São muitos os adjetivos que podem descrever Caju, segundo disco inédito da cantora e compositora Liniker. O álbum de 14 faixas se estende de forma quase cinematográfica aos ouvidos mais atentos, pelos detalhes sonoros incluídos na produção que, por sua vez, é assinada pela dupla formada pelos músicos Gustavo Ruiz e Julio Fejuca, além da própria Liniker . O álbum tem uma hora e nove minutos de duração (em média são 45 minutos). Em Caju, a cantora desafia o padrão de produção imposto pela própria indústria fonográfica, ao convidar o ouvinte a se aventurar em longas e deliciosas faixas, que chegam a sete minutos de duração.
“É engraçado que sejam justamente as músicas mais longas que têm tocado as pessoas. O trabalho é esse lugar para quem quer experimentar. Fazer música é algo muito sublime e é ótimo podermos dar música para que as pessoas possam se nutrir de música”, diz Liniker. Em entrevista ao Correio, a cantora detalhou o processo criativo que a levou a construir o Caju. Desde o seu lançamento, o projeto acumulou números significativos nas principais plataformas musicais. O resultado disso é o fato do álbum ter alcançado a 6ª posição entre os álbuns mais tocados mundialmente no Spotify na semana em que foi lançado.
Recentemente, Liniker esteve na capital federal para participar da 5ª edição do Festival Sinfônico, realizado na Concha Acústica. Na ocasião, a cantora embalou o público com grandes sucessos de sua carreira, como Baby 95, Psiu e Zero, músicas que receberam arranjos orquestrais feitos pela Orquestra Filarmônica de Brasília (OFB). Questionada sobre sua relação com a música clássica, Liniker responde que é uma ávida consumidora de música orquestral. “A música clássica tem um poder de centralização muito grande, quase como se fosse uma meditação. A ausência de palavras, mas ao mesmo tempo, a quantidade de instrumentos coloca o ouvinte em outro lugar de absorção do som”, acrescenta o artista.
No Caju não faltam instrumentos orquestrais e arranjos muito bem pensados, tudo para criar uma atmosfera capaz de transportar o ouvinte em uma longa jornada repleta de frases de autoafirmação. “Quero saber se você vai correr atrás de mim / Num aeroporto / Pedindo para eu ficar, para não voar / Para eu me acalmar um pouco / Isso vai pintar uma tela do meu corpo nu” , canta Liniker, nos primeiros segundos da faixa-título.
“Isso traz para um álbum uma grande elegância e delicadeza de entender que música é algo que não se faz sozinho, que música é coletiva. Fico muito feliz por ter ao meu lado essas grandes energias que me acolhem, que realmente gostam de mim e meu trabalho e que nos permitem chegar a esses patamares musicais onde estamos atuando com o Caju”, confessa Liniker, em entrevista.
“Ouça bem”
Feito para salvar os domingos daquele gosto amargo de fim de domingo, Caju é um disco que — definitivamente — não passa despercebido na primeira escuta. “Ouça com atenção, antes de nos despedirmos / Tem tantas coisas que quero te contar”, entoa Liniker, nos primeiros versos de Tudo, primeiro single do Caju. Anteriormente, o artista, natural de Araraquara (SP), integrou a banda Liniker and the Caramelows. Desde a separação, a cantora tem desfrutado de uma carreira solo invejável, colecionando músicas de sucesso e prêmios prestigiosos, como o Grammy Latino.
“O caju é uma das frutas mais malucas no sentido de que é a fruta mais exportada do Brasil e é uma fruta que tem possibilidade de tantas outras coisas. carne de caju”, explica Liniker, ao listar as múltiplas possibilidades de extração de um fruto tão versátil como ele. O álbum é um grande exemplo dessa versatilidade artística, pois explora inúmeros gêneros musicais e diferentes formas de fazer música. “Há algo de Brasil nessa metáfora de fruta para uma artista que fez história no Brasil e que escreveu sobre sua trajetória. Me sinto muito próspera e muito capaz de prosperar e dar frutos”, acrescenta sobre o título de o álbum.
Do pop ao pagode, da música instrumental às batidas eletrônicas da dupla Tropkillaz — participação especial na faixa So special —, Caju é narrado a partir do ponto de vista de um alter ego criado pela própria Liniker. Batizada de Caju, o exercício de criar uma persona para representá-la durante a produção do álbum surgiu da necessidade da cantora de se ver com mais zelo e de não mais se limitar a espaços onde se sentia subjugada.
Colaborações
Caju é um álbum novo e repleto de colaborações muito bem executadas. Entre os nomes creditados como participações especiais estão o pianista Amaro Freitas, a dupla Anavitória, a banda BaianaSystem, a dupla de música eletrônica Tropkillaz, além da cantora baiana Melly, da cantora pernambucana Priscila Senna, Lulu Santos e da drag queen Pabllo Vittar. Com essa equipe forte, Liniker conseguiu unir diferentes estilos sonoros e fazer do Caju um álbum que soasse como “aquela festa incrível que todo mundo que você gosta vai”.
“Considero Fejuca e Gustavo grandes cristais na minha vida, verdadeiros amuletos, não só de sorte, mas amuletos de irmandade. Eles são meus irmãos, são meus amigos e são pessoas queridas que, além do profissional, convivemos em nossas vidas, fico muito feliz de tê-los ao meu lado, mas também dos outros produtores que vieram somar nas faixas”, diz Liniker, lembrando dos outros produtores convidados a participar do projeto, como Nave, Iuri Rio Branco. , Márcio. Arantes e os arranjadores Tiago Costa e Henrique Albino.
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