O paraense Jaloo é um dos headliners do festival CoMA e estará no palco do evento no sábado (8/10), às 23h30. A cantora tem mais de 150 mil ouvintes mensais no Spotify e lançou seu último álbum, Mau, em outubro do ano passado. Em conversa com o Correspondênciaela compartilha mudanças em sua vida e carreira, expectativas para cantar em Brasília e como a capital foi importante para sua história.
Jade Melo, conhecida pelo nome artístico de Jaloo, sempre se considerou uma artista. Embora não tenha tido influências musicais na família durante a infância, ela adorou as artes e sempre foi muito criativa. “A música caiu no meu colo de uma forma muito estranha, era matéria do meu curso de publicidade que eu estava cursando na época. Descobri que a forma de onda do áudio aparecia no computador e que era possível aumentar, diminuir, distorcer. Achei isso muito legal e comecei a me interessar a ponto de, meses depois, já saber qual software fazia a música. Apareceu, me interessei e pulei”, comenta o artista.
Brasília teve tudo a ver com o nascimento artístico do Pará. Em 2013, foi convidada para ser DJ em uma festa na cidade e decidiu mudar os planos ao final da apresentação. “Tive a ideia brilhante e muito arriscada de cantar. Tirei meus vocais de algumas músicas e comecei a cantar. Virou show e quando terminei já tinha gente querendo tirar foto comigo. Já tinha um produtor musical concorrendo comigo e percebi que naquele mesmo dia nasceu um artista”, conta Jaloo, ao falar sobre um dos marcos do início de sua carreira.
O primeiro álbum de sua carreira, #1foi lançado em 2015. Em 2019, lançou o álbum pés (ponto 1) e somente em 2023, o álbum RUIM chegou às plataformas. Entre o segundo e o terceiro, Jaloo passou por um rompimento, uma pandemia e descobriu que era uma mulher trans. Todas essas mudanças transformaram sua música e criaram um novo artista. “Hoje me sinto tão forte, comparado a quem eu era antes. Eu tive um alívio, ainda estava um pouco encasulado no último lançamento. Me libertei de me odiar, hoje me adoro e tenho plena certeza de quem sou e do que estou fazendo.”
Em RUIMJade decide mergulhar no projeto e mostrar esse novo lado do trabalho. Com assuntos mais sérios e se expondo mais, a artista produziu e compôs todas as faixas do disco. “É um álbum onde financiei muito. Já paguei pela produção, não deixando ninguém se envolver. Acho que, nas letras, e até na construção das músicas, na produção, tem muito esse lugar de se assumir completamente”, diz Jaloo, que se acha adulta demais e se aprofundou ao tocar nos temas de uma forma mais intensa. Na entrevista, a paraense ri ao dizer que poderia ter falado mais bobagens no álbum.
Jaloo cruzou os dedos para poder se apresentar no CoMA Festival. Em abril deste ano, a cantora reclamou, nas redes sociais, de não ter sido convidada para festivais, mesmo tendo um álbum recém saído do forno. “Isso ainda está acontecendo, mas está acontecendo de uma forma mais tranquila, os shows voltaram, os festivais estão aparecendo, então não sei se foi por causa do meu tweet, ou porque tive paciência, ou só deixei o futuro chegar ”, comenta Jade.
Para a cantora, o festival CoMA é um exemplo de competência e profissionalismo, de atenção aos diversos artistas do país. Jaloo estará pela segunda vez no CoMA e sente que está voltando na hora certa: “Adoro o público de Brasília, tenho uma relação muito afetuosa, então eles são grandes fãs, estão sempre muito eufóricos. É muito legal tanto carinho e intensidade que me é dado quando jogo na capital.”
Em tom misterioso, a paraense compartilhou com o Correspondência que está trabalhando na edição de 10º aniversário do primeiro álbum. Jaloo promete fazer outras versões de músicas, mudar arranjos e pensar em alguns projetos que nunca foram finalizados.
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