As escritoras da capital, Mariana Surina e Gabriela Tunes, lançam novelas na Livraria Circulares (CLN 113) esta semana. O evento de lançamento do Bondade Brancade Gabriela, será nesta quinta-feira (26/9), às 19h. O romance de inspiração budista 108de Mariana, será lançado no sábado (28/9), às 17h. Conheça as duas escritoras brasilienses e suas respectivas obras que representam a literatura feminina na cidade.
Mariana Surina — A busca pela paz
Pseudônimo de Mariana Carpanezzi, Surina é escritora e ilustradora nascida em Belém do Pará e criada em Brasília. Com uma longa experiência na escrita, Mariana também pinta e tem obras em coleções particulares em diversos países. 108 é a segunda publicação da artista, na qual encontrou a linguagem literária ideal.
Elementos do budismo, como minimalismo e simplicidade, são características do estilo de Mariana. No lançamento, o leitor acompanha a protagonista feminina de inspiração autobiográfica. O personagem fictício de mesmo nome decide apostar no desconhecido e deixar a vida já construída no passado. Motivada por um acidente de bicicleta, a mulher abandona a carreira no serviço público do Distrito Federal e embarca em viagens pela Europa.
A história principal alterna capítulos da vida de Siddhartha Gautama, o príncipe que deixou o palácio há 2.500 anos para se tornar o Buda. O livro reflete sobre a busca pelo fim do sofrimento, questão antiga que permeia até hoje. Escrito com o mesmo número de capítulos que o rosário de oração budista, 108 É uma meditação sobre escolhas diante da impermanência da vida.
Foi quando sofreu um acidente enquanto andava de bicicleta e sofreu um ferimento na cabeça que Mariana se viu frente a frente com a possibilidade de morte. Sua história pessoal é compartilhada com a protagonista do livro: “O fato iminente da morte me fez refletir sobre como quero levar minha vida. Quero me conhecer e viver para morrer em paz.” O acontecimento fez com que o autor priorizasse a espiritualidade.
Os capítulos curtos conectam-se entre si nos fundamentos budistas em ritmo poético. As tradições espirituais de Buda e Vedanta são universos explorados na obra, práticas que Mariana mantém em sua vida pessoal. “O tema da busca pelo fim do sofrimento é sempre constante. O ensinamento do Budismo é observar a própria mente. Ninguém quer sofrer e todos querem encontrar um sentido para a vida”, argumenta.
A arte da escrita e da ilustração estão em sinergia no trabalho de Mariana. A capa do livro é uma ilustração do autor, que antecedeu a história: “Quando vi aparecer o desenho da capa, entendi a história. A linguagem visual me deu uma compreensão da narrativa.” Mariana elogia a participação em oficinas literárias na construção da própria escrita, onde a opinião de outro profissional da área pode agregar ao trabalho.
Gabriela Tunes – Debate sobre racismo
Por Luisa Mello*—Formada em Biologia, Gabriela Tunes tem uma trajetória profissional inusitada. Além de biólogo, Tunes é servidor público, músico, escritor e nadador, e sempre gostou de escrever. Acostumada com artigos científicos, a artista decidiu se aventurar no período da pandemia da Covid-19 e escreveu seu primeiro livro, Máscaras no varal (2022). O romance foi indicado ao Prêmio Marielle Franco de Ensaios Feministas, no qual ficou entre os 10 primeiros.
Bondade Branca narra a trajetória de Lucila, uma jovem baiana que, aos 15 anos, é levada de casa para trabalhar e sobreviver em Brasília, na casa da família de um delegado de polícia. Os principais temas da obra são o trabalho doméstico e o sistema penitenciário brasileiro, além do protagonismo negro e da posição racista da sociedade.
Durante visita à Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Bondade Branca tornou-se uma ideia. O contato diário com mães de presidiários em relatos e cartas foi uma das grandes inspirações de Gabriela para a criação da protagonista: “As pessoas precisam ver isso”. O romance traz uma visão crítica do racismo estrutural e tem como pano de fundo a vida da classe média na capital brasileira, de 1980 até os dias atuais.
A escolha do título do romance é extremamente importante nas relações entre os personagens e revela a complexidade humana. “Eu queria expor essa falsa gentileza da branquitude para com os negros que os atendem em casa. A ambigüidade de quem é mau nem sempre é mau e quem é bom nem sempre é bom. Queria mostrar que, às vezes, uma pessoa ‘boa’ tem aí um traço de perversão que é construído socialmente”, diz o autor.
Como escritora de etnia branca, Gabriela destaca seu privilégio pessoal e diz que se inspirou na própria realidade para construir a narrativa: “Sempre achei muito natural ter empregada doméstica, minha família nunca precisou se preocupar em limpar banheiro ou lavar a roupa. pratos. Isso foi realmente inspirado por coisas sobre as quais precisamos reavaliar nossa posição.”
A leitura causa desconforto e expõe dinâmicas racistas que ainda existem, mesmo sem serem intencionais. “As pessoas que são boas, que estão ali com as melhores intenções, que não querem ser racistas acabam reproduzindo práticas que colocam os negros em posições subalternas, que perpetuam essa divisão racial na sociedade”, afirma Gabriela.
*Estagiários sob supervisão de Nahima Maciel
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
consultar proposta banco pan
blue site
cartao pan consignado
juros consignados inss
empréstimo banrisul simulador
cnpj bk
o que significa consigna
banco consignado
emprestimos no rio de janeiro
simulados brb
juro consignado