O intérprete de Hugo no longa-metragem Metade de nósque estreou nos cinemas brasileiros no dia 30 de maio, Kelner Macêdo entrou na produção “nos 45 do segundo tempo” e mergulhou intensa e profundamente nos 10 dias de preparação para compor o vizinho que começa a interagir com o pai que se muda para o apartamento — agora cheia de vazio e tumultuada com histórias a serem descobertas — onde morava o filho que se suicidou.
“Foi muito intenso construir esse personagem, entender suas camadas e correr atrás do tempo que a equipe já trabalhava antes de eu chegar. Mas foi muito bonito, um processo muito rico para mim, em todos os sentidos, como humano, como uma pessoa política na sociedade, como artista acho que me transformou completamente, realmente mudou minha perspectiva sobre o mundo, sobre a vida, sobre a valorização das coisas, sobre os momentos com as pessoas que amo. alma nesse processo”, disse o ator, protagonista do premiado. Corpo elétrico (2017).
Metade de nós é um filme que trata de temas tabus, como o suicídio, e, segundo Kelner, muitas outras camadas da natureza humana, como a elaboração de sentimentos e novas perspectivas. “Mas ele [o filme] aponta caminhos para a vida. Isso é o que eu acho lindo”, acrescentou o paraibano de 29 anos, que foi convidado diretamente pelo diretor Flávio Botelho — que criou o filme a partir de uma experiência pessoal: o suicídio da irmã.
Elaboração do luto
O filme recebeu prêmios de melhor ator em Punta del Este (Uruguai) e foi eleito o melhor pelo público na Mostra de São Paulo, sem contar a Menção Honrosa para atores no Festival MixBrasil.
“Metade de nós trata do sofrimento, dessa tentativa desesperada de elaborar esse luto e de passar por essa dor tremenda que corrói a alma daqueles personagens. Eles estão tentando, passando dia após dia, passando por esse sofrimento, passando por essa dor, do seu jeito, do ponto de vista muito particular deles, mas estão tentando. É essa tentativa que eu acho muito bonita, muito genuína e que fala muito de nós, da nossa vida, que é essa eterna tentativa de nos entendermos no mundo, de estarmos em paz conosco mesmos e de seguirmos em frente, apesar tudo. Apesar da dor, encontrar beleza na vida”, destacou Kelner Macêdo, que divide cena com as veteranas Cacá Amaral e Denise Wainberg.
O filme acompanha Carlos (Cacá) e Francisca (Denise) tentando reconstruir suas vidas, tentando sobreviver e tentando desenvolver novas perspectivas a partir de um acontecimento que desorienta toda a sua vida, que é o suicídio de seu único filho, Felipe. “A história é sobre esse casal, esses pais tentando obter sua própria perspectiva sobre o luto, tentando superar esse luto, cada um à sua maneira e tentando resolver as mil questões que surgem desse acontecimento”, explicou Kelner.
No filme, esses personagens sofredores são obrigados a seguir caminhos muito particulares, na tentativa de sobreviver a partir desse acontecimento, de reconstruir suas vidas, e então se separam. Carlos vai morar no apartamento do filho, Felipe, e conhece Hugo, que era vizinho do jovem. “Nossa relação começa a partir desse encontro, porque eles agem a partir de uma falta comum. Acho que eles se apoiam na ausência, na elaboração do luto. E, apesar de tudo, e quando chega a última cena, você diz: Nossa , ainda dá para continuar, sabe? E isso é muito bonito para mim diante dessas perspectivas que o filme traz”, defendeu o intérprete de Hugo.
O poder da arte
Para o ator (que também integra o elenco principal das produções originais do Globoplay Verdades secretas 2, Sobre pressão, Os outros Isso é Guerreiros do Soleste ainda a ser exibido), esse é o poder da arte.
“A arte continua viva e continua a surgir de lugares que menos imaginamos e que nos atravessam completamente. São perspectivas muito positivas para o futuro”, concluiu Kelner, que também lança um novo filme, no qual tem participação, mas que , segundo ele, foi bem diferente, trazendo outras possibilidades de construção de sua atuação.
“Foi um bom desafio, rápido, mas divertido de fazer, que é o filme Bandido, número 1, de João Wainer, que estreia dia 20 de junho nos cinemas. Então tem uma dobradinha nossa no cinema nacional.”
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