As comemorações do Dia da Consciência Negra, que este ano, pela primeira vez, abrange todo o país como feriado nacional (20/11), são abertas em Brasília em grande estilo, com a apresentação do Concerto Negroexibição neste sábado (16/11), às 20h, e domingo (17/11), às 19h, no Teatro Plínio Marcos, no Polo Cultural Ibero-Americano. O espetáculo traz ao palco verdadeiras entidades míticas da cultura afro-brasileira, comandadas pelo famoso compositor e cantor Martinho da Vila, acompanhadas pela Orquestra Zumbi dos Palmares, regida pelo maestro Leonardo Bruno. A presença da veterana mestre cirandeira Lia de Itamaracá é um dos destaques do musical, que reúne gente popular e erudita em obras emocionantes para o público. Os ingressos distribuídos gratuitamente estão esgotados, mas vale a pena arriscar o acesso pela fila solidária, pois é comum cancelamentos de última hora por parte de quem retira os ingressos com antecedência. A organização do evento, a cargo da Beco da Coruja Produções, solicita 1kg de alimento não perecível para entrada.
O Correio Braziliense participou do ensaio aberto, nesta sexta-feira (15/11), e confirmou a grande qualidade do show. Num ambiente descontraído, Martinho da Vila comandou a festa, cantando a cappella, bem como com acompanhamento, e recebendo os convidados no palco. Obras assinadas pelo famoso compositor carioca, que ainda tem uma voz graciosa e poderosa aos 86 anos, e nomes históricos como Alberto Nepomuceno. “Este concerto, composto em parceria com o maestro Leonardo Bruno, tem como objetivo dar a conhecer o negro na música erudita. Muita gente pensa que a nossa participação foi pequena, mas não é o caso. compôs música secular. Mais tarde, começou a criar música sacra e se tornou um dos maiores compositores do século XVII. Abertura reversa“, explica Martinho, didaticamente, antes da Orquestra Zumbi dos Palmares apresentar a obra ao vivo.
A fantástica abertura é seguida pela chegada ao palco de participações muito especiais: Dhi Ribeiro, de Brasília, solta a voz em Aquarela brasileira (de Martinho da Vila); a Família Coral Alcântara harmoniza um grupo virtuoso de vozes em canções tradicionais; Diego Silveira, professor da Escola da Música de Brasília, transita com Ninguém sabe o problema que eu vi (de Louis Armstrong; enquanto a cantora lírica Aida Kellen captura corações e eleva todas as almas do público ao paraíso, numa interpretação deslumbrante do clássico Verãode George Gershwin – “o homem branco mais negro da história dos Estados Unidos”, segundo o maestro Leonardo Bruno.
Em quase duas horas de apresentação, o espetáculo mantém um constante clima de encantamento, que se intensifica quando a pernambucana Lia de Itamaracá pega o microfone. Aos 80 anos, o mestre da cultura popular brilha com suntuosas roupas amarelas e interpreta dois clássicos: Lia me deu (de Antônio Baracho) e Meu círculo (Autoria própria). Move-se o abraço fraterno entre Lia e Martinho: duas vozes, herança brasileira, que entregaram bênçãos ao país em forma de cultura.
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