Samara Joy tinha apenas 23 anos quando se tornou conhecida mundialmente ao subir ao palco da maior premiação internacional da música. Nascida em Nova York, nos Estados Unidos, a jovem cantora superou a brasileira Anitta na categoria Novo Artista e levou para casa o Grammy de “descoberta do ano”, além do prêmio de Melhor Álbum Vocal de Jazz. A história se repetiu no ano seguinte, quando o artista conquistou o prêmio de Melhor Improvisação Solo de Jazz e se tornou três vezes vencedor do troféu.
“Esses dois anos foram uma montanha-russa de emoções e lições aprendidas”, diz Samara Joy sobre a vida após o Grammy. Assim como muitos artistas de sua geração, a nova-iorquina ganhou reconhecimento mundial por meio da internet, quando, aos 18 anos, viralizou no TikTok com um cover de Take Love Easy, de Ella Fitzgerald. O vídeo de poucos segundos foi responsável por dar ao cantor um contrato de gravação.
“Foi muito confuso para mim, porque eu não estava acostumado a fazer isso e ainda não estou”, admite o vocalista. “Não posto com tanta frequência quanto outras pessoas que têm tantos seguidores quanto eu, mas sou grato porque, embora não seja tão consistente online, ainda há pessoas que são meus fãs e não apenas assistir um vídeo online, além de comprar ingressos para o meu show”, comemora. Atualmente, ela conta com meio milhão de seguidores no Instagram e também ouvintes mensais no Spotify.
“Tem artistas que têm milhões de seguidores, mas não conseguem vender ingressos, porque não têm uma ligação pessoal com o público. Valorizo muito esse tipo de relacionamento, ter pessoas que estão aqui durante toda a jornada e não apenas durante 30 segundos de vídeo. Quando estou no palco, canto por 90 minutos e, de alguma forma, todos me assistem até o final. Fico muito feliz que isso aconteça, porque me dá a oportunidade de criar uma história diferente a cada vez. noite”, diz ele. .
Sem deixar que prêmios e conquistas lhe subam à cabeça, Samara acredita em uma concepção diferente de sucesso. “É importante para mim ter sucesso como artista sem me sujeitar a certas coisas ou ceder à pressão de fazer algo com que não me identifico para ter sucesso. Preciso ser honesto comigo mesmo o tempo todo, saiba se estou fazendo algo porque viralizou na internet ou porque é autêntico para mim”, garante a cantora. “Quero ter sucesso sendo uma artista capaz de continuar me desafiando, mesmo que isso não ganhe dinheiro nem traga prêmios”, declara.
Novo capítulo
Agora, Samara inicia um novo capítulo em sua carreira com o lançamento de Portrait, seu terceiro álbum de estúdio. “Eu queria uma chance, principalmente depois da loucura pós-Grammy, de ainda poder explorar coisas novas. Não queria me sentir presa em uma caixa, necessariamente parte de algo que fosse popular e viral”, diz ela. “Neste novo momento, vejo as coisas com mais clareza e me sinto mais centrado como artista. Sinto-me mais confiante no que estou fazendo e no que quero apresentar”, confessa.
A intenção do artista com o álbum era fazer algo diferente e desafiador. “Era como se eu tivesse chegado a um ponto da minha carreira em que me sentia muito bem em fazer coisas específicas, mas precisava de uma mudança. Era como se eu tivesse ficado engessado, não estava evoluindo”, explica. . “Nesse álbum, porém, me senti muito livre. Senti que estava abrindo uma nova parte de mim”, comemora.
Para explorar novos aspectos de seu próprio poder musical, Samara contou com a ajuda de um septeto. “Queria encontrar artistas diferentes de todos os outros, que procurassem música e não popularidade e validação”, afirma. “Desta forma, encontrei este lindo grupo de autores e compositores que, apesar de virem de formações musicais diferentes, conseguiram, ao meu lado, desenvolver uma sonoridade única”, disse. “A química que construímos juntos nos permitiu crescer. Pude crescer e explorar diferentes partes da minha voz e da minha criatividade”, completa o vocalista.
A New Yorker define Retrato como uma representação de onde ela está artisticamente no momento. “Embora o novo álbum seja diferente dos meus dois primeiros, sinto que é uma continuação de tudo que aprendi nos últimos anos. esse álbum é o primeiro passo”, analisa.
Acostumada a receber elogios que a comparam a nomes como Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald, Samara espera ser reconhecida também por sua própria identidade. “Sinto-me honrado e grato por existirem pessoas que se sentem assim e que apoiam o que eu faço. Eu amo Billie Holiday, Sarah Vaughan e Ella, me inspiro muito nelas, mas espero que com esse álbum as pessoas comecem a como eu, ver quem sou como artista e não me comparar instantaneamente com outras pessoas”, espera.
Fã de música brasileira
Fã de Bossa Nova e Djavan, Samara conta que conheceu a cultura brasileira na faculdade, onde estudou música. “Tive professores que nos deram músicas como Desafinado, Uma vez que amei e Corcovado para aprendermos”, lembra a cantora. “O alcance desta música é tão grande que se espalhou por todo o mundo. Teve um impacto muito significativo no jazz, por isso estou eternamente grato por ter sido apresentado a ela”, recorda.
“O som original do Brasil moldou a forma como as pessoas ouvem música. Agora tudo tem batida de Bossa Nova, mesmo que não seja brasileira. As pessoas usam batidas de Bossa Nova, ou outros ritmos brasileiros, no pop, por exemplo”, exemplifica o nova-iorquino.
Em Retrato, Samara apresenta uma versão de Chega de blues, de Tom Jobim. “Não cantei em português, mas espero fazê-lo num futuro próximo. Costumo guardar esses momentos para apresentações ao vivo, mas quem sabe talvez eu grave uma versão estendida do meu álbum e lance em português. “, brinca a cantora. Durante sua passagem pelo Brasil em 2023, a New Yorker, atração do C6 Fest, apresentou ao público Chega de saudade e Flor de Lis, ambas cantadas em português.
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