Um ritmo composto, em sua maioria, por jovens promissores e talentosos. A nova geração do trap e do rap brasileiro, se é que se pode chamar assim, é representada por grandes perspectivas em nível nacional — e até internacional. Dois deles são bastante conhecidos, vieram do Nordeste e têm milhões de fãs na internet. Teto, 22 anos, natural de Jacobina, na Bahia, e WIU, 22, natural de Fortaleza, no Ceará, certamente não são mais considerados uma promessa. Muito pelo contrário, aparecem no meio de uma realidade que eles próprios ajudaram a construir.
Juntos, eles têm quase 18 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Músicas que alcançam cerca de 250 milhões de reproduções. Eles estão definitivamente no topo das paradas. Recentemente, eles lançaram uma colaboração pela primeira vez. Algo feito outras vezes, mas sempre na companhia do amigo Matuê, rapper e líder da gravadora onde WIU e Teto estão presentes, a 30PRAUM.
“Nunca participamos juntos até então. É uma parada inédita, e foi muito louco, porque é uma música completamente diferente do que a gente faz. Trouxemos algo mais rimado, versado, no estilo de muitas músicas que também gostamos de ouvir. Esse momento, no estúdio, foi bem leve e simples. Estávamos nos reunindo em Fortaleza, no QG 30, durante três dias, criando juntos, sem estarmos presos a nada”, detalha a WIU.
Acompanhar, Problemas de um milionário, tem 40 milhões de reproduções nas plataformas digitais. Para a artista, a batida e a melodia, com violão em ritmo hispânico, trouxeram a vibe ao single. Algo que os dois tanto procuravam finalmente aconteceu. “Primeiro escrevi um verso e não gostei. Pedi para o WIU ficar sozinho no estúdio, para criar letras que estivessem à altura do que ele fazia”, lembra Teto.
Ambos queriam que a música fosse lançada sem autotune, ferramenta de correção de voz usada exageradamente para dar um efeito metálico ao canto. O rapper cearense destaca que, graças à mente aberta, não se limitam à criatividade. Um feito que chamou até a atenção de artistas internacionais, como Central Cee, que se apaixonou pela batida e ainda entrou em contato com a WIU pelas redes sociais. “Ele disse que ia fazer um remix, que gostou muito. Estamos esperando para ver o que acontece”, revelam.
Espetáculos, festivais e responsabilidade
“Esteticamente somos muito amplos e plurais”, respondem os dois, na consonância de quem é amigo além da música. Sabendo disso, reconhecem a responsabilidade que têm num cenário que, anos atrás, e ainda hoje, enfrentou muito preconceito. Apesar das dificuldades, principalmente para quem vem de onde veio, tornaram-se expoentes, com shows e festivais à altura de seus talentos.
“Temos muito amor pela coisa. Adoramos estar no palco, conhecer nossa gente é o máximo estado de pureza que podemos ter com nossos fãs. Eles (o público) sentem essa genuinidade”, destaca Teto. Mais que uma apresentação, uma experiência, na verdade. A WIU acredita que, além de cantar, conversar, interagir e envolver os presentes no evento. Tudo isso faz mais do show. “Trazer uma energia diferente e levar um sorriso ao rosto de quem pudermos”, completa o artista cearense.
Em setembro, eles estarão no Palco Mundial do Rock in Rio 2024. Ao lado do amigo Matuê, dividindo o dia com 21 Savage, Ludmilla e Travis Scott, o grande nome da noite. “Essa é uma forma de saber que nosso trabalho está no caminho certo. Me sinto cobrado e com muita responsabilidade, mas é extremamente gratificante prestigiar o trap dessa forma”, enfatiza Teto. Muito sucesso e representatividade. Carreiras que estão apenas começando, mas que já revelam histórias lindas e especiais. Num gênero que cresce anualmente no país, Teto e WIU, contrariando as estatísticas, mostram que tudo é possível com dedicação e crença no trabalho duro.
Futuro e expectativas
“Hoje o que vejo com clareza, ainda mais depois de colocar meu nome na pista, é que para quem vem do Nordeste, às vezes, terá que dar 10 vezes mais de si.” A crença da WIU, sendo um expoente para tantos jovens, baseia-se no conhecimento de que crescer na armadilha, fora do Rio de Janeiro e de São Paulo, não é tão fácil. Ainda assim, eles conseguiram tal feito com maestria.
Agora, ao contrário do que pensam, vão aproveitar o momento e a viagem, claro. Mas também, trabalhar para que o seu legado permaneça. Quanto ao futuro, a WIU promete um álbum em breve, ainda sem data definida. Teto também, mas confessa que está levando o projeto com muita calma e seriedade, sem deixar que o processo criativo interrompa a essência que o fez chegar aos holofotes.
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