Em 30 anos, a mortalidade por câncer de traqueia, brônquios e pulmão (TBP) caiu 8% nos 10 países mais populosos do mundo, incluindo o Brasil, onde houve uma queda de 18% para 15,8%, segundo estudo publicado em revista A Lanceta. Com base em informações de 1990 a 2019 do banco de dados Global Burden of Disease, a pesquisa indica redução nas mortes por tabagismo, que, no entanto, continua sendo a principal causa de morte pela doença. Os casos associados à poluição atmosférica aumentaram, assim como os relacionados com a exposição ao amianto.
“Esta pesquisa nos permite avaliar melhor as tendências globais e destacar áreas onde políticas de saúde pública e mais pesquisas são necessárias para abordar os cânceres de TBP”, explica o brasileiro Gilberto Lopes, autor sênior do estudo e chefe da Divisão de Oncologia Médica da Sylvester Comprehensive Cancer. Centro da Universidade de Miami. O câncer de pulmão é a principal causa de morte por doenças oncológicas no mundo.
O estudo concluiu que a percentagem de mortes por cancro de PTB relacionadas com o consumo de tabaco aumentou de 72% em 1990 para 66% em 2019, embora alguns países, como a China e a Indonésia, ainda registem um aumento da mortalidade. Além disso, a taxa global de mortalidade entre as mulheres aumentou 2%. Os homens, no entanto, representam três quartos das vítimas.
Campanhas
No Brasil, a mortalidade por câncer de traqueia, brônquios e pulmão caiu por todas as causas em três décadas, com redução de quatro pontos percentuais nas mortes por tabagismo. “O Brasil obteve estatísticas muito favoráveis nesse aspecto, mostrando que proibir fumar em locais públicos, em ambientes fechados, colocar campanhas anti-cigarro, principalmente na mídia e nas embalagens de cigarros, realmente faz a diferença, principalmente para a maioria dos jovens”, diz oncologista Igor Morbeck, da Oncoclínicas Brasília.
Os casos de morte por poluição passaram de 3,2% para 1,5%, queda impulsionada pela forte redução dos episódios associados à poluição doméstica (1,9% para 0,3%), embora em relação à poluição atmosférica não tenha havido alterações (1,5%) .
Globalmente, a poluição do ar é agora responsável por quase 20% da mortalidade global por cancro do PTB. O total de mortes relacionadas com poluentes diminuiu, mas as diretamente associadas a partículas finas suspensas na atmosfera (PM2,5) aumentaram 11%. Na China, a taxa foi o dobro da média mundial.
Evidência
“A associação entre a mortalidade por cancro do pulmão e a poluição atmosférica ainda é controversa, mas há um conjunto crescente de evidências de que existe uma ligação aqui que precisa de ser observada”, disse Estelamari Rodriguez, investigadora da Universidade de Miami e co-autora. do artigo. Ela apelou a políticas públicas mais fortes para lidar com a ameaça crescente. “O artigo fornece mais provas de que este não é um problema limitado a um país; é um fenómeno global.”
Uma conclusão do estudo é a necessidade de investigação contínua para compreender melhor os mecanismos que impulsionam o cancro da traqueia, dos brônquios e do pulmão, incluindo como vários factores de risco contribuem para alterações moleculares nas células cancerígenas. “Compreender todos estes factores de risco e como estão a afectar as alterações moleculares no cancro do pulmão é importante, porque assim poderemos ter uma medicina de precisão direccionada para os pacientes com base nos factores de risco que eles tinham”, diz o artigo.
Segundo os investigadores, os resultados também destacaram a necessidade de rever as actuais directrizes de rastreio focadas na exposição ao tabaco e aumentar o diagnóstico em pessoas mais jovens. “Atualmente, pacientes jovens com tosse raramente são considerados em risco de câncer de pulmão. Seus sintomas são muitas vezes ignorados, embora um rastreamento adequado possa detectar a doença mais cedo”, destaca Rodriguez.
Três perguntas para Igor Morbeck, oncologista da Oncoclínicas Brasília
Igor Morbeck, oncologista da Oncoclínicas Brasília
O que pode explicar a queda da mortalidade entre os homens, mas o aumento entre as mulheres?
Houve um fenómeno mundial, e isto vem acontecendo há décadas, com os homens diminuindo a taxa de tabagismo e as mulheres começando a fumar. Particularmente na viragem do século, isto reflectiu-se no aumento da incidência de cancro do pulmão nas mulheres. Há outro detalhe: as mulheres contraem cancro do pulmão relacionado com o tabagismo com muito mais frequência do que os homens, o que ocorre principalmente na Ásia, o que pode ser atribuído a mecanismos genéticos.
O que a redução da mortalidade por tabagismo no Brasil significa em termos de políticas públicas?
Todas essas campanhas e leis que ocorreram nos últimos anos levaram a uma redução no número de novos fumantes e de fumantes ativos que pararam de fumar. Este é um dado extremamente importante e que significa muito para a questão da saúde pública, pois o câncer de pulmão é um dos tumores mais caros para o sistema único de saúde. Mas temos um longo caminho a percorrer, porque em 70% dos casos o diagnóstico é de doença avançada. A redução do risco de morte ainda é pequena, mas em alguns aspectos é significativa e representa um grande passo para um melhor controlo desta doença.
Houve um aumento nas mortes associadas à poluição. Como a população pode se proteger?
No Congresso Mundial do Câncer de Pulmão, que aconteceu no final de 2024 em San Diego, um dos temas de maior destaque foi exatamente a poluição e o câncer de pulmão. Existem partículas no ar muito menores que um fio de cabelo, que são inaladas e depositadas nos pulmões. O ruim disso é que um indivíduo saudável, que nunca experimentou fumar ou qualquer outro fator de risco e que pratica atividade física, faz a lição de casa, se alimenta bem, mas mora em um grande centro urbano, começa assim a ter risco de câncer de pulmão. . Há preocupação, principalmente por parte da Organização Mundial da Saúde, de que a poluição seja em breve um dos maiores vilões em relação ao câncer de pulmão.
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