Inteligência Artificial, criptomoedas e tokens estão atualmente em destaque. A popularização destas novas tecnologias abriu portas para oportunidades sem precedentes, mas também trouxe à luz riscos emergentes, especialmente no que diz respeito a questões éticas, responsabilidade algorítmica e privacidade. Neste contexto, o direito digital tornou-se uma tendência no mundo jurídico, pois a crescente influência destas ferramentas trouxe novos desafios jurídicos, exigindo uma abordagem especializada. O advogado Matheus Puppe, 35 anos, percebeu cedo essa oportunidade de negócio.
“As empresas que entram nestes setores assumem muitos riscos, pois muitas vezes trabalham em ambientes ‘regulamentados’. As tecnologias emergentes oferecem não apenas oportunidades inovadoras, mas também desafios regulatórios complexos e em constante evolução. Nosso papel é ajudar as empresas a navegar neste intrincado cenário jurídico , garantindo que suas operações estejam em conformidade com a legislação nacional e internacional, na perspectiva da análise de risco”, explica Matheus.
Nascido e criado em Belo Horizonte, Matheus sempre foi um entusiasta de tecnologia e negócios internacionais, optando por estudar Direito devido à sua paixão pela leitura e pela escrita. Ingressou na Universidade Federal de Ouro Preto e, nos primeiros anos de estudos, ganhou uma bolsa de pesquisa em direito internacional. Após dois anos, retornou à sua cidade natal para continuar seus estudos na Faculdade Milton Campos, graças a uma bolsa de monitoria. “As oportunidades de estágio eram escassas em Ouro Preto e a UFMG estava em greve”, explica o advogado.
Durante sua graduação, Puppe estagiou no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e nos escritórios Chenut Oliveira Santiago e Madrona Fialho, em áreas relacionadas à tecnologia e com abordagem internacional. “Sempre trabalhei enquanto estudava, em funções que iam de lenhador a vendedor de automóveis. Conciliar trabalho e estudo desenvolveu em mim um senso prático aliado à teoria, que me trouxe até onde estou hoje”, afirma. Seu trabalho de conclusão de curso abordou o impacto do Bitcoin no Direito, o que marcou o início de sua trajetória acadêmica voltada para tecnologia.
Antes de se formar, Matheus conquistou bolsas de mestrado em todo o mundo. “Algumas opções eram inviáveis financeiramente, como Oxford, então escolhi a Universidade Goethe, em Frankfurt, na Alemanha, por uma combinação de fatores financeiros e acadêmicos. Minha esposa e eu nos preparamos e economizamos durante dois anos para tornar isso possível, e valeu a pena.” , conta. Nesse período direcionou seus estudos para a área de tecnologia e compliance digital, atuando nos escritórios Gleiss Lutz e Noerr na Alemanha, com o mesmo foco.
Além do mestrado, Matheus se especializou em áreas estratégicas como Inteligência Artificial na Universidade de Estocolmo, na Suécia; Big Techs na Universidade Libre de Bruxelas, Bélgica; casos globais na Universidade Masaryk, República Tcheca; e arbitragem internacional na Universidade Goethe. Esses treinamentos proporcionaram-lhe uma visão ampla e internacional de temas emergentes no direito digital. “A carreira acadêmica impulsionou minha trajetória, pois aprendi a questionar tudo de forma profunda e a pensar fora da caixa do direito tradicional. Isso me ajudou muito. Trabalhei em grandes casos e tive acesso a áreas do direito até então desconhecidas”, comemora o advogado.
Logo depois iniciou seu doutorado, também na Universidade Goethe, com foco em proteção de dados. “Na altura, trabalhava para uma grande empresa farmacêutica quando entrou em vigor o projeto de proteção de dados e identidades dos cidadãos da União Europeia, o RGPD. apaixonado por isso mudei o foco do meu doutorado para acomodar esse tema”, explica.
Paralelamente à carreira acadêmica, fundou remotamente seu escritório no Brasil, M. Puppe & Associados, em parceria com outros profissionais. “Assim que me formei, já assumi alguns casos por conta própria. Paralelamente a tudo isso, comecei a construir meu escritório remotamente, mas na verdade formalizei em 2021”, explica. O advogado também trabalha no Ecija, escritório europeu com forte presença na América Latina, que possui 57 escritórios em 18 países e mais de 750 profissionais ao redor do mundo.
Matheus mudou-se para Brasília em 2022. Inicialmente, o plano era passar apenas um mês na capital para auxiliar um cliente em um projeto de tokenização. “Brasília se tornou a melhor experiência. Tive muitas oportunidades em diversas frentes, inclusive a honra de auxiliar na CPI dos criptoativos e atuar como perito na Comissão Especial de Direito Digital e na Frente Parlamentar de Influência Digital, além de atuar como DPO da OAB Federal”, comemora. Atualmente, o advogado integra o Comitê de Integridade do CNJ (CINT) e o Fórum de Inovação da EMERJ, onde também leciona.
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