Por Cirlene Carvalho Silva*
A grilagem de terras é um crime que, além de afetar diretamente a economia, traz profundas consequências no contexto social, ambiental e jurídico do Brasil. Em 19/11/2024, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou a Operação Pantsir, que investigou a existência de organização criminosa envolvida na exploração ilegal de terras loteamento no Lago Norte.
A grilagem de terras é um problema antigo no Brasil. Além de afectar o ambiente e a ordem jurídica, tem impactos profundos na segurança e estabilidade de comunidades inteiras. Este ato caracteriza-se pela divisão ilegal de terras públicas ou privadas, com consequências que vão muito além do crime ambiental.
A venda de terras públicas é considerada crime pela Lei de Crimes Ambientais. Muitas vezes, outras infrações, como falsificação de documentos e fraudes no processo de negociação, são identificadas, tornando ainda mais complexa a repressão à prática.
O caso ocorrido no Distrito Federal, por exemplo, evidencia como a grilagem de terras pode se disfarçar como um processo legítimo de loteamento e venda de terras, gerando a falsa impressão de que os imóveis estão regularizados e prontos para serem adquiridos. Esse artifício é utilizado para enganar potenciais compradores, levando-os a acreditar que estão adquirindo imóveis com a documentação em ordem, quando, na verdade, são vítimas de um crime de grave repercussão. Neste contexto, é crucial a adoção de medidas de sensibilização para prevenir novas fraudes, proteger os direitos dos cidadãos e combater este tipo de organização criminosa.
Alguns cuidados podem ser tomados para evitar a grilagem de terras, como solicitar a certidão de gravames reais, documento emitido pelo Cartório de Registro de Imóveis, que revela informações sobre a titularidade do imóvel e eventuais gravames, como hipotecas ou penhores, além de registrar pendências jurídicas na área. Caso o imóvel apresente situação irregular, o comprador deverá solicitar ao vendedor toda a documentação que possa comprovar o histórico do imóvel.
A conferência das escrituras públicas relativas ao imóvel, mesmo que não registradas, também é uma medida importante. Embora a escritura, por si só, não legitime o imóvel sem o devido registro, ela pode fornecer informações relevantes sobre a cadeia de transações e os envolvidos na negociação.
Porém, para quem foi vítima de grilagem de terras, as medidas a serem adotadas são diferentes. A primeira ação é registrar um Boletim de Ocorrência (BO) na delegacia, denunciando a fraude e invasão, caso tenha ocorrido.
Além disso, o apoio de um advogado especializado em direito imobiliário é fundamental neste momento, pois ele poderá orientar o comprador sobre seus direitos legais e ajudá-lo a anular documentos fraudulentos, buscando reparar os danos causados pela fraude.
Os impactos sociais da apropriação de terras são profundos. A prática também contribui para o agravamento dos conflitos fundiários, da violência e da insegurança nas áreas urbanas e rurais. Além disso, a desflorestação e a degradação ambiental, muitas vezes associadas à apropriação de terras, causam danos irreparáveis ao ambiente. O uso ilegal da terra para atividades como a agricultura predatória e a exploração madeireira insustentável destrói habitats naturais, afeta a biodiversidade e intensifica os efeitos das alterações climáticas.
Para combater eficazmente a apropriação de terras, diversas estratégias podem ser adotadas. A melhoria do sistema de registo predial, com a implementação de sistemas mais transparentes e seguros, é uma dessas estratégias, dificultando a falsificação de documentos. A fiscalização rigorosa, com aumento do número de pessoal e recursos dos órgãos responsáveis, também é crucial para garantir a aplicação eficaz da legislação.
Ao mesmo tempo, campanhas educativas são essenciais para alertar a população sobre os riscos. A utilização de novas tecnologias, como satélites e drones, pode ser uma ferramenta valiosa na monitorização e deteção precoce de atividades ilegais.
Finalmente, é necessário um esforço coordenado entre o governo, a sociedade civil e as comunidades locais para criar políticas públicas eficazes para combater a apropriação de terras. O desenvolvimento de políticas de gestão sustentável do território, que incentivem o uso responsável e protegido das áreas, garantindo a preservação ambiental, é um passo fundamental.
*Advogado e coproprietário de Carvalho & César Advogados Associados. Conselheiro da OAB da Subseção Taguatinga/DF
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