Um estudo realizado pela Stellenbosch University e publicado originalmente na revista A conversa rompimentos românticos na vida de jovens adultos podem ser traumáticos.
A idade adulta “emergente” – entre os 18 e os 25 anos – é uma fase crítica no curso da vida, especialmente para o desenvolvimento da identidade. Os adultos emergentes não são adolescentes dependentes nem adultos independentes. Esta fase também é marcada pelo desenvolvimento do cérebro e pela formação de áreas associadas ao funcionamento cognitivo e emocional. Esse funcionamento auxilia o indivíduo a planejar, monitorar e executar seus objetivos.
Diante de toda essa formação, os jovens passam por diversos dilemas de vida nesta fase, onde é necessário optar por questões profissionais, educacionais e, claro, amorosas. Assim, o rompimento de um relacionamento amoroso pode ter um grande impacto. Após uma separação, as pessoas podem experimentar um desempenho acadêmico inferior, pensamentos intrusivos sobre o ex-parceiro e um luto intenso.
Uma das questões que pode tornar a situação mais traumática, segundo o pesquisador de Alberta, SJ van der Watt, é que os rompimentos entre os jovens são constantemente banalizados e vistos como um rito de passagem, mas devem ser levados a sério.
Os pesquisadores testaram a ideia de que rompimentos poderiam ser considerados um evento potencialmente traumático com base na definição do Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM-5), que classifica os níveis de transtorno de estresse pós-traumático.
A pesquisa
A pesquisa foi realizada com mais de 2 mil voluntários, que foram divididos em três grupos. No primeiro, 886 participantes que endossaram sintomas de estresse pós-traumático com base no rompimento mais traumático foram classificados no Grupo 1 (grupo de rompimento).
O Grupo 2 (grupo trauma) contou com 592 participantes que endossaram sintomas de estresse pós-traumático com base em um evento traumático definido pelo DSM-5, como agressão física e sexual. E 44 participantes que apresentaram sintomas de estresse pós-traumático com base na experiência mais estressante (por exemplo, mudança de casa ou divórcio dos pais) estavam no Grupo 3 (grupo controle).
Observação
Os cientistas questionaram um subconjunto de estudantes de cada um dos três grupos e realizaram exames cerebrais para descobrir quais áreas do cérebro foram ativadas em resposta aos estímulos da pergunta.
Trinta e seis participantes do Grupo Um (grupo de separação) avaliaram fotos de seus ex-parceiros; 15 participantes do Grupo Dois (grupo de trauma), que indicaram especificamente a agressão física ou sexual como seu evento mais traumático, classificaram fotos de agressão física ou sexual; 28 participantes do Grupo Três (grupo de controle) avaliaram imagens negativas em geral (como crianças brincando em água poluída).
Os voluntários tiveram sua ativação cerebral (aumento do fluxo sanguíneo) analisada. Os pesquisadores observaram níveis semelhantes de ativação quando os participantes do grupo de separação avaliaram imagens de seus ex-parceiros e quando os participantes do grupo de trauma avaliaram imagens de agressão física e sexual.
Influências externas
Os participantes do grupo de separação tiveram maior resposta emocional ao rompimento influenciada por questões como gênero, orientação sexual e religião. Especificamente, os participantes com orientação sexual minoritária e que relataram não serem religiosos relataram níveis mais elevados de angústia de separação.
Conclusão da pesquisa
Os resultados mostram aos pesquisadores que rompimentos românticos podem ser eventos potencialmente traumáticos para jovens adultos e podem ser vivenciados como uma ameaça à saúde mental. Portanto, o pesquisador de Alberta, SJ van der Watt, conclui que validar as experiências de rompimento como potencialmente traumáticas pode amortecer seus impactos negativos.
A investigação sugere que o tratamento centrado no trauma, como a terapia de exposição prolongada, pode ajudar os alunos, especialmente aqueles que não conseguem evitar sinais relacionados com o rompimento, como ver os seus ex-parceiros na aula ou nas redes sociais.
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