O quarto dia da Mostra Competitiva Nacional do 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, realizado nesta quarta-feira (12/04), foi inteiramente voltado ao gênero ficção. Através dos telões do Cine Brasília, o público brasiliense assistiu fortemente às produções nortenhas.enquanto o céu não espera por mim (AM), recurso noturno e o curta E então aprendi a voar (RO). Mãe de ouro (MG) foi o representante sudeste da exposição.
A produção escolhida para dar início à noite de cinema foi E então aprendi a voarde Antônio Fargoni. Em Rondônia, Guilherme Sussuarana passa por dificuldades para conseguir um novo emprego, mas, na cinematografia, encontra uma oportunidade para alçar voo.
O filme é protagonizado por um cadeirante, baseado no ator que interpreta o protagonista. “Ele é um cara super envolvido com os movimentos sociais, com as causas dos PCDs, então acho que essa é a maior relevância do nosso curta”, disse o diretor. “A sala está cheia de cadeirantes, é muito legal ver esse público se apropriando desses espaços que também são deles. Espero que este filme traga muitos PCDs para todos os cinemas”, desejou.
Fargoni definiu a participação na exposição principal como “um sonho”. “É o principal festival do Brasil, então dá muito trabalho estar aqui. Há muitos anos que envio muitos filmes para cá, por isso é um grande privilégio estar aqui com Assim Aprendi a Voar”, disse. “Ontem foi meu aniversário e hoje é a estreia do filme, e estar aqui é o melhor presente que poderia receber”, comemorou.
O curta foi seguido pela exibição de Mãe de ouropor Maick Hannder. A história segue Tiana, uma mulher que se encontra em um beco sem saída enquanto luta para compreender a morte de sua irmã.
Participando pela primeira vez do Festival de Cinema, Hannder revelou que o filme é inspirado em uma história pessoal. “É baseado no feminicídio da minha tia”, disse o cineasta. “E no filme vemos Tiana tentando lidar com o assassinato de sua irmã”, explicou.
Hannder explicou que a intenção principal do filme era registrar o que aconteceu com a família, e também acontece com muitas outras. “Mostra uma história que vi de perto e é muito comum, que é de mulheres mortas por homens em quem confiam. O assassino não é punido. Então o filme é um registro disso”, disse o diretor.
A estrela da noite era Enquanto o céu não espera por mimPrimeiro longa de Christiane Garcia. Gravada inteiramente no Amazonas, a trama acompanha um humilde agricultor que luta para se manter em uma pequena fazenda com sua família, apesar das dificuldades impostas pelas enchentes dos rios. A produção é estrelada por Irandhir Santos, Priscilla Vilela e Maycon Douglas.
“Conta a história de uma família em situação extremamente climática, que passa por um colapso e precisa decidir entre ficar no local de origem ou sair em busca de uma vida melhor”, explicou o diretor.
Para o cineasta, a participação de Enquanto o céu não me espera na Mostra Competitiva representa a perspectiva amazônica sobre um evento nacional. “É fruto de uma perspectiva feminina e que retrata uma realidade que só quem mora lá pode trazer”, disse Christiane. “É um filme completamente desviado e ainda bem que esteve aqui”, comemorou.
“O festival vem endossar todo o trabalho que fazemos para criar um cinema nacional e independente”, disse Christiane. “Receber este reconhecimento aqui significa que o filme é mais visto e que há maior interesse por ele. Espero que ele possa ir a outros festivais também, por conta desse aval”, finalizou.
Recepção sob aplausos
Nem a chuva nem os minutos de atraso afastaram o público do quarto dia da Mostra Competitiva. A sala Valdimir Carvalho encheu-se de aplausos pelos filmes da noite.
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