Criador da saga Guerra das EstrelasO cineasta americano George Lucas, de 80 anos, abriu o jogo ao público de Cannes nesta sexta-feira (24/5), às vésperas de receber a Palma de Ouro honorária.
Durante conversa com o público do festival, Lucas fez revelações como o dia em que invadiu a exibição francesa em 1971 e críticas sobre a falta de diversidade em seus filmes.
Sem ‘recompensas’
Apesar dos bilhões de dólares que seus filmes renderam, o cineasta americano nunca ganhou um Oscar, exceto uma estatueta honorária.
“É sempre bom receber reconhecimento”, comentou nesta sexta-feira. “Obviamente, temos muitos fãs e todo esse tipo de coisa. Mas em termos de recompensas, não faço o tipo de filme que ganha prêmios!”
Entre em Cannes
Lucas esteve em Cannes pela primeira vez em 1971 para apresentar seu filme experimental de ficção científica THX 1138. A produção foi um fracasso de bilheteria e a Warner se recusou a pagar a viagem à França para participar do festival.
Então ele e sua equipe partiram para a Côte d’Azur. “Conseguimos ver o filme. Entramos, não tínhamos ingresso, não tínhamos nada. Só entramos”, lembrou.
Questionado décadas depois por que não participou da coletiva de imprensa sobre o filme, ele respondeu: “Eu não sabia que existia…”
‘Cães e naves espaciais’
THX 1138 Acabou se tornando um filme cult “porque as pessoas tomaram ácido enquanto assistiam”, explicou Lucas. Sua próxima produção, Loucura de verão (American Graffiti, 1973), a princípio também não agradou ao estúdio, mas arrecadou mais de 100 milhões de dólares (cerca de R$ 510 milhões na cotação atual).
Um executivo sênior da Fox Studios propôs então que ele fizesse “o que você quiser” e perguntou: “Existem outros filmes?”
“Eu disse: ‘Bem, eu tenho esse tipo de fantasia de ficção científica, um filme maluco dos anos 1930… Com cachorros voando em naves espaciais e tudo mais’”. Para sua surpresa, o estúdio aceitou. “Guerra nas Estrelas” foi lançado em 1977.
‘Ingrediente secreto’
O fenômeno de Guerra das Estrelas não existiria sem a lendária trilha sonora do compositor John Williams. E por isso, Lucas agradeceu a “Steve”, ou melhor, Steven Spielberg. Foi ele quem lhe recomendou o músico, que na época tinha fama de ser “alguém do jazz”. “Quando ouvi a música com a orquestra completa, disse para mim mesmo: ‘Meu Deus!’, relembrou o cineasta. “O som é metade do filme… É o ingrediente secreto”.
Críticas à falta de diversidade
Durante sua fala, Lucas reduziu a importância das críticas que apontam “Star Wars” como uma obra bastante branca e masculina.
“A maioria dos personagens são extraterrestres”, disse ele. “Mesmo que sejam grandes e peludos, ou verdes, a ideia é que sejam todos iguais.” Às críticas à falta de mulheres em seus filmes, Lucas respondeu: “Quem você acha que são os heróis desses filmes? E a Princesa Leia? Ela é a líder dos rebeldes”.
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