Pesquisadores do Wexner Medical Center da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, colocaram em números o que muitas mães e pais sentem na pele todos os dias. Depois de entrevistar 1.005 pessoas em abril deste ano, eles chegaram aos seguintes dados: aproximadamente dois terços (66%) sentiram-se isolados ou solitários às vezes ou frequentemente durante as exigências da paternidade, aproximadamente 62% relataram esgotamento devido às responsabilidades relacionadas com os seus filhos , quase dois em cada cinco (38%) participantes relataram não ter ninguém para apoiar o seu papel como pais, e quase quatro em cada cinco (79%) gostariam de ter uma forma de se conectar com outros pais fora do trabalho e de casa.
A gerente de marketing e comunicação digital Leticia Ueoka, 45, é um exemplo. Ela mora em Niagara Falls, cidade a 130 quilômetros de Toronto, no Canadá, com o marido e dois filhos, Antonio, de 11 anos, e Valentina, de 5. Na empresa onde é contratada, todos trabalham presencialmente, mas, por ter Mudou de cidade, Letícia trabalha em esquema híbrido.
Além de vivenciar a solidão ligada à maternidade, ela relata sentir falta de um relacionamento mais próximo com os colegas de trabalho. Ser imigrante, neste contexto, é mais um grande desafio. “Tenho pena de não ter mais minha rede de apoio, formada pela minha família, por perto. Quando preciso de uma ajuda extra, tenho que acabar recorrendo aos vizinhos”, afirma a gestora.
Para encontrar um pouco de alívio, Letícia planeja fazer pausas na rotina para conversar com amigos que passam por situações semelhantes. “Me sinto acolhida, porque vejo que não sou a única que está passando por isso”, diz ela.
Rede de suporte
A falta de uma rede de apoio é um fator muito importante neste cenário. “Não é à toa que existe uma expressão que diz que é preciso uma aldeia inteira para criar um filho. Os pais, na verdade, precisam de uma rede de apoio e atenção que possa oferecer cuidado a eles também”, comenta Danielle H. Admoni, psiquiatra geral e de crianças e adolescentes, pesquisador e supervisor da residência em Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“No entanto, devido à maior participação das mulheres no mercado de trabalho, isso hoje se perdeu um pouco, pois tias, mães e vizinhas, que ajudavam, agora também têm rotinas profissionais próprias”, observa. O psiquiatra observa ainda que, hoje em dia, as pessoas vivem mais distantes umas das outras.
“As pessoas estão muito sozinhas física e emocionalmente nesta fase, que é permeada por muita insegurança e dúvidas. É também um período em que têm que abrir mão de muitas coisas na vida, o que é uma pena, porque quanto mais a gente se você tiver com quem trocar, melhor”, diz Danielle.
Culpa
Para Mônica Machado, psicóloga pós-graduada em psicanálise e saúde mental e fundadora da Clínica Ame.C, em São Paulo, o cansaço extremo, tão comum quando chega um filho, vem acompanhado de um grande sentimento de culpa. “Muitos acreditam que, para ser pai e mãe, é preciso ser um herói que saiba lidar com todas as demandas, como se já soubessem tudo sobre parentalidade”, analisa o especialista.
A pandemia perturbou ainda mais esta situação, pois as pessoas começaram a passar muito tempo em casa e uma grande parte começou a trabalhar exclusivamente remotamente. “Então, eles não almoçam com os colegas nem conversam com alguém tomando café, por exemplo, o que faz com que não haja troca pessoal, o que é fundamental para o ser humano. Isso dificulta o relacionamento, principalmente neste momento de fragilidade”, diz Danielle.
Além disso, nessa rotina do dia a dia, os pais têm ainda mais dificuldade em se desligar mentalmente da rotina doméstica, pois precisam lidar com as responsabilidades profissionais e familiares simultaneamente, o que resulta em mais sobrecarga.
Segundo os especialistas, todos esses fatores têm um enorme impacto na saúde mental e emocional dos pais, mas principalmente das mães. Afinal, muitas vezes são eles que acumulam mais tarefas e abrem mão da maior parte de suas necessidades para cuidar do filho. Além de todo o cansaço e falta de sono, sentem frustração, irritação, ansiedade, tristeza e até raiva, o que as prejudica em todos os seus papéis – mulher casada, amiga, profissional e, claro, mãe.
Se todas estas questões não forem tratadas adequadamente, podem causar problemas no emprego, nas relações com os parceiros, com o resto da família e também com os filhos, com os quais acabam por não ter muita paciência.
Importância da troca
Letícia, segundo especialistas, tem razão em conversar com amigas que enfrentam situações semelhantes para aliviar os fardos da maternidade. Na verdade, ter esse tipo de troca faz com que os pais vejam que não estão sozinhos e que, muitas vezes, suas dúvidas são iguais às do outro. Fora isso, eles conseguem perceber como outras famílias lidam com as mesmas questões, o que traz muito aprendizado.
“Ter amigos com experiências semelhantes acaba sendo uma forma de amenizar essa angústia, pois, quando se reúnem, compartilham histórias do cotidiano com o objetivo comum de apoio mútuo”, afirma Mônica.
Além de oferecer apoio em termos emocionais, esses grupos podem funcionar como uma rede de apoio para necessidades práticas do dia a dia, permitindo que um ajude o outro quando necessário, mesmo que com pequenas ações, como levar e buscar as crianças na escola ou contribuindo nas refeições em um dia complicado. Dessa forma, todos ficam menos sobrecarregados e se sentem melhor, o que é fundamental do ponto de vista individual e também pensando na criação dos filhos e na manutenção dos vínculos sociais.
A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
esiape sigepe
como liberar dispositivo bb no caixa eletrônico
picpay está fora do ar hoje
noverde é confiavel
bmg emprestimos consignados
bmg empréstimos consignados
empréstimo bmg consignado
emprestimo consignado bmg
empréstimo consignado bmg