Os negros em destaque, o universo do transporte coletivo, dos sorteios de loterias e do carnaval, além de uma família ligada à contravenção e mais um decadente tentando manter seu status. Com esses elementos, permeados por personagens humanos, pessoas conosco, a Globo lançará, amanhã, a nova novela das 19h, Volte para o topo.
Para a autora, Claudia Souto, o maior ponto de identificação com o público é trazer histórias que podem acontecer para quem assiste. “Nossos personagens enfrentam desafios que todos nós passamos todos os dias. São histórias que podem acontecer com quem está ao nosso lado no ônibus, com você mesmo. São histórias impactantes, mas possíveis de estar no seu caminho no dia a dia”, ele explica.
A jornada da protagonista Madalena (Jéssica Ellen) começa quando termina a do pai. O motorista de ônibus Lindomar (MV Bill) está prestes a se aposentar, mas, em seu último dia de trabalho, sofre um infarto ao volante do ônibus, causando um grave acidente. Antes, o chefe da família tentou a sorte em um jogo de azar. Mas o destino o impede de usufruir do prêmio milionário. Seu cunhado, Osmar (Milhem Cortaz), porém, fica sabendo da multa e faz de tudo para conseguir o prêmio, a fim de escapar de uma dívida de vida ou morte com uma família criminosa.
“A novela em geral é muito humana, muito concreta no sentido de que todas as questões que a gente passa, defendendo a personagem, a gente passa também na vida. São situações cotidianas”, endossa a atriz Jéssica Ellen.
Identificação com pessoas comuns
Logo no início, o caminho de Madá se cruza com o da Viação Formosa Jão (Fabrício Boliveira), que desde cedo se acostumou a ser responsável. Madalenas e Jãos existem aos milhares no Brasil: são pessoas que diariamente buscam uma vida melhor para si e para seus familiares e precisam “sobreviver” diante dos desafios que o destino muitas vezes impõe. “Todos os personagens enfrentam obstáculos, assim como todos os seres humanos. Até os personagens secundários serão desafiados em algum momento”, reforça o autor.
Segundo Fabrício Boliveira, uma das qualidades da Volta por Acima é a pegada suburbana carioca que reúne subúrbios de todo o país. “A narrativa traz uma dinâmica de empatia, que é uma virtude do brasileiro que se reencontrará na novela. Tem pegada de todos os subúrbios do Brasil, e a presença de diferentes atores confirma isso”, observa, referindo-se a atores e atrizes das regiões Norte, Sul, Nordeste e Centro-Oeste no elenco. “São personagens que sempre têm algo para resolver, não são completos, e isso traz essa identificação com o brasileiro. São personagens carismáticos, tudo que os amantes de novelas brasileiras gostam”, diz o colega Amaury Lorenzo.
Depois de protagonizar duas produções ambientadas no Nordeste, Isadora Cruz aparece em um papel bem diferente das meninas que viveu Mar do sertão (2022) e Guerreiros do Sol — que estreia no Globoplay em 2025. Em Volte para o topoela vem como Roxelle, que além de ser uma mulher que esbanja sensualidade, oferece à atriz paraibana a oportunidade de interpretar uma mulher carioca. “Uma chance que muitas vezes é dada aos atores do Sudeste, de representar os nordestinos, mas não vemos muito o contrário sendo feito. Nordestinos interpretando sudesteistas é algo raro”, comemora.
Na mão dupla — esse, aliás, foi o título provisório da sinopse —, Juliano Cazarré faz o caminho inverso. Ele entra no elenco como Jayme, motorista de ônibus da Viação Formosa, que atua como ponto focal da trama. E, para alegria do ator, nascido em Pelotas (RS), o personagem é gaúcho. “É a primeira vez que interpreto um gaúcho. Foi um pedido que fiz à direção, que aceitou e teve a aprovação do autor. E tem sido legal porque raramente vemos um gaúcho fora do contexto regional”, explica o ator. , que foi criado em Brasília, cidade onde também se formou.
Ao lado de Cazarré, o ator de ascendência indígena Adanilo interpretará Manaus Sidney e declara: “Nunca houve um personagem amazônico fora de um universo amazônico. Manaus tem ligação direta com o samba, e a periferia amazônica esbarra no Rio”. Na trama, o motorista do ônibus é o melhor amigo de Jão e os dois têm uma forte ligação com o carnaval. “As pessoas em primeiro plano. A novela vem das pessoas, da cor e do calor dos subúrbios, das culturas de um país que se encontram neste microcosmo”, resume o diretor artístico, André Câmara.
Decadência e contravenção
O público será apresentado a uma família de aristocratas — os Góis de Macedo — que não aceita que os tempos de abundância e glamour estejam no passado. Hoje, os irmãos de uma tradicional família carioca Belisa, Joyce e Gigi — interpretados, respectivamente, por Betty Faria, Drica Moraes e Rodrigo Fagundes — não podem mais ostentar a vida luxuosa que tiveram, e isso gera diversas situações trágicas para eles, mas os quadrinhos para o público. Como o fato de ter que voltar a andar de ônibus.
“O bonito desta família é falar de pessoas comuns. Falamos de diferenças de classe, falamos de privilégios, e é curioso como vem à tona a questão de quanto vale o dinheiro, de quanto vale a felicidade. claro nas cenas, porque é interpretado de uma forma muito humana. Eles não têm aquela pernosidade de classe alta. Apesar de serem pessoas ricas desesperadas para manter seu status, são três crianças mimadas e abandonadas em privilégios. que é um privilégio”, argumenta Drica, que retorna à época que a revelou, na década de 1980.
Para o autor, sempre vale a pena discutir as diferenças sociais. “Esses ricos falidos vão ter que se adaptar aos novos tempos, viam o mundo de dentro de uma cúpula e agora vão ter que partir para a vida”, defende Claudia Souto. “Os ricos têm preconceito de casta. A escravidão não acabou para certas elites. Eles são culturalmente hostis porque foram criados dessa forma, faz parte de sua educação social e monetária. A casta nunca diminuirá porque foram educados em outro nível. Isto é algo que existe e que fica engraçado na forma como é escrito”, completa a veterana Betty Faria.
Falando em aristocracia, Volta por Acima trará um núcleo familiar com uma herança inusitada. Viúva de um grande criminoso, Violeta Castilho (Isabel Teixeira) mora com o filho, Baixinho (Rodrigo García), em uma mansão no subúrbio do Rio de Janeiro. “Tem toda uma construção hierárquica nesse núcleo e eu estava tentando entender onde está a minha personagem. Violeta faz parte da contravenção, foi criada por ela, é a natureza dela. para outros, é uma sobrevivente de um ambiente machista e masculino”, destaca a atriz, que buscou inspiração em duas produções que abordam esse universo da contravenção: Vale a pena escreversérie documental lançada em 2023 pela Globoplay, e a icônica série Os Sopranos (1999-2007), sucesso da HBO.
Violeta e Baixinho são os responsáveis pela ameaça que leva o personagem Osmar a se apoderar do bilhete de loteria premiado do cunhado. Para o ator que o interpreta, porém, o malandro não é um grande vilão. “Ele é um personagem muito complexo. Será amado e odiado. Osmar tem o papel de vilão, mas é um típico brasileiro que é muito próximo. É um cara legal, mas nada funciona no que faz”, finaliza Milhem Cortaz.
Volte para o topo é uma novela criada e escrita por Claudia Souto, em colaboração com Wendell Bendelack, Julia Laks, Isadora Wilkinson e Juliana Peres. A direção artística é de André Câmara e a direção geral de Caetano Caruso. A produção é de Andrea Kelly e Lucas Zardo, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.
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