Na década de 1960, uma banda americana rivalizou com os Beatles e chamou a atenção do mundo com um estilo único que abriu portas para gerações de música psicodélica. Os Beach Boys são um dos grupos mais relevantes e aclamados da história pop. A trajetória dos californianos que caminham juntos há mais de 60 anos já está disponível em formato de documentário no Disney+.
Dirigido por Frank Marshall e Thom Zimmy, o documentário é uma obra completa sobre a empreitada que começou com os irmãos Brian, Carl e Dennis Wilson, e ganhou nomes como Mike Love, Al Jardine, Bruce Johnston e David Marks à medida que se desenvolvia. Em 1h53, o filme vai desde os primórdios humildes dos tempos pré-banda até os dias atuais. Com imagens inéditas, entrevistas exclusivas e a participação de integrantes, convidados e fãs, o filme é a celebração definitiva do que foram os Beach Boys.
O resto da banda Brian Wilson, Mike Love, Al Jardine, David Marks, Bruce Johnston dão depoimentos sobre este filme que consideram uma grande oportunidade. “Se a Disney quiser fazer um documentário sobre sua música e carreira, é uma grande oportunidade”, destaca Mike Love. “É uma honra poder relembrar aquela época, foi uma bela aventura poder cantar aquelas harmonias”, acrescenta Al Jardine.
Se para os integrantes de uma das bandas mais celebradas da história da música pop é uma honra, para os diretores envolvidos no projeto é uma sensação indescritível fazer parte de um projeto para compartilhar essa linda história com o público. “É a realização de um sonho, adoro esta banda e não acredito que posso fazer parte de algo como este documentário”, confessa Thom Zimmy.
O relacionamento de Frank Marshall é ainda mais pessoal. Ele também tinha uma banda e era muito popular entre os jovens californianos. “Eu me pergunto por que minha banda nunca deu certo toda vez que ouço The Beach Boys”, brinca. A resposta de Al Jardine é rápida e no mesmo tom de brincadeira: “você não tinha Brian Wilson”.
Porém, a questão é exaltar a trajetória da banda que não apenas moldou gerações musicalmente, mas também se tornou um retrato da juventude do estado norte-americano da Califórnia na década de 1960. Esse sentimento de nostalgia é o que move a produção. A ideia é envolver o público na história. “O documentário foi uma viagem de descoberta. Para mim, foi como ser jovem novamente junto com os membros da banda. Foi fascinante”, destaca Marshall.
De geração a geração
Mesmo com os lançamentos recentes de compilações e álbuns ao vivo, os Beach Boys não têm mais a mesma popularidade de antigamente. Porém, o impacto, mesmo que silencioso, ainda é gigantesco. “Essa música é atemporal, o corpo de trabalho é muito vasto e há muito para mergulharmos”, pontua Zimmy.
A constatação de que o tempo passou e eles ainda estão presentes é motivo de orgulho, o fato de não aparecerem mais nas paradas não tira deles o que conquistaram: o coração de seus ouvintes. “É quase um milagre que, mais de 60 anos depois de termos feito estas músicas, ainda as cantemos e ainda tenhamos resposta do público”, destaca Mike Love. “A música é imortal. Nós não somos, mas a música é. É sobre felicidade, alegria e a parte boa do mundo”, acrescenta.
Questionado por Correspondência sobre o documentário trazer um novo público para as músicas que fizeram parte do cancioneiro das décadas de 1960 e 1970, Al Jardine responde que acredita que esse público já está conhecendo os Beach Boys pela internet e que o filme é apenas mais uma forma de trazer isso para a superfície deste trabalho. “Para mim, vamos continuar, vamos avançar. Um amigo meu diz que nosso trabalho viverá séculos”, respondeu o artista.
Zimmy ressalta que esse é o interesse em fazer um documentário dessa natureza. Aproximar telespectadores e ouvintes estava no radar desde o início do projeto. “Espero que este documentário faça justiça não apenas ao grupo, mas também às pessoas que fizeram parte desta história. Como é interessante para o público e para as pessoas que amam essas músicas”, afirma o diretor.
Por mais que o documentário seja sobre acontecimentos passados, o desejo da banda é olhar para frente. “É fácil seguir em frente porque a música faz você avançar. Olhar para trás é interessante porque posso ver o quão imaturos éramos, mas tínhamos um lindo futuro pela frente. Espero que tenhamos ainda mais futuro pela frente”, pontua Al. A banda pretende seguir em frente como sempre fez, mandando boas energias para quem a ouve. “No momento, há muita negatividade no mundo. Este filme traz positividade, alegria, harmonia e esperança”, acrescenta Love.
Para conhecer os Beach Boys
A banda possui uma extensa discografia com novos álbuns, compilações e gravações ao vivo. Por isso, o Correio separa cinco títulos importantes que contam histórias do repertório da banda
Sons de animais de estimação (1966)
A maior produção da banda e o culminar da genialidade do líder Brian Wilson. Para muitos, Pet Sounds é um dos melhores álbuns da história da música pop. Numa altura em que a banda começava a rivalizar com os Beatles, surgiu um álbum complexo, experimental e, certamente, um dos mais influentes da geração. Não é exagero dizer que os sons do Pet mudaram o futuro da música.
Surfando nos EUA (1963)
Antes de mudarem a história da música, os Beach Boys eram conhecidos como uma banda de surfistas que tocavam músicas nesse estilo praiano. Surfin’ USA é um dos títulos da época mais despretensiosa do grupo.
Sorriso sorridente (1967)
O álbum que carregou o fardo de suceder Pet Sounds trouxe alguns dos maiores sucessos da banda, com destaque para Boas Vibrações. No entanto, este álbum surgiu de um projeto paralelo de Brian Wilson que nunca saiu do papel. A obra foi classificada por Wilson como: “uma sinfonia para Deus” e foi relançada em box de 5 discos em 2021, mas nunca foi considerada concluída
Os Beach Boys hoje! (1965)
O último álbum antes da virada musical que Pet Sounds causou, The Beach Boys hoje! tinha uma aura que mais tarde foi aperfeiçoada em seu sucessor, o álbum foi tratado como uma obra completa que teve seus altos e baixos. Uma das músicas mais conceituais e sentimentais da banda.
É por isso que Deus fez o rádio (2012)
Um dos últimos lançamentos com músicas inéditas, o álbum marcou os 50 anos da banda e foi o primeiro com músicas inéditas em 20 anos. Brian Wilson voltou a compor e David Marks gravou com seus amigos de longa data pela primeira vez.
tempo desde 1963.
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