplamente utilizada nos Estados Unidos, recebeu aprovação da FDA, agência sanitária norte-americana, e no Brasil é aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O aparelho começou a ser produzido no Nordeste e está sendo utilizado em hospitais da região. A ampliação do uso no país está sendo negociada com as operadoras de saúde e com o Sistema Único de Saúde (SUS).
Nasp
Nasp é um tratamento minimamente invasivo para hematoma subdural subagudo crônico, promove drenagem do hematoma e expansão cerebral sem entrar no espaço subdural. A técnica consiste na drenagem do hematoma subdural subagudo crônico através de uma incisão de 4 milímetros.
Segundo Asfora, enquanto a cirurgia aberta pode levar até duas horas, o Nasp permite que o mesmo procedimento seja concluído em apenas alguns minutos. A rapidez reduz não só os riscos associados ao tempo de operação, mas também os custos hospitalares.
“O procedimento pode ser realizado inclusive no quarto do paciente, em até 2 minutos e o paciente pode caminhar ou sentar quando desejar. Por outro lado, a craniotomia só pode ser feita na sala de cirurgia e quando é utilizado um dreno, ele é colocado em contato com o cérebro e se for exercida pressão negativa pode causar ressangramento e danos cerebrais.”
Indicação
Segundo o inventor da técnica, o Nasp é indicado em todos os pacientes com hematoma subdural subagudo e crônico e nos casos de hematoma subdural agudo quando não há centro cirúrgico ou neurocirurgião disponível, ou o paciente apresenta alto risco para anestesia geral.
“A técnica é especialmente recomendada em situações de emergência, pois o kit é portátil e pode ser facilmente transportado para qualquer local. Nos Estados Unidos, tem sido amplamente utilizado por intensivistas e médicos emergencistas quando não há neurocirurgião disponível”, disse o neurocirurgião.
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