Poetas, romancistas e cronistas representam a literatura feminina na Biblioteca Nacional de Brasília neste sábado (8/3) com a Mostra Mulherio das Letras DF. Aberto ao público, o encontro apresenta produções literárias e debates sobre a difícil experiência de ser presença feminina nesse segmento cultural. A participação de 120 escritores já foi confirmada no chat representativo.
A conversa reunirá Rosângela Vieira Rocha, Nôra Pimentel, Beth Fernandes e Yasmin, mediada por Cris Reis, sob o tema Mulheres, autoria e tecidos das (a)manhãs. Uma grande exposição de obras publicadas por autores locais também estará presente. O encerramento do evento será um sarau tendo a poesia como lugar de fala.
Mulherio das Letras DF é um coletivo literário criado em 2017 sob inspiração da escritora Maria Valéria Rezende. Nestes sete anos, o coletivo já conta com cerca de 8 mil mulheres da cadeia literária em todo o Brasil e em alguns países europeus e nos Estados Unidos e realizou inúmeras publicações individuais e coletivas. As idealizadoras Ana Rossi, Nara Fontes, Nilva Souza, Custódia Wolney e Beth Fernandes autodenominam-se cinco poetisas e uma ideia.
Jornalista, poetisa e integrante do coletivo, Beth Fernandes relata que o quinteto percebeu a falta de um movimento em Brasília que fortalecesse a união das mulheres na literatura. Para dar visibilidade aos escritores do DF, o coletivo idealizou o evento: “A invisibilidade histórica a que as mulheres foram submetidas na literatura — como nas outras artes — é ainda agravada pelo fato de estarmos longe do Rio e de São Paulo, que sediam o grande editoras e os mais importantes prêmios literários.”
Beth destaca que Brasília tem uma produção literária incrível, com muitas mulheres escrevendo poesias, crônicas, romances, livros infantis e algumas editoras alternativas. “Um evento como este mostra que existimos e que somos muitos. Levantamos a produção literária de todo o país, que simplesmente ignorou o Distrito Federal”, argumenta.
O bate-papo contará com a presença de escritores negros e indígenas para discutir o que significa ser escritor e como contribuir para um futuro mais inclusivo. “A invisibilidade das mulheres na literatura é histórica. Num passado não tão distante, as mulheres só publicavam usando iniciais ou pseudônimos. O máximo que conseguiram foi publicar livros ou romances infantis para meninas”, expõe Beth.
O escritor menciona que, em 2012, a crítica literária Regina Dalcastagnè mostrou que, naquela época, 72,7% dos escritores brasileiros publicados eram homens. “Quando você olha para os prêmios literários, a maioria absoluta dos vencedores são homens. Eventos como a Mostra vêm para nos posicionar, nos unir e buscar formas de construir políticas públicas que nos incluam”, afirma.
O selo Mulherio das Letras já publicou autores renomados com o Prêmio Jabuti em todo o Brasil. “Esperamos mostrar nossa produção, vender livros e, o mais importante: sair com uma indicação de ações futuras reunindo mulheres de todo o DF”, apresenta Beth.
Serviço
Mostra Mulherio das Letras DF
No sábado (8/3), das 14h às 18h, na Biblioteca Nacional de Brasília (Setor Cultural Sul, lote 2). Entrada gratuita.
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