O luxo da corte francesa em brasa: confira crítica de A favorita do rei

Com a Revolução Francesa prestes a bater à porta da dinastia Luís XVI, no final do século XVIII, uma mulher movimentava-se socialmente, resultando em muitos solavancos. Já em sua interpretação, chamada Jeanne Vaubernier, para o cinema, um verdadeiro furacão artístico operou na França: a diretora, atriz e roteirista Maïwenn. No período pré-impacto da figura de Maria Antonieta, Vaubernier inflamou os costumes e gozou de diferentes simpatias entre a alta hierarquia monárquica.

Maïwenn, vale lembrar, respondeu por Polisse, que ganhou o prêmio do júri no Festival de Cannes, há 13 anos, e também, num filme fenomenal (Meu Rei, 2015), montou a plataforma brilhante para Emmanuelle Bercot ganhar o prêmio de melhor atriz, ainda em Cannes. Um dos grandes pontos fortes do novo filme está na arquitetura do roteiro, elaborado por Maïwenn e dois talentos emergentes: Teddy Lussi-Modeste (sinônimo de sucesso de O Bom Professor) e Nicolas Livecchi (que colaborou com Jacques Audiard, no comemorou Emília Pérez).

A monarquia e a igreja estão entre as instituições que desprezam Jeanne, que ascende ao posto de cortesã, a partir de um relacionamento com Du Barry —ele (interpretado por Melvil Poupaud) é quem infiltra, através do duque de Richelieu, a futura esposa na trono francês adulterado (para adultério aberto). A opulência visual (que rendeu indicações ao renomado prêmio César) e o modus operandi da personagem de Maïwenn na sedução de Luís XV (Johnny Depp, controlado poucas vezes) enfeitam ainda mais o longa-metragem em destaque na abertura do Festival de Cannes.

Com a parceria credível com o criado La Borde (Bejamin Lavernhe), mostrada no filme, a figura central intriga, num fator comum à cinematografia do diretor: o motivo da devoção aos amores dolorosos. A montagem do filme (de Laure Gardette) é enxuta e há momentos de ridicularização de solenidades e circunstâncias que comoveram a corte. Além do escândalo e do aborrecimento de muitos, o filme foca superficialmente (mas de forma satisfatória) no futuro do delfim (o herdeiro virtual e neto de Luís XV).

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