Quando você deu os primeiros passos para criar o show? Carrego o que posso, faço um quintal onde posso, o coletivo Entrevazios quis se aprofundar na escuta das histórias de mulheres presentes no território que hoje é Brasília antes mesmo de a cidade surgir. Em 2023, os integrantes do coletivo montaram a Barraca de Memórias, projeto em que trouxeram uma tenda com objetos emocionais cheios de histórias para que mulheres, preferencialmente maiores de 63 anos, pudessem contar suas histórias. Os objetos tiveram como objetivo despertar memórias e os convidados puderam trazer suas próprias coleções. Bacias esmaltadas, ferros quentes, máquinas de escrever, luminárias e outras relíquias faziam parte dessas coleções.
As barracas percorreram quatro Regiões Administrativas e as histórias contadas serviram de base para o espetáculo que será exibido a partir de sexta-feira em praças públicas de sete cidades do Distrito Federal. As primeiras regiões visitadas foram Planaltina, Núcleo Bandeirante, Paranoá e Vila Planalto, ainda em 2023. “Escolhemos essas quatro RAs porque eram mais antigas que a construção da capital, então ou eram território de ocupação, acampamento de construção , ou eram territórios goianos”, explica a atriz Maysa Oliveira, única no palco do espetáculo e coordenadora geral do projeto. “Nosso objetivo era encontrar essas mulheres mais velhas que a capital. Foi o nosso foco, mas não foi exclusivo”.
Posteriormente, o coletivo, formado por cinco mulheres, ampliaria a visita às Barracas de Memórias para outras três regiões: Candangolândia, Brazlândia e Vila Telebrasília. “Fechar as regiões mais antigas da capital antes de 1960. Com essas sete regiões fizemos um levantamento para encontrar mulheres”, alerta Maysa. As reportagens serviram de base para a dramaturgia do espetáculo, que abrangerá as 10 RAs visitadas pelas bancas. Sob a direção de Sandra Vargas, especialista em teatro de objetos, carrego o que posso, faço um quintal onde posso é um espetáculo-instalação em que os objetos funcionam como disparadores de memórias e a cenografia como uma exposição a ser visitada depois a apresentação. “Esse espetáculo parte do teatro de objetos, uma linguagem que parte dos objetos para criar uma dramaturgia. As histórias vêm dos objetos”, explica Maysa.
Durante a pesquisa não houve momento formal de entrevista para ouvir as mulheres. A ideia era que, a partir dos objetos, surgissem histórias. “O dispositivo são os próprios objetos que estão na cenografia e relembram uma parte da história das mulheres. As histórias não incluídas na dramaturgia estão no museu”, alerta Maysa. Esse processo resultou em um pequeno documentário que acompanha o desenvolvimento das narrativas e o processo de coleta das histórias.
Serviço
Carrego o que posso, faço um quintal onde posso
De sexta-feira (24/5) até 9 de junho, sempre às 17h30, em Planaltina, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Vila Planalto, Candangolândia, Brazlândia e Vila Telebrasília. Entrada gratuita
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