Diretor de cinema há mais de 25 anos, o paulista Paulo Machline já explorou tudo, do carnaval ao futebol nas telonas. Veja trinta (2014), em torno de Joãozinho Trinta e do indicado ao Oscar Uma história de futebol (que emulou Pelé, em 1998). Agora, com o longo Meu sangue ferve por você, Machline examina as bases da quase devoção, com a exploração explosiva da imagem sensual do cantor Sidney Magal, ícone de uma época. “De certa forma, trouxe uma trilogia brasileira. Amo meu país: acho a cultura brasileira muito rica. o que precisamos. Tenho o prazer de apresentar essas histórias para o público em geral”, comenta Machline, em entrevista exclusiva ao Correspondência.
Acontecimentos reais, retratados por Magal, se misturam ao roteiro com as histórias que a dupla gostaria de contar. “O filme é uma comédia romântica, musical. Busquei informações e pesquisei, além de assistir filmes, para entender as estruturas dos roteiros desses dois gêneros. Buscamos a estética e a dinâmica da linguagem da indústria indiana, com Bollywood representado, e bebi da escola francesa de documentários, além da abordagem hollywoodiana”, observa o cineasta. Quem interpreta o cantor, que hoje tem 73 anos, é Filipe Bragança (hábil também para cantar em palco). Giovana Cordeiro dá vida à menina comum que mora em Salvador (BA), e ao futuro amor eterno de Magal, Magali West. Com roteiro de Roberto Vitorino e colaboradores, o filme traz, em papéis de destaque, Caco Ciocler, Emanuelle Araújo e Sidney Santiago Kuanza.
Ao contar a história de amor entre Magal e Magali West, unidos há mais de 40 anos, Paulo Machline optou pela simplicidade. “Isso facilita o entendimento. Lidamos com valores que foram perdidos ao longo do tempo, lá fora. O amor é um sentimento essencial para continuarmos, seja amor ao próximo ou paixão por alguém. Trazemos esse sentimento, agora que estamos vivendo um momento muito complicado, no Rio Grande do Sul vemos a tragédia, extremamente triste, é muito difícil seguir em frente, mas existe amor”, enfatiza o cineasta, que liderou a equipe, às vésperas de. a eclosão da pandemia em 2020. “Foram dois anos de interrupção, e houve mudanças no elenco, então refiz o roteiro. uma camada do filme que foi fundamental para as filmagens: a representação dos fãs.
Do amor à primeira vista à paixão desenfreada, Meu sangue ferve por você acompanha o desenvolvimento de sentimentos e situações simples. “Isso tem que estar presente, para a gente crescer como ser humano e como sociedade. Sou a favor de facilitar o entendimento das pessoas (em relação ao filme)”, afirma o diretor. Com propostas para apresentar o filme em mostras que percorrem os Estados Unidos, onde reside atualmente, Machline comemora uma possível porta de entrada para consolidar sua carreira estrangeira, ao desenvolver seu primeiro projeto internacional. “São poucos os filmes em português que fizeram carreira lá. E agora temos convites”, afirma.
Três perguntas //Sidney Magal, cantor
A ingenuidade e os valores ultrapassados estão na trama?
Tenho uma visão sobre a nostalgia alinhada com a que tenho sobre o cafona. Eu sempre falei que brega, na época eu sofri preconceito por ser uma artista brega, era um gosto diferente do nosso. Breguicy nada mais é do que isso: uma pessoa muito simples costuma se vestir de chita; Quando ela chega em uma festa em outra sociedade, com as mulheres todas de seda, ela acha cafona e as mulheres acham que a mulher, de chita, vestida assim, é cafona. Acho que é exatamente a mesma coisa em termos de sentimento, emoção. As pessoas estavam realmente se afastando — até na própria música popular brasileira. De repente, tudo ficou muito mais erotizado do que emocionalmente comovente. Você vê que não é culpa das pessoas que elas fiquem longe. As pessoas experimentam a saturação e isso as transforma.
Há nostalgia no longa-metragem?
No filme pensamos: por que não apresentamos algo que pode parecer nostálgico, antigo, mas que, na verdade, nunca deixará de ser humano? É o caso da minha história: ela nunca deixará de ser humana, mesmo sabendo que quase ninguém conhece uma pessoa e diz: ‘você é a pessoa da minha vida, quer casar comigo, eu te amo e você será a mãe dos meus filhos? crianças’, 10 minutos depois de conhecer essa pessoa. Ficamos surpresos com os sentimentos: você não sabe de onde eles vêm. Minha espiritualidade é muito grande — acho que as pessoas, de outros universos, já se esbarraram, se encontraram. De repente, você bateu novamente em alguém que já fazia parte da sua história! Temos que pensar no que aconteceu, e foi muito bom, para enriquecermos.
O que você descobriu sobre você ao assistir ao filme?
Me identifiquei bastante e fiquei muito emocionada com o filme. Há quem diga que fui libertador, pela liberdade de expressão que tive em palco. Talvez nunca tenha percebido ao longo da minha carreira porque fui espontâneo, fiz tudo sem olhar para mim. O público sempre assistiu. Foi algo que me surpreendeu. Eles olham para o Magal dos anos 1970 e dizem, você me ajudou a crescer, você me ajudou, a ser feliz. O resultado é muito positivo e estou muito feliz. Vejo com muita alegria tudo o que passei, os programas de televisão, os discos de ouro, enfim, o contato com um grande público. Você deve saber valorizar sua história e seu crescimento e maturidade; Eu sei dar esse valor.
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