Ao longo de sua vida, Silvio Santos evitou dar muitas entrevistas e fez diversas críticas à imprensa, além de expressar diversas opiniões polêmicas sobre o papel do jornalismo na TV e na sociedade brasileira. O apresentador e dono do SBT morreu neste sábado, 17, aos 93 anos.
Na década de 1980, ele propôs que todas as emissoras iniciassem seus noticiários ao mesmo tempo, para que os telespectadores não tivessem escolha a não ser assistir ao noticiário, por mais simples que fosse.
“O povo brasileiro, infelizmente, está mal informado sobre o que está acontecendo no Brasil. E muito menos no mundo, às vezes até em suas cidades. Portanto, o horário único de 8h, 9h, 10h, não importa o horário, é obrigaria todos a assistirem boas notícias. Para isso, os donos de televisão precisam se reunir, discutir e ver o quanto é importante dar informação ao povo”, afirmou.
Sobre a forma como via o papel do jornalismo em sua emissora, ele disse: “No SBT, um jornalista que quiser trabalhar comigo não será um investigador, um detetive… Quem tem que investigar é a polícia. aprendi na faculdade a ser idealista, escrever o que quiser, comprar uma emissora de televisão, um jornal Não meu.
Silvio Santos destacou ainda que não é fã de reportagens críticas: “Minha emissora de televisão, enquanto eu viver, vai buscar no ser humano as qualidades do ser humano. Porque o homem brasileiro, do faxineiro ao presidente da república, nenhum deles sai de casa dizendo ‘hoje vou errar’. Todo mundo sai de casa com a intenção de acertar. Fazem dez coisas, cometem três erros, e os jornais e a televisão só. encontram os três defeitos, não encontram as sete qualidades humanas que progredirão se não receberem incentivo, se receberem apenas golpes da imprensa, da televisão?”
Durante a cerimônia do Troféu Imprensa em 2017, o dono do SBT repetiu uma opinião antiga ao repreender a jornalista Rachel Sheherazade, na época apresentadora do SBT Brasil, principal telejornal da emissora: “Você começou a fazer comentários políticos no SBT e eu pedi para você não Não faça mais isso. Você foi contratado para ler notícias, não foi contratado para dar sua opinião. Se você quer fazer política, compre uma emissora de televisão e faça você mesmo.
Em entrevista com Estadãoem 1983, Silvio revelou que se sentia incompreendido pelos jornalistas: “Só queria saber por que a imprensa me critica tanto. Estou sob os holofotes há mais de quatro meses. Estadãopor exemplo, comecei provocando as crianças sobre irem ao meu programa infantil. Ela falou tanto que a Secretaria de Educação proibiu a presença deles no programa. Eles (jornalistas intelectuais) não me entendem. Eles querem que eu toque música clássica, mas não gosto disso. Não adianta insistir. Meus programas são populares e me identifico com as pessoas. Não posso esquecer minhas origens como vendedor ambulante.”
Outro ponto a destacar foram as poucas entrevistas que o apresentador concedeu nas décadas mais recentes. Muitas vezes reservado em relação à vida pessoal, Silvio Santos comentou, em 1987, sobre sua relação com os jornalistas no início da vida pública: “Não quero virar retrato de revista. A primeira entrevista que dei, quando os jornalistas chegava perto de mim, diziam: ‘Silvio Santos, vem aqui, responde uma coisa assim’, eu respondia, perdia meu tempo e aí eles falavam tudo diferente do que eu respondia.”
“Me perguntaram: ‘Que prato você gosta’, por exemplo, pergunta que foi feita 10 mil vezes… Eu disse: ‘Sou carioca, gosto de arroz, feijão preto, bife e batata frita, que foi o que comi a vida toda’. ‘Ah, não é possível! Você é rico, você gosta de estrogonofe’. ‘Tudo bem, então acrescente estrogonofe'”, continuou.
A certa altura, Silvio ‘desistiu’ de tentar encontrar respostas. “Quando um jornalista chegou perto de mim, eu disse o seguinte: fala o que quiser. Você é jornalista, tem que preencher uma folha em branco. vou ligar para o seu chefe, nunca. Agora, não com a minha colaboração. Diga o que quiser para mim. Não adianta eu responder perguntas porque você vai mudar tudo, porque você não é jornalista, você é jornalista. psicólogo ou psiquiatra, então não vou dar isso a você. Os jornalistas que me entrevistam devem ser sérios, competentes e ter inteligência e sensibilidade para colocar no papel meus pensamentos bons e ruins.”
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