Objeto misterioso emite sinal a cada 390 minutos e intriga astrônomos

Em janeiro de 2024, o radiotelescópio australiano de Ska Pathfinder (ASKAP) descobriu um transitório de rádio de longo período-quase seis horas e meia, o período de rotação mais longo já registrado-chamado Askap J183950.5075635.0 (J18390756). Entre fevereiro e agosto daquele ano, o objeto foi observado 13 vezes – usando os telescópios Askap, Meerkat e ATCA.

Os objetos transitórios de rádio de longo período são novos na ciência, tendo sido observados pela primeira vez nos últimos 10 anos. Seus períodos são prolongados, com duração de 18 a 54 minutos, e a emissão de ondas de rádio tem uma periodicidade de 10 a 100 segundos.

Durante os intervalos, esses objetos exibem pulsos intermediários, sugerindo que a emissão de rádio é transmitida através de ambos os pólos magnéticos – algo extremamente incomum.

“Askap J18390756 compartilha várias propriedades com outros transitórios de rádio conhecidos de longo período, o que sugere um mecanismo comum de origem e emissão nessa classe de objetos”, relatou os autores do estudo no artigo publicado na revista Natureza.

Objetos misteriosos

A natureza exata desses objetos ainda não é conhecida, mas os astrônomos especulam que são altamente magnetizados anões brancos, estrelas de nêutrons ou magnetars. Quando observados pela primeira vez, os cientistas especularam que esses objetos poderiam ser motores de espaçonave alienígenas.

A hipótese de que é uma anã branca – uma estrela menor que os comuns – é considerada improvável. Além da emissão de rádio coerente nunca foi observada em anãs brancas, a força do campo magnético necessária para gerar emissão de rádio do objeto é muito maior do que a observada nas estrelas sugeridas.

Também há dúvidas sobre o objeto ser uma estrela de nêutrons, pois a luminosidade observada é muito maior que a luminosidade rotacional, sugerindo que ele não é alimentado apenas por rotação – como é o caso das estrelas de nêutrons.

Ainda muito recente para os cientistas, os magnetars são estrelas de nêutrons altamente magnetizadas, que podem transmitir esses pulsos, sendo a explicação mais plausível.

“A descoberta do Askap J18390756 poderia melhorar nossa compreensão da densidade populacional de transientes de rádio de longo período em estudos futuros, e a presença e as propriedades da emissão de interpulse poderia testar modelos teóricos de objetos compactos”, diz o artigo.

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* Estagiário sob a supervisão de Roberto Fonseca