Após 18 anos sem lançamentos a banda sueca The Hives voltou em 2023 com um novo álbum A morte de Randy Fitzsimmons e agora chega a 2024 com Lex Colmeias, quinto trabalho de estúdio. Com dois álbuns fresquinhos no streaming, o grupo decidiu sair em turnê com parada obrigatória no Brasil. Porém, desta vez, em dobro, pois já vieram no ano passado e se preparam para outro show, em outubro deste ano.
A banda, que vem ao país desde que tocou na Arena Futebol Clube, em Brasília, em setembro de 2008, aproveitou e decidiu fazer a turnê duas vezes pelo país. O novo álbum estreou no Primavera Sound em 2023 e voltou para repetição no Popload Gig, ambas apresentações em São Paulo. “Tem sido muito divertido. Tentamos voltar ao país o máximo possível, é sempre muito legal, desde a primeira vez que pisamos lá”, diz Howlin’ Pelle Almqvist, vocalista do Hives.
Para o Correspondência, o cantor e guitarrista e irmão, Nicholaus Arson, comentou o quão intensa é a relação com o país. “O público é muito enérgico e expressa o amor que sente”, explica Pelle. Sem muitos compromissos, a banda não se importa em tocar duas vezes no país em menos de um ano, já que a primeira foi em um festival e a segunda será um show solo. “Sempre que tivermos oportunidade, e fizer sentido, voltaremos ao Brasil”, acrescenta.
O grupo acompanha o país pelas redes sociais e afirma que virou piada entre eles e bandas amigas quantas vezes a frase “vem para o Brasil” aparece em comentários de postagens nas redes sociais. “É uma boa estratégia, porque os empreiteiros veem e nos ligam. Se quiserem dizer: ‘feche com o The Hives’ para os produtores, será melhor ainda para nós”, brinca Nicholaus.
Chama a atenção o fato da banda ser sueca, cantar em inglês e ainda fazer sucesso na América Latina. No entanto, a música não tem fronteiras. “Rock n’ roll é algo universal, não tem nada a ver com linguagem. Eu já adorava rock em inglês e até espanhol antes mesmo de saber falar uma palavra em outras línguas”, ressalta o vocalista, que menciona a obsessão musical da Infância e Juventude. “Eu era louco por Little Richard sem ter ideia do que ele estava falando, na verdade, não importava o que ele dissesse, eu continuaria adorando.”
Rock e festa são ponto de convergência entre o The Hives e os brasileiros, talvez por isso a banda faça seu décimo primeiro show em cinco passagens diferentes pelo país. “Temos o amor pelo rock n’ roll em comum com o público brasileiro”, diz Pelle.
Muita energia
The Hives se formaram em 1993, mas tiveram seu álbum de estreia, Barely legal, apenas em 1997. Atualmente, os suecos contam com mais de 2 milhões de ouvintes mensais, fãs que começaram a acompanhar a banda principalmente a partir de 2000, quando o álbum Veni Vidi Viciosotrabalho que tem o maior sucesso na discografia da banda até o momento: a faixa Odeio dizer que eu te aviseique já acumulou mais de 200 milhões de reproduções nas plataformas.
Além de Pelle nos vocais e Nicholaus na guitarra, a formação atual da banda inclui Vigilante Carlstroem, também na guitarra; The Johan and Only, no baixo; e Chris Dangerous, na bateria. Todos eles usam nomes fictícios e têm uma personalidade roqueira no palco.
Mesmo com todo o tempo que passou, já que nenhum trabalho longo foi lançado desde 2006, a banda optou por não amadurecer para manter a chama acesa. “O que tentamos fazer não foi amadurecer, se você voltar depois de 10 anos com um álbum maduro é muito chato. Para nós parecia certo voltar menos maduro”, observa Pelle.
Os irmãos lembram que não existiam outras bandas como eles quando começaram. Portanto atribuem à própria criatividade uma faísca que se acendeu no garage rock no início dos anos 2000 com uma geração liderada pelos Strokes mas que veio com nomes como Queens of The Stone Age e The White Stripes e influenciou os mais recentes Arctic Monkeys e Franz Ferdinand.
Há mais de 20 anos de grandes sucessos, numa posição experiente no cenário, as necessidades são as mesmas dos jovens. “Tem que continuar sendo divertido, cansativo e aquecer o coração”, diz Nicholaus. “Perguntar se ainda gostamos de viver esta vida é como perguntar se ainda gostamos de comida, as coisas que eram deliciosas quando eu tinha 3 anos ainda serão deliciosas quando eu tiver 90”, acrescenta Pelle.
Para Hives, o rock é essencial para viver, a música que tocam é um amor que nunca se cansa. “Sexo ainda é bom, rock ainda é legal, café ainda é bom e não canso de cerveja depois de mais de 30 anos bebendo”, brinca. Porém, apesar do ímpeto juvenil, a banda aproveita ao máximo. “São coisas atemporais, sempre serão boas”, finaliza Pelle.
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