Bukassa Kabengele estreou na semana passada um dos papéis mais esperados de sua carreira. Ele faz parte do elenco da nova novela das 21h, Mania por vocêcomo Marcel, pai de Viola, interpretado por Gabz e comemora o facto de estrear no horário nobre, numa obra escrita por João Emanuel Carneiro, e repetir a parceria parental com a jovem atriz, que também foi sua filha em Amor perfeito. Na novela exibida em 2023, o promotor Sílvio Pacheco era pai de Laura Pacheco. Agora, a jovem atriz é a protagonista da produção.
“Para mim, protagonismo é trazer visibilidade máxima ao direito que temos como pessoas de ter nossas vidas consideradas e respeitadas na sociedade. E, nesse sentido, a representação de atores negros em lugares de destaque e poder nos permite dizer que podemos sermos o que quisermos ser, além dos lugares reservados dentro dos sistemas racistas. Isso ajuda a ressignificar as imagens negativas em anos de invisibilidade no setor audiovisual”, comemora Bukassa. “É um assunto complexo, mas, em suma, essa é uma das importâncias de ocupar esses espaços. Desde que as narrativas também sejam favoráveis no sentido positivo das declarações antirracistas”, completa.
Na TV Globo, canal onde estreou há 21 anos na minissérie A casa das sete mulheres (2003), o ator de 51 anos também fez trabalhos como a minissérie Maria louca (2005), JK (2006), Os dias eram assim (2017) e Liberdade liberdade (2016) e Malhação — vidas brasileiras (2019). Paralelo a Mania por vocêBukassa Kabengele pode ser vista na série do Globoplay O jogo que mudou a históriaque retrata o surgimento das facções do tráfico de drogas no Rio de Janeiro na década de 1970.
“A série faz sucesso de público desde sua estreia, ocupando o primeiro lugar do Top 10 como a mais assistida do Globoplay. Interpreto o personagem Rosevan, o Mestre, um dos criadores do Comando Vermelho. Com direção artística de Heitor Dhalia, a série escrita por José Junior já é um divisor de águas nas tendências audiovisuais nacionais. Estou muito feliz e honrado em fazer parte desta obra épica. diz que enfrentou um personagem “difícil, sensível e muito profundo em termos de camadas”.
Africanidade
Nascido na Bélgica, Bukassa Kabengele morou no Congo antes de vir para o Brasil aos 10 anos, seguindo o pai, que é professor de antropologia na USP. Não à toa, ele foi convidado para interpretar Nelson Mandela no especial da Globo para o Dia da Consciência Negra. O congolês-brasileiro também interpretou o jogador de futebol africano Tessema na série O presidentedo Vídeo Prime. “Minha africanidade e as lembranças da minha juventude quando criança no Congo fazem parte da minha força e assinatura artística. É a partir dessa relação que conecto minha ancestralidade. Estabeleço meus mistérios e perspectivas”, declarou o ator, na época.
“Compreendo a importância da representação. Afecta a auto-estima, e o facto de ser africano liga-me e traz novas camadas à negritude e às minhas lutas anti-racistas através das minhas posturas e vigílias no trabalho”, acrescentou Kabengele, que ganhou o melhor prêmio de ator no festival de San Sebastian, na Espanha (2019), pelo filme brasileiro Pacificadosobre a luta pelo poder dentro de um grupo criminoso que controla uma favela no Rio de Janeiro. Em breve, Bukassa também poderá ser visto na esperada produção do HBO Max Dona Beja.
Voltar para a música
Com uma trajetória que passa pelo teatro, televisão e música, este ano, Bukassa Kabengele marcou seu retorno triunfante ao cenário musical com o lançamento da música e do vídeo Brilho noturnouma obra que celebra o poder da noite e da música como formas de expressão. A obra, distribuída pelo selo independente Templo Musik em parceria com o agregador Believe Music, reforça sua versatilidade e dedicação à arte, com espírito de liberdade, expressão e inovação.
Bukassa dedicou-se a uma carreira musical de mais de 25 anos, tendo acompanhado Marisa Monte e Elba Ramalho em digressões internacionais. Sempre teve como referência mestres como Gilberto Gil, Tim Maia, Michael Jackson, Steve Wonder e Cassiano. Fez parte da banda Skowa Máfia (década de 1990), grupo pop funk paulista com fortes influências de gêneros da diáspora africana, mais especificamente da Black Music. Em 2000 lançou seu primeiro CD de originais eu quero viverencorajado pela amiga Jane Duboc.
Em 2005, Bukassa recebeu o convite do francês Daniel Bangalter, pai de Thomas Bangalter, um dos fundadores da dupla de música eletrônica Daft Punk, para lançar no verão francês um CD, lançado pela francesa EMI-Odeon e que em seis meses vendeu mais de 200 cópias. mil exemplares. A partir daí desenvolveu diversos trabalhos em parceria com diversos artistas, sendo os mais relevantes as parcerias com Marcelo Yuka, Lehart e Baioky, entre outros. “Com Marcelo Yuka formei a banda Entidade, participando de seu último CD, lançado pela Sony Music, que infelizmente não foi conhecido do público devido ao falecimento inesperado do músico”, lamenta Kabengele, que, junto com Leandro Lehart, participou em algumas obras, com destaque para a adaptação da música Mutoto.
Ao longo dos últimos anos, Bukassa vem criando diversas parcerias e novas composições com o músico Baioky, com destaque para as músicas Alto astral, ei carae o mais recente, Brilho noturno. O artista teve momentos mágicos em sua carreira musical como conhecer Tim Maia jam session com George Benson e dividir uma performance com Billy Paul em sua última visita ao Brasil em 2018. Na ocasião Billy ficou impressionado com o alcance vocal de Bukassa e eles se tornaram amigos.
Na foto desta reportagem, a artista usou look desenhado pelo estilista carioca Hermes Inocêncio para um editorial alusivo ao Rock in Rio.
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