Os romancistas brasileiros André Cunha e Fabiane Guimarães concorrem na categoria Melhor Romance Literário do Prêmio Jabuti 2025. Seus livros, Quem falou? (André Cunha), publicado pela Pelaux, e Como se ele fosse um monstro (Fabiane Guimarães), publicados pela Alfaguara, foram selecionados pelo júri de um dos mais importantes prêmios literários do país. Os nomes dos finalistas do prêmio serão anunciados no dia 5 de novembro.
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Como se ele fosse um monstroO romance de Fabiane conta a história de Damiana, uma mulher que sai do interior em busca de uma vida melhor. Ao chegar na cidade grande, ela se torna empregada doméstica de um casal rico. Mesmo que sua pele seja um pouco mais escura do que o casal queria, eles pedem que ela seja uma substituta. A obra explora temas como classe social, poder de escolha e autonomia feminina. Fabiane comenta: “Ao longo do livro, ela é mãe substituta de diversas mulheres, mas não se apega a nenhum dos bebês. E ela está com a consciência tranquila quanto a isso, porque a maternidade nunca foi para ela; ela é apenas a substituta.”
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Por sua vez, Quem falou?de André Cunha, apresenta Rebeca Witzack, personagem complexa e disfarçada, grávida de um e comprometida com outro. A certa altura, ela se deixa registrar em situações íntimas e as imagens acabam sendo divulgadas. A autora explica: “Ela se deixa filmar, depois diz que não sabia da filmagem. Ela grava, sem autorização, áudios do rapaz que vazou as imagens íntimas, vende sua versão da história para uma emissora de TV e edita deliberadamente a fala do homem com o objetivo de prejudicá-lo. Embora seja uma leitura leve, Quem falou? aborda questões éticas relacionadas à veracidade, autenticidade e credibilidade.”
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A instabilidade do mercado editorial impacta a vida de muitos escritores, que enfrentam desafios relacionados à visibilidade e às oportunidades. Fabiane Guimarães, em entrevista ao Correspondênciacompartilha como os prêmios podem impulsionar a distribuição de Como se ele fosse um monstro: “Minha maior dificuldade é a visibilidade. Então, essa indicação foi importante para mim. Tenho 15 anos de carreira, publiquei meu primeiro conto aos 18 e hoje estou com 33. Sinto que, por morar em Brasília, estou longe do centro do mercado literário, que está concentrado em eixo Rio-São Paulo. Tem sido um esforço constante promover minha escrita.”
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André Cunha manifestou surpresa ao receber a notícia. “Primeiro fiquei surpreso, porque, apesar de confiar na qualidade do livro, não acreditei que ele tivesse perfil para ser selecionado. Depois, um misto de alegria, alívio, orgulho, emoção e vaidade”, relata. O romancista acredita que a produção literária brasileira e os prêmios que a reconhecem seguem tendências desde o neorregionalismo. “Achei que o júri foi corajoso em indicar Quem falou?pois se opõe a grande parte da literatura contemporânea no Brasil, que enfoca questões sociais e conflitos urbanos. O livro tem uma abordagem mais voltada para dramas de classe média, mais próxima de Luís Fernando Veríssimo, perdoem a comparação, no sentido de ser uma comédia dirigida a um público alfabetizado, respeitando a sua inteligência, mas mantendo um certo bom humor e cinismo”, disse. acrescenta.
*Estagiário sob supervisão de Nahima Maciel
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