A exposição ao chumbo pode ter prejudicado a cognição da população do Império Romano. Cientistas do Desert Research Institute (DRI), nos Estados Unidos, usaram registros de poluição do ar preservados em núcleos de gelo do Ártico para identificar períodos de poluição por chumbo em todo o Império Romano, agora o novo estudo ajuda a identificar como essa substância afetou as pessoas da época.
O estudo, publicado hoje em Anais da Academia Nacional de Ciênciasavaliou três registros de núcleos de gelo para identificar os níveis de poluição por chumbo no Ártico entre 500 AC e 600 DC. Este período abrange a ascensão da República Romana até a queda do Império Romano, mas o estudo se concentrou no apogeu de cerca de 200 anos do Império, chamado Pax Romana.
A análise permitiu identificar as operações de mineração e fundição em toda a Europa como a provável fonte de poluição durante o período. A modelagem computacional do movimento atmosférico produziu mapas dos níveis de poluição atmosférica por chumbo em todo o continente europeu. Combinado com pesquisas que ligam a exposição ao chumbo ao declínio cognitivo, a equipa identificou prováveis reduções nos níveis de QI de pelo menos dois ou três pontos entre a população da altura.
Segundo Amauri Godinho Jr. Neurologista do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, mesmo baixos níveis de exposição ao chumbo podem prejudicar o desempenho cognitivo em adultos. “A exposição na infância tem sido associada a mudanças estruturais no cérebro adulto, incluindo redução da área de superfície cortical e do volume do hipocampo. Níveis mais elevados de chumbo no sangue na infância também estão ligados a dificuldades de aprendizagem, distúrbios comportamentais, agressão e hiperatividade.”
Poluição milenar
Segundo a pesquisa, a antiga poluição por chumbo teve origem na mineração de prata, onde o mineral galena – rico em chumbo – foi derretido para extrair prata. Para cada quilograma de metal nobre obtido, milhares de chumbo eram liberados na atmosfera.
“À medida que a poluição por chumbo diminuiu nos últimos 30 anos, tornou-se cada vez mais evidente para epidemiologistas e especialistas médicos como o chumbo é prejudicial para o desenvolvimento humano”, disse McConnell.
Embora os registos retirados do gelo revelem que a poluição por chumbo no Ártico foi até 40 vezes maior durante o pico histórico mais alto no início da década de 1970, o estudo mostra como “os humanos têm impactado a sua saúde durante milhares de anos através da atividade industrial”, explicou McConnell. .
Segundo Godinho Jr., existem algumas alternativas para amenizar a intoxicação causada por essa substância, como os quelantes — substâncias que se ligam a outras que devem ser eliminadas. “Além disso, em modelos animais foi observado que o enriquecimento ambiental – contacto social, estímulos físicos, atividades regulares – pode melhorar o desempenho da aprendizagem e restaurar défices moleculares.
Outra frente de pesquisa terapêutica são os antioxidantes, como as vitaminas C e E, que podem reduzir o estresse oxidativo, quelar o chumbo e melhorar os níveis de enzimas antioxidantes. Além disso, os flavonóides, encontrados no chocolate, estão sendo estudados pela sua capacidade de mitigar a toxicidade do chumbo.”
Mais pesquisas
Porém, Celene Pinheiro, geriatra e presidente da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), considera que a relação entre a exposição ao chumbo e o desenvolvimento de demência é um tema complexo e objeto de pesquisas em andamento.
“Embora existam evidências científicas robustas que atestem a neurotoxicidade do chumbo, não é rotina solicitarmos medição de chumbo na investigação de demência, exceto se a pessoa tiver suspeita de exposição aguda ou ocupacional. Embora a neurotoxicidade do chumbo seja um facto estabelecido, a sua relação com o desenvolvimento de demência ainda requer mais investigação.”
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