A Lei Eleitoral e as resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabelecem prazos específicos para apresentação das contas dos políticos e candidatos à Justiça Eleitoral. Contudo, mesmo passados esses prazos, as despesas de campanha permanecem em pauta no debate político, dada a sua relevância para a sociedade, principalmente pelos elevados recursos públicos envolvidos no processo eleitoral.
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A discussão ganhou ainda mais destaque devido aos R$ 4,9 bilhões destinados ao fundo eleitoral e aos R$ 1,2 bilhão destinados ao fundo partidário. Trata-se de um valor significativo, que reforça a necessidade de uma gestão rigorosa e responsável. Com o aumento do valor em relação aos R$ 2 bilhões das eleições municipais de 2020, cresceu também a importância de mecanismos de controle eficazes para garantir o uso correto do dinheiro público, de acordo com os limites estabelecidos pela legislação. Estima-se que as despesas eleitorais em 2024 poderão chegar a R$ 6 bilhões.
Desde 2014, as regras que regem as eleições incorporaram a participação obrigatória dos profissionais de contabilidade na prestação de contas, um avanço essencial para preservar a integridade do processo democrático.
A inclusão destes especialistas representou um marco na profissionalização dos procedimentos eleitorais, contribuindo para a melhoria do processo e permitindo maior transparência no registo e auditoria do financiamento de campanha. Os profissionais de contabilidade assumiram a responsabilidade de administrar as finanças das campanhas e atuar como consultores de candidatos e partidos, garantindo o cumprimento das regulamentações e fiscalizando as despesas.
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) tem desempenhado papel crucial na capacitação dos cerca de 520 mil profissionais do país para enfrentar com excelência os desafios das contas eleitorais. Iniciativas como o Seminário Nacional de Contabilidade Eleitoral e Partidária e a publicação da obra “Contabilidade Eleitoral: Aspectos Contábeis e Legais – Eleições 2024” são exemplos de ações que visam o fortalecimento da categoria.
As atribuições dos profissionais de contabilidade no contexto eleitoral vão além da mera prestação de contas, que, nesta eleição, atingiu a marca de 441 mil inscrições. Esses profissionais são agentes de controle social, responsáveis por monitorar as movimentações financeiras de partidos e candidatos. As suas ações contribuem para garantir que as campanhas sejam conduzidas com rigor e que todos os envolvidos no processo atuem como guardiões do Estado Democrático de Direito.
Para aprimorar ainda mais esse papel, o CFC abriu consulta pública sobre a minuta da Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) TPE 01, que trata da contabilidade aplicada a partidos políticos e eleições. Prevista para entrar em vigor em 2025, a norma visa simplificar e uniformizar a prestação de contas relativa à arrecadação e aplicação de recursos provenientes de fundos partidários e eleitorais.
A NBC TPE 01 propõe uma estrutura específica de demonstrações financeiras e planos de contas que organizam as receitas e despesas partidárias e eleitorais, distinguindo claramente as atividades regulares de campanha. Essa distinção permitirá uma prestação de contas mais detalhada e ajustada às demandas da Justiça Eleitoral e dos órgãos fiscalizadores, além de facilitar o acesso a informações precisas sobre a origem e aplicação dos recursos. A padronização promoverá maior transparência e segurança no processo eleitoral, beneficiando todos os envolvidos: contadores, advogados, técnicos da Justiça Eleitoral e sociedade em geral.
No cenário atual, em que a credibilidade das instituições é constantemente questionada, a atuação ética e transparente dos cerca de 35 mil contadores responsáveis pelo cumprimento das despesas eleitorais é ainda mais relevante. A responsabilização justa é fundamental para garantir eleições limpas – um passo crucial para o desenvolvimento sustentável da nação.
Com a consolidação da contabilidade eleitoral como ferramenta indispensável à governança de campanha, o Brasil avança na construção de um sistema eleitoral cada vez mais sólido, que alinhe a correta aplicação dos recursos públicos com a confiança da sociedade nos poderes que a representam.
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