Do campo aos tribunais é o título do livro infantil, lançado na semana passada, que conta a história de Fábio Esteves, que, através dos estudos, saiu do interior de Mato Grosso do Sul para se tornar juiz do Tribunal de Justiça de Distrito Federal e Territórios, em Brasília. De origem pobre, Fábio nasceu e passou a infância em uma fazenda na zona rural de Chapadão do Sul, onde seu pai trabalhava como capataz e sua mãe exercia tarefas domésticas. Ao atingir a idade escolar, foi graças ao pai que começou a frequentar a escola, dando o primeiro passo para se tornar juiz.
“Meu pai era analfabeto, porém valorizava muito a educação. Quando chegou à minha idade escolar, conseguiu mobilizar a comunidade para que os políticos e os próprios moradores ajudassem a montar uma escola rural multisseriada. , claro, foi uma virada na minha vida. Meu pai, mesmo sendo analfabeto, não conseguia conceber a ideia de seus filhos não irem à escola. Isso o coloca à frente de seu tempo, como alguém que era um. visionário. Na minha família, muitos dos meus primos não tiveram oportunidade de estudar. Mas meu pai não aceitava que isso acontecesse conosco”, conta Fábio.
A escola, localizada a 23 quilômetros da fazenda onde moravam, era precária. “A professora fazia o almoço, limpava a escola e também dava aulas. Houve momentos em que não podíamos ir à escola todos os dias e por isso eu e meus irmãos fomos obrigados a morar lá por um período de tempo”, explica. Após concluir o ensino fundamental, a família decidiu mudar-se para a cidade para que os filhos pudessem continuar os estudos. “Quando terminamos o ensino fundamental, alguns parentes disseram que estava tudo bem. Meu pai, porém, disse que não. Ele deixou um emprego de 10 anos na fazenda para garantir que teríamos acesso à educação, mesmo que isso gerasse muita resistência e preocupação”, relata o juiz.
Assim, na década de 90, a família mudou-se para uma cidade do interior. O pai chegou sem garantia de emprego, comprou um terreno emprestado e construiu uma casa simples. Pouco depois ele faleceu, piorando a situação da família de Fábio. Sua mãe, viúva aos 26 anos e com três filhos, enfrentou momentos difíceis, tornando-se dependente de doações. Aos 15 anos, Fábio ingressou no programa Menor Carente do Banco do Brasil, o que lhe permitiu continuar os estudos. Com muita determinação, concluiu o ensino médio e depois passou pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, onde iniciou sua trajetória acadêmica.
“Foi no ensino médio que escolhi minha profissão. Quando li sobre docência em uma feira de carreiras, isso me chamou a atenção e decidi que era isso que queria fazer. foi Tem a ver com o que vivi. Eu era uma criança muito consciente do que acontecia ao meu redor, principalmente da vida difícil que meus pais enfrentavam na fazenda. Essa experiência despertou em mim um forte senso de justiça”, explica. o juiz.
Logo após se formar, Fábio se dedicou aos estudos para o concurso de juiz e foi aprovado. Atualmente ocupa o cargo de juiz instrutor no gabinete do ministro Edson Fachin, no Supremo Tribunal Federal (STF). Além da atuação no Judiciário, o juiz desenvolve ação social no Distrito Federal, que oferece formação cidadã a jovens carentes em escolas públicas, o Fala Direito. Ele também eleva a agenda da igualdade racial e a defende com firmeza e comprometimento. Esteves foi premiado no “Desafio de Liderança Pública Negra” pela cocriação do Encontro e do Fórum Nacional de Juízes Negros. Desde 2017, o evento reúne magistrados para discutir o racismo no Judiciário e promover políticas que aumentem a presença de juízes negros, que atualmente representam apenas 12% do total.
Sobre o livro
A ideia foi da editora Turminha do Bem, que convidou a autora Claudine Bernardes para escrever o livro. A proposta foi criar uma história inspiradora sobre esperança e combate ao preconceito racial, baseada na vida do juiz Fábio Esteves. O objetivo é transmitir às crianças a importância de enfrentar desafios e perseguir sonhos com trabalho e determinação. O livro procura ensinar que, apesar das dificuldades, é possível superar obstáculos e chegar a um final cheio de esperança.
“Foi um processo lindo de criar os livros. Além da biografia do Dr. Fábio, ouvi diversas entrevistas para entender suas dores e motivações. Escrevi dois textos: um mais curto para crianças pequenas e outro mais longo para o ensino fundamental, ambos com prosa poética para despertar respeito e resiliência nas crianças. As ilustrações de Alex Seymour Batista complementaram o trabalho de forma sensível e estamos muito felizes com o resultado”, afirma Claudine.
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