Peça ‘Me escuta!’ leva histórias coletadas nas ruas para o teatro

Criada originalmente para ser encenada na rua, a peça Me Ouvi!, da Cia. Supersônica, ganhou versão teatral ao entrar na programação do 25º festival Cena Contemporânea. Com sessões às sextas e finais de semana, o espetáculo dirigido por Miriam Virna traz ao palco histórias reais coletadas de um processo que levou o grupo a feiras e espaços públicos especialmente para ouvir as pessoas.

Tudo começou com uma ideia do ator Christian Lambert, que queria fazer um espetáculo em que o público pudesse escolher as histórias narradas como se fosse um cardápio. Convidada para dirigir o projeto, Miriam Virna propôs uma pesquisa em que a companhia saísse às ruas para ouvir histórias de outras pessoas, matéria-prima para a dramaturgia. Em barracas instaladas em locais públicos, o diretor e os atores se ofereciam para comprar as narrativas de quem passasse por R$ 1. “Estreamos ano passado e, como foi um espetáculo bem diferente de tudo que já fiz, foi um processo muito singular. Não é um espetáculo que a gente está no teatro, com texto pronto. processo que nos colocou nas ruas, conhecendo pessoas e coletando histórias”, diz Mirna.

As histórias são bastante variadas. Há, segundo o diretor, desde experiências profundas de superação até histórias mais leves e divertidas, além de algumas que parecem mais corriqueiras e cotidianas, mas que escondem dramas pessoais emocionantes. São histórias de todas as fases da vida, narradas por adolescentes, adultos e idosos. “Temos uma gama variada e cada ator tem um repertório de histórias”, explica o diretor. No total, são 18 histórias e cada história é uma cena montada em formato de monólogo.

Como o espetáculo foi originalmente pensado para ser apresentado ao ar livre, a companhia precisou fazer algumas adaptações antes de levá-lo ao palco do teatro. “É o mesmo espetáculo, os mesmos atores, a mesma dramaturgia e a proposta de que o público escolha as cenas da sessão contínua, mas em local fechado a configuração e a proposta de encenação mudam muito”, alerta Miriam. “Ainda há alguns momentos de proximidade com o público, essa coisa de confundir público e atores, mas, na maior parte do espetáculo, os atores estão no palco e isso muda a proposta”. Segundo Miriam, essa nova configuração traz maior força e ênfase às sutilezas de interpretação e marcas que eram bem mais soltas na versão street ganharam maior rigidez. “O espetáculo ficou mais fino no sentido de que tivemos um pouco mais de sutileza”, garante o diretor.

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Cia. Supersônico.

Direção: Miriam Virna.

Sexta e sábado, às 16h e às 19h, e domingo, às 19h, no Teatro Sesc Ary Barroso 504 Sul.

Ingressos: R$ 60 e R$ 30 (meia)