O Réveillon na Prainha dos Orixás este ano será marcado por dois dias de muita festa e espiritualidade. As comemorações da chegada de 2025 começam hoje, a partir das 15h, com o ritual do Crepúsculo de Ojás, e seguem até as 6h do dia 1º de janeiro. Unindo os povos do Candomblé e da Umbanda, o evento é considerado uma das maiores e mais diversas religiões de base africana do país. A expectativa é que a festa reúna mais de 10 mil pessoas às margens do Lago Paranoá. Apresentações musicais e fogos de artifício — adaptados à nova política de baixo impacto sonoro — fazem parte da programação, além de espaços gastronômicos, artesanais e uma área especial para pessoas com deficiência.
Segundo Mãe Baiana de Oya, do Candomblé, “a chegada do ano novo é um momento significativo para o povo do terreiro, principalmente nas religiões de origem africana”. “Este período é visto como um momento de renovação, reflexão e celebração das divindades. Representa para nós um ritual de gratidão comum que as comunidades religiosas realizam diariamente, para agradecer às entidades pelas bênçãos do ano anterior e pedir proteção e prosperidade para o novo ciclo”, explica.
Para o representante do Candomblé, esta celebração também fortalece os laços comunitários e a transmissão oral das tradições, garantindo a perpetuação da cultura e das religiões afro-brasileiras. “É uma forma de renovar a nossa espiritualidade e as nossas energias, além de buscar a purificação da nossa alma”, acrescenta Mãe Baiana de Oya.
“O Ano Novo é um momento de reflexão sobre o fim e o início de um ciclo, e para nós é importante comemorar esse momento e agradecer pelas bênçãos recebidas”, concorda Rafael Moreira, presidente da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno. “Estamos em uma cidade que representa a diversidade do nosso país, e nada mais justo que a cultura afro-brasileira esteja presente nessas comemorações”, destaca Rafael.
Por isso, Bábà Joel de Osàgíyan, do Candomblé, defende a importância da criação e manutenção de locais como a Praça dos Orixás, como forma de reforçar a existência dessas religiões. “Apesar de estarmos num país com Estado laico, ainda somos perseguidos. Precisamos mesmo de ter um espaço para poder dizer quantos somos, quem somos e onde estamos”, pontua.
O representante destaca ainda: “Todo mundo tem um pé em África”. Passar o réveillon de branco, acender velas, pular sete ondas e jogar flores na água são alguns dos exemplos de tradições herdadas das religiões africanas.
A água, aliás, é um dos principais elementos das comemorações do Réveillon do Candomblé e da Umbanda. “Precisamos de um lugar à beira de um lago, de um rio ou do mar, porque é lá que sentimos uma energia muito forte e terminamos o ciclo do ano que está se concluindo. que está por vir, na energia da água”, compartilha Mãe Cícera da Oxum, da Umbanda.
“Lá acendemos nossas velas e tomamos nosso banho de aromas e ervas, antes do Réveillon, para receber o ano novo com o coração limpo, com toda a força e energia dos nossos orixás, guias e mentores”, finaliza. .
Início das comemorações
A partir das 15h, o ritual Crepúsculo de Ojás dá início às comemorações do Ano Novo na Praça dos Orixás. Criada há 15 anos e realizada há 10 na Prainha, a manifestação convida os participantes a levarem seus respectivos ojás (panos brancos) para enfeitarem todas as árvores do espaço com fitas, pedindo paz, amor, energia positiva, saúde e prosperidade para o comunidade.
“O ritual também é uma forma de demarcar território e dizer que nós, povos de religiões de matriz africana, resistimos e existimos. É um momento de comunhão, de louvar o sagrado e agradecer a Oxalá, Iemanjá e Oxum e pedir força a os nossos Orixás”, descreve Bábà Joel de Osàgíyan.
Programação completa
Segunda-feira (30/12)
15h: Ritual do Pôr do Sol de Ojás
17h: Roda Sambrasília e Real Samba
18h: Samba dos Amigos SDA
20h: Valerinho Xavier e Tereza Lopes
22h: Samba de Tia Zélia
0h: Ponto Br
Terça-feira (31/12)
18h: Encontro dos Tambores Aruc e Capela Imperial
19h30: Célia Rabelo e Rosemaria
21h: Asé Dudu
22h: Coletivo das Yas
23h: Apresentações de expressão de religiões de origem africana e afro-brasileira
0h30: Banda Patacori
1h: Ana Cardoso
2h: Jóia de Couro
4h: Grupo Cultural Obará
6h: Encerramento das atividades
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