Cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália, anunciaram nesta quarta-feira (17/7) a descoberta de um anticoagulante comumente usado na medicina — a heparina — que pode ser aplicado como um antídoto acessível e eficaz para picadas de cobra. No artigo publicado na revista Medicina Translacional Científicaos pesquisadores apontaram que a descoberta poderia reduzir lesões e amputações, além de oferecer um tratamento mais acessível.
“Nossa descoberta poderia reduzir drasticamente os ferimentos horríveis causados pela necrose causada por picadas de cobra – e também poderia retardar o veneno, o que poderia melhorar as taxas de sobrevivência”, disse Greg Neely, autor correspondente do estudo e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Sidney.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que entre 4 milhões e 5,5 milhões de pessoas são vítimas de picadas de cobra anualmente, resultando em 81 mil a 138 mil mortes devido a complicações decorrentes de envenenamento. No Brasil, o Instituto Butantan lidera a produção de soros antivenenos, essenciais para neutralizar os efeitos das picadas de cobras venenosas.
Cada tipo de soro é desenvolvido especificamente para o veneno de um gênero de cobra. Porém, como as cobras não são nativas do Brasil, o antídoto para suas picadas não é produzido localmente. Para garantir a segurança dos profissionais que lidam com essas cobras, o Instituto Butantan importa um número limitado de ampolas de antiveneno para uso em emergências.
Noutros países, as cobras naja são responsáveis por milhares de mortes anualmente e cerca de cem mil pessoas sofrem lesões graves causadas por necrose – morte de tecidos e células – devido ao veneno, muitas vezes resultando em amputações. O tratamento antiveneno atual é caro e ineficaz no tratamento da necrose no local da picada.
“As picadas de cobra continuam a ser as mais mortais das doenças tropicais negligenciadas, afectando principalmente as comunidades rurais em países de baixo e médio rendimento”, alertou Nicholas Casewell, chefe do Centro de Investigação e Intervenções sobre Picadas de Cobra da Faculdade de Medicina. Tropical de Liverpool, que também participou do estudo.
A pesquisa utilizou a tecnologia CRISPR, ferramenta de edição de DNA, para identificar genes humanos essenciais para a ação do veneno de cobra, com foco nas enzimas necessárias para a produção de heparina. Isto permitiu aos cientistas adaptar a heparina e moléculas relacionadas como um antídoto eficaz contra a necrose causada por picadas de cobra.
Em 2019, os investigadores utilizaram uma abordagem semelhante para identificar um antídoto para o veneno de uma espécie de água-viva. Atualmente, eles estão focados no desenvolvimento de antídotos para picadas de cobra negra australiana. “Nossas descobertas são promissoras, pois os antivenenos atuais são amplamente ineficazes contra envenenamentos locais graves, o que resulta em inchaço doloroso e progressivo, bolhas e necrose dos tecidos ao redor do local da picada”, disse Nicholas Casewell.
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