Mateus Solano e Miguel Thiré já trabalharam juntos em quatro produções. Quando você começou a andar O extraCom apresentações no Royal Tulip Theatre a partir de amanhã, a dupla embarca em um método desenvolvido em parceria e chamado de “teatro essencial” pelos dois. “Usamos nosso corpo apenas para definir quem somos, onde estamos e qual é o objetivo do personagem”, explica Solano.
No palco, o ator interpreta Augusto, um figurante muito comprometido e experiente, habituado a trabalhar em produções audiovisuais. Fora dos palcos e longe das câmeras, Augusto tem uma rotina previsível e não parece se importar em viver como seus personagens anônimos até começar a questionar a validade de seu próprio trabalho. Solano e Thiré desenvolveram um método de trabalho que consiste basicamente em utilizar o corpo e a voz como guias da dinâmica cênica. “Através da mímica, um passeio pelo palco fazendo o público ver a rotina do Augusto, um passeio pelos cômodos da casa dele, o ônibus que ele pega para ir ao trabalho, o trabalho em si, o ônibus de volta”, explica Solano.
Para criar a dramaturgia, o ator trabalhou com Isabel Teixeira, que incentiva o ator a improvisar para trazer ao palco uma determinada narrativa. Assim, o ator também se torna uma espécie de autor. A liberdade é fundamental nesse processo, que envolve também a escrita, à medida que a improvisação ganha força e amadurece. Solano gravou os exercícios e as próprias falas, que posteriormente foram transcritas para serem trabalhadas na forma da voz do personagem. Em entrevista, ele explica como o personagem foi construído e por que se aprofundou nessa temática, simbólica e literal, do figurante.
Entrevista // Mateus Solano
Você pode nos contar um pouco sobre os maiores desafios deste projeto?
Sem dúvida o maior desafio foi estar sozinho no palco pela primeira vez. A segunda maior foi transformar em teatro ansiedades e questões que eram minhas e que não sabia se seriam identificadas pelo público. E o desafio transatlântico de ensaiar com um realizador que vive em Lisboa, como Miguel Thiré. Este desafio acabou por ser bom porque passei um mês absolutamente focado na produção da peça em Portugal.
Na peça, o figurante aparece tanto figurativa quanto literalmente. Você pode falar um pouco sobre o tamanho de cada um?
O extra consiste em fazer parte do fundo da cena, algo que não pode chamar muita atenção. Apesar de ser fundamental para o audiovisual, o extra nunca recebe destaque, pelo contrário. Sentir-se um figurante na própria vida é como fazer parte de uma história que não foi escrita para você. É se sentir longe de quem você realmente é e de todo o seu potencial e vocações. Por isso, usei a profissão de figurante para falar sobre um sentimento de invisibilidade que assola todos nós no dia a dia de uma vida que vivemos e que muitas vezes parece não ser a nossa. A peça gira em torno de nos perguntarmos o quanto vivemos e o quanto somos vividos.
Como esta peça dialoga com a sociedade? O que esse personagem diz sobre a sociedade contemporânea?
Acredito que o extra conversa com o ser humano perdido de hoje de inúmeras maneiras. Num mundo de falso protagonismo, onde todos são protagonistas de suas redes sociais, o que vemos na verdade são redes antissociais nas quais estamos no fundo buscando aprovação, validação e curtidas dos outros em detrimento de buscar a nossa própria autenticidade. . Essa é apenas uma das questões importantes que o público me traz como reflexão após o show. Estou muito feliz que funcione tanto para fazer os cidadãos de hoje refletirem sobre suas próprias vidas.
O que te motiva a fazer teatro hoje? Que teatro lhe interessa?
Por incrível que pareça, acredito que o teatro é o futuro num mundo onde estamos hiperconectados na ilusão da conexão através do celular, num espaço onde as pessoas se encontram para ficarem juntas e assistirem a uma história que reflete suas vidas, é um lugar cada vez mais raro e importante. Um local de encontro e comunhão, um local para lembrar que somos um animal gregário e que precisamos uns dos outros para sobrevivermos como espécie.
Qual foi a sua participação no processo de dramaturgia e qual foi a maior dificuldade nesse processo?
A dramaturgia foi construída através do processo de escrita da cena desenvolvido por Isabel Teixeira, que consiste em minhas improvisações e fluxos narrativos que são transcritos por ela e aos poucos costurados em dramaturgia junto com nosso diretor, Miguel Thiré. Foi um processo muito rico e continua a sê-lo, porque a peça é nossa e porque saiu do meu inconsciente continua a falar comigo, continua a desdobrar-se, descobrindo-se em cada vez mais camadas.
E na televisão, o que lhe interessa?
O que me interessa na televisão são bons personagens, boas histórias, uma boa equipe, afinal são muitos os fatores que definem um bom trabalho na televisão. No teatro estamos mais sozinhos e a qualidade do espetáculo depende mais do ator.
O extra
Com Matheus Solano. Sexta e sábado (13 e 14/12), às 18h e 20h, e domingo (15/12), às 17h30 e 19h30, no Teatro Royal Tulip (Hotel Royal Tulip Alvorada). Ingressos: a partir de R$ 75 (meia) e R$ 90
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