É fácil dizer o que vem à mente quando ouvimos a palavra circo. Lona, picadeiro, palhaços, malabaristas, contorcionistas e equilibristas são alguns dos elementos que associamos a esta linguagem artística. Ó Arranha-céu – Festival de Circo Atualque chega este ano à sua terceira edição, com o apoio da Correio Brazilienseentretanto, busca que o público expanda esse conceito.
Segundo uma das organizadoras, Julia Henning, o trabalho curatorial do festival foi realizado em torno do tema “Qual é o lugar do circo?”. Cada um dos seis programas que serão apresentados dará uma resposta diferente a esta questão.
“O circo tem uma imagem romantizada, mas pode ser muitas coisas, com formatos e espaços diferentes, como na rua, armazéns e teatros”, explica Julia, que lembra que o circo é uma linguagem das artes cênicas, e não é teatro.
A ideia é que o público veja os espetáculos e questione se aquilo também é um circo. “Tem um espetáculo que vai falar sobre o lugar do corpo negro, do patriarcado, que vai usar o espaço circular para perguntar o que cabe no mundo. , obra que resulta da residência artística iniciada anteontem e que integra o festival”, detalha Henning, que é artista circense e membro do coletivo Instrumento de Ver, que promove o festival.
“O circo é uma linguagem muito marcante, fica gravado na memória, porque é uma experiência sensorial e brinca com o extraordinário”, define Henning, que é um dos artistas circenses do espetáculo 23 fragmentos destes últimos dias. Lucas Maciel, do Recife, faz parte da mesma produção, que contará com faquirismo, contorcionismo, acrobacia, equilíbrio e coreografias. Maciel surpreenderá o público com frevo, contorções, acrobacias e forró.
Ele explica que a mostra também traz objetos, como garrafas de vidro, que podem parecer frágeis, mas podem suportar um corpo humano inteiro em cima delas. “São vários itens que brincam com a dualidade do forte e do frágil, do delicado e do arriscado. O risco é um dos principais fatores da arte circense”, afirma Lucas.
O nome da produção vem do fato de ser estruturada como os circos tradicionais, em números. Mas engana-se quem pensa que haverá “apenas” 23 números. “Serão 36. Quem for ver vai ganhar 13 bônus”, revela o artista. “E tudo é feito para atingir tanto o universo poético quanto o político, em defesa da arte e da cultura e da vontade de seguir em frente, apesar dos obstáculos. E a poesia não é escapismo, é um caminho”, acrescenta Maciel, que destaca que a força do circo está mais no que você vê do que no que você diz.
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Os shows começam nesta quinta-feira (23/5), com a apresentação de Suponha que seja preto, do artista brasileiro Marco Motta, radicado na Espanha. Inspirado em músicas Suponha que seja pretopor Luiz Gonzaga e Passaro preto, de Nina Simone, a obra trata de como o corpo negro é visto no Brasil e na Espanha. As duas sessões acontecem nesta quinta (23/5) e nesta sexta (24/5), às 20h, no Teatro Galpão Hugo Rodas, no Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul. “O público pode esperar alegria e emoções fortes. É pensar e repensar seus valores. Em outras apresentações, muita gente já saiu chorando”, relata Gabi Onanga, produtora do espetáculo.
Cabaré da Nega, da companhia Circo Travessia, será no domingo (26/5), em que um grupo de palhaços e um músico excêntrico se reúnem para um grande show, prometendo sinfonias de bobagens afinadas para fazer rir sem piedade. Direção de Ana Luiza Bellacosta. As duas sessões de 23 fragmentos destes últimos dias acontecem nos dias 1º e 2 de junho, às 19h, no Teatro Plínio Marcos, no Pólo Cultural Ibero-Americano (antiga Funarte).
O ramo da mandioca, de Júlia Maia e Trupe Raiz do Circo (Brasília), será apresentado no Parque Ana Lídia, no Parque da Cidade, no dia 2 de junho. Neste espetáculo, palhaçada e break se misturam no palco o tempo todo. A direção e atuação são da bgirl Júlia Maia. NOS FARDEAUX — nosso fardo diárioda Companhia Um Passo à Frente (França-Brasil), será apresentado fora do Eixo Cultural Ibero-americano, nos dias 1 e 2 de junho, às 18h30.
O show para cegos Olhos: corações que sentem Será no espaço Cia Miragem, na Vila Telebrasília, neste domingo, às 10h. É para cegos, mas quem vê também pode assistir. A direção é de Vini Martins.
A programação completa, com mais detalhes sobre as mostras, oficinas, colóquios e exposição fotográfica pode ser conferida no perfil @festivalarranhaceuNo instagram.
Podcast do Correio
Quem tiver interesse em saber ainda mais sobre o processo de criação do Festival Arranha-Céu pode conferir o bate-papo das organizadoras Julia Henning e Maíra Moraes com os jornalistas Ronayre Nunes e Naum Giló, no podcast Correspondênciaacessando o site www.instrumentodever.com/arranhaceu2024.
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