As mulheres têm duas vezes mais riscos da doença de Alzheimer em comparação com os homens, e uma das explicações para o aumento da vulnerabilidade pode estar no metabolismo. Pesquisa de cientistas do Brasil e dos Estados Unidos publicados na revista Molecular da psiquiatria Identificou -se em pacientes do sexo feminino reduziu os níveis de uma molécula usada pelo corpo para obter energia. A descoberta pode levar à criação de um marcador biológico no sangue e, no futuro, ao desenvolvimento de novos medicamentos para combater a neurodegeneração.
Estima -se que 35 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de Alzheimer, a principal causa de demência em idosos. No Brasil, existem mais de 1,5 milhão de pacientes. O diagnóstico é clínico e também baseado em exames de imagem complexos. É possível identificar traços da doença com uma sequência de punção lombar, para avaliar o líquido cefalorraquidiano (LCR), o fluido que circula no cérebro e na espinha dorsal. No entanto, além de ser doloroso, a prática, quando serial, pode aumentar o risco de infecções. Portanto, o interesse em um teste de sangue capaz de detectar a neurodegeneração mais simplesmente.
O estudo foi realizado com dois grupos de voluntários, incluindo homens e mulheres, em testes no Brasil e nos Estados Unidos. Os resultados de um exame de sangue realizado em noventa e três pacientes com graus variados de comprometimento cognitivo foram comparados aos de 32 pessoas saudáveis. Os cientistas procuraram, na amostra, níveis de duas moléculas: acetil-l-carnitina e carnitina livre, este último implicado nas reações químicas essenciais à função cerebral.
Mecanismos
O biólogo Mychael Lourenço, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que recebeu apoio do Instituto Serrapilheira para este trabalho, explica que há 15 anos o grupo de pesquisadores em que ele participa dos mecanismos cerebrais que aparecem anos antes do Sintomas clássicos de Alzheimer, como o esquecimento. Segundo o cientista, a carnitina já é conhecida por desempenhar um papel importante no cérebro, especialmente nos casos de depressão e mudanças de humor. A partir desse conhecimento, as equipes brasileiras e americanas decidiram investigar se a molécula também teria implicações na Alzheimer.
“Já sabemos que há mudanças no metabolismo cerebral e corporal em pacientes com doença de Alzheimer”, explica Lourenço, um dos líderes do estudo, que, no Brasil, também teve cientistas do Instituto de Pesquisa e Ensino ( Ídoro). “A carnitina é uma molécula muito importante para o corpo usar a gordura como fonte de energia. Portanto, a gordura que comemos quando armazenada precisa da carnitina para ser quebrada, liberando energia para fazer nossas atividades, desde pensar em escrever, caminhar, respirar”.
Nos Estados Unidos, o grupo de pesquisador Carla Nasca, na NYU Langone Health (Nova York), mostrou que os derivados de carnitina, como a acetil-l-carnitina, também são importantes no cérebro para fazer regulação epigenética. “No final, ambos favorecem a função do cérebro, a comunicação entre neurônios, sinapses”, elucida Lourenço. “Portanto, a carnitina deve desempenhar esse duplo papel, não apenas ajudando no metabolismo, no uso de gordura, mas também facilitando a comunicação entre os neurônios”.
Gravidade
Para testar a participação de moléculas na doença de Alzheimer, os pesquisadores fizeram exames de sangue em pacientes e voluntários. Os resultados mostraram que os níveis livres de carnitina-o principal subproduto da acetil-L-carnitina nas funções cerebrais-foi significativamente menor em mulheres com neurodegeneração, e a gravidade da condição estava associada à quantidade de molécula. Nos homens, os declínios foram observados apenas em acetil-l-carnitina. As análises foram feitas no Brasil e nos Estados Unidos, permitindo uma grande representatividade no estudo.
De acordo com Thaís Augusta Martins, neurologista e especialista em Alzheimer, existem várias hipóteses pelo fato de a doença afetar mais mulheres. “Existem vários fatores que tentam explicar essa maior ocorrência nas mulheres, mas não é absolutamente definido qual é o fator mais importante ou decisivo”, diz o coordenador da neurologia do Hospital Santa Lúcia em Brasília. “Questões hormonais, genéticas e maior expectativa de vida são algumas das teorias levantadas”, diz ele. Para os Martins, novos estudos devem ser aguardados com um número maior de pacientes para incluir os níveis mais baixos de carnitina entre os fatores em potencial.
Expansão
Mychael Lourenço (foto acima), da UFRJ, destaca a necessidade de expandir o estudo de Azilheimer na população brasileira. “Hoje temos grupos de pesquisa aqui no Brasil, com grande capacidade de estudar pessoas, nossa própria população, e ainda precisamos financiamento. O Brasil está em uma situação que inspira cuidados, digamos, porque o número de casos de Alzheimer está aumentando muito , consideravelmente, e isso está acontecendo em vários outros países em desenvolvimento “, diz ele.
Para o pesquisador, além de indicar um potencial biomarcador sanguíneo da doença, o estudo com carnitina pode apontar a necessidade de diferentes abordagens no tratamento da neurodegeneração em homens e mulheres. “É algo para pensar no futuro”, diz ele.
Embora reconheça que a molécula possa, à frente, compor algum medicamento para aumentar o arsenal terapêutico de uma condição para a qual existem poucas opções, Lourenço ressalta que a pesquisa não sugere suplementação de carnitina. “As descobertas não significam que as pessoas, especialmente mulheres, nem com déficit cognitivo, precisam ser fornecidas com carnitina, muito menos o consumo de carne, o que é uma fonte importante”, alerta ele. “Isso realmente significa que esses podem ser alvos moleculares interessantes a serem estudados e testados”.
Duas perguntas para:
Leandro Oliveira, professor e médico em neurociências da Universidade Católica de Brasília (UCB)
Quais são as principais hipóteses para o fato de as mulheres serem mais suscetíveis à de Alzheimer?
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa multifatorial, e a maior suscetibilidade das mulheres parece estar associada a vários fatores biológicos e hormonais. Hoje, a principal hipótese de que envolve uma redução no estrogênio após a menopausa, uma vez que esse hormônio desempenha um papel neuroprotetor, modulando processos inflamatórios, metabolismo energético e produção de novas sinapses (conversa entre neurônios). É importante lembrar que diferenças genéticas, como a maior prevalência de alelo ApoE-4 nas mulheres, e os fatores ambientais epigenéticos, ou seja, também são investigados. Outro ponto que podemos destacar são as diferenças na longevidade: as mulheres vivem mais e, portanto, têm um risco maior de desenvolver a doença, que também está associada ao envelhecimento.
A carnitina pode ser um biomarcador de doença?
A carnitina é fundamental para o metabolismo da energia mitocondrial (para a célula produzir energia), e seu déficit pode comprometer o equilíbrio celular, agravar os processos neurodegenerativos. No entanto, o estabelecimento de uma relação causal ainda não é possível – é necessário entender se a redução da carnitina é um fator primário da doença ou apenas uma conseqüência do metabolismo cerebral alterado de Alzheimer alterado. Se confirmado, a carnitina pode ser um biomarcador relevante para a detecção precoce da doença em mulheres, combinada com marcadores bem estabelecidos e bem estabelecidos, como a presença de proteínas beta-amilóide e tau. Os biomarcadores metabólicos são promissores porque podem ser avaliados por testes mais acessíveis, o que facilitaria as estratégias de rastreamento e o tratamento clínico precoce.
pan cred login
whatsapp download blue
bpc consignado
pague menos png
abara png
picpay baixar
consignado do auxílio brasil
empréstimo sem margem inss
inss credito
bpc loa