Há 80 anos nascia no Brasil um compositor que mais tarde mudaria para sempre a forma como a música brasileira era entendida: Chico Buarque comemora hoje seu aniversário. As celebrações, no entanto, pertencem aos amantes da música de todo o país e do mundo. O que mostra que a relevância atravessou gerações. Chico se tornou um dos maiores de todos os tempos no que faz no país.
Francisco Buarque de Hollanda, nascido no bairro do Catete, no Rio de Janeiro, queria ser arquiteto. Em 1963, ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), mas após dois anos de estudo decidiu seguir a carreira artística. Em 1966, venceu o Festival de Música Popular Brasileira com a música A banda, que tomou conta das rádios do país.
Os anos se passaram e Chico gradualmente tornou-se cada vez mais importante para a cultura brasileira. Escreveu composições que cantou com voz própria e marcaram época, como nos casos de Construção e Roda viva, mas também é importante por ter escrito para Nara Leão, Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia, Simone, entre outros cantores. “Na sua obra musical, soube ser lírico sem banalidades; cronista do quotidiano como poucos; portador de um eu lírico feminino que deu voz às mulheres (através das nossas grandes cantoras) numa fase em que ainda eram poucas importantes compositoras e letristas”, afirma o historiador da música Rodrigo Faour. “Apesar de não gostar de canções de protesto oportunistas, eternizou as suas canções, que ainda hoje podem ser cantadas em contextos diversos, tão profundos e de amplo espectro”, acrescenta.
Rodrigo destaca que as músicas eram tão importantes que iam além da mídia, pois antes mesmo de se dedicar exclusivamente à música já escrevia para peças de teatro e novelas. “Chico viajou paralelamente à música pelo cinema, teatro e dança, compondo temas antológicos para filmes, peças e balés que transcendiam os personagens originais e as obras para as quais foram compostos”, aponta Faour.
No entanto, não foi apenas a música que chegou a outras mídias. A habilidade lírica e narrativa de Chico está presente na literatura brasileira, o que o tornou vencedor do Prêmio Camões, a maior homenagem da literatura de língua portuguesa. “E num segundo momento de sua carreira, após ter escrito um romance (“Fazendamodel”), algumas peças e roteiros junto com outros autores, inclusive filmes, tornou-se um escritor mais prolífico, com seus escritos traduzidos para todo o mundo, até mesmo sendo mais conhecido que o próprio músico e letrista no exterior”, lembra o historiador.
Além de tudo isso, Chico Buarque tem menor importância política e social se comparado a outros artistas. Ele foi a voz dos protestos desde a época da ditadura até os dias atuais, quando o Apesar de Você foi cantado nas manifestações contra o governo Bolsonaro. “Por esses e outros motivos, o Brasil deve se curvar à excelência de um artista que sempre foi fiel à sua cultura, ao seu povo e foi um farol dos direitos de sua classe e dos menos favorecidos dentro da arte”, explica Faour.
Brasília exalta o ídolo
Apesar de carioca, a influência de Chico não tem fronteiras. Na praça, o show Chico 80 Paratodos homenageia o tamanho do amor que os brasilienses sentem pelo músico. “É de fundamental importância que um gênio brasileiro como Chico Buarque seja homenageado ao completar 80 anos. Não é sempre que conseguimos fazer isso com o grande ídolo ainda presente entre nós”, afirma Joaquim França, maestro, diretor musical e pianista No show. “Viva os seus 80 anos. Afinal, Chico é um consenso nacional”, completa.
A produtora Tita Lyra ajudou a conceber a ideia de fazer um show só para Chico no aniversário do cantor em Brasília, lutou por espaço e conseguiu colocar um grupo forte de músicos no palco do Clube do Choro. “Acho que nunca haverá uma homenagem digna de uma obra tão maravilhosa e diversificada como a de Chico Buarque”, destaca Tita. Porém, o espetáculo representa a convergência entre os critérios de apurada excelência técnica musical e a admiração de cada um dos sete artistas envolvidos pelo compositor”, acrescenta. A apresentação acontece hoje, a partir das 20h30. , também será realizada uma sessão extra para amanhã.
Para que essa homenagem acontecesse, a banda teve que assumir a responsabilidade de apresentar algumas das composições mais marcantes do cancioneiro nacional. “Reunimos uma equipe que tem muita afinidade entre si e com o trabalho do Chico para executar lindos arranjos do Maestro Joaquim França. Nossa homenagem é humilde e sincera”, afirma o baterista Ticho Lavenère. “Foi uma “missão quase impossível” para os três cantores, o maestro Joaquim França e a nossa produtora Tita Lyra! Para completar a costura desta colcha chicobuarqueana, juntaram-se Jayme Ernest, Fernando Nantra e Ticho Lavenère”, acrescenta ainda o criador e cantora, Anna Cristina.
“Somos todos buarqueanos. Somos todos chicólatras”, brinca Tita. E o motivo de tanto amor é óbvio: “Por tudo que o Chico representa, sua intelectualidade, sua importância no cenário musical, teatral e literário, pelos prêmios que recebeu, por ser referência, não só no Brasil, mas também no exterior “, finaliza a cantora Lúcia de Maria.
Vivendo do Chico
Uma pessoa tão influente com uma obra tão extensa não é homenageada apenas em seu aniversário. Há músicos em todo o Brasil cujo trabalho é dedicado a Chico Buarque. Negro Grilo, Marcus Viana e Nando Santos decidiram juntos que dedicariam uma música própria ao cantor e, mesmo sem Francisco na banda, formaram o 3Chicos.
Negro Grilo, percussionista da banda, vem de Recife elogiar seu ídolo em Brasília. Acrescentou ritmos pernambucanos e afro-brasileiros ao trabalho de Chico para que o grupo fizesse sons únicos e ao mesmo tempo uma homenagem. “A homenagem passa a ser não apenas uma reprodução fiel, mas uma reinterpretação e celebração criativa e emocionante da obra de Chico Buarque”, afirma o artista que se orgulha de ter jogado futebol com Chico Buarque quando ele fazia parte da banda Seu Chico. “Passamos o dia inteiro com ele e jogamos futebol, fiz o primeiro gol da Banda Seu Chico contra o time do Chico, fiquei orgulhoso disso de brincadeira, claro”, lembra.
A razão pela qual vivem do grande artista é simples dentro de toda a complexidade do que fez Chico Buarque. “Chico é um artista completo e qualquer homenagem é pequena se comparada a uma obra enorme como a sua, que começa na década de 1960, passa por todos aqueles anos tão difíceis da ditadura, com a censura obrigando-o a mudar versos de músicas, textos de teatro, em curto, e ainda transmitir a mensagem de forma brilhante” elogia Marcus Viana. “Homenagear o Chico é uma “responsabilidade”! Exige tempo, estudo, dedicação, mas fazemos com muito amor”, finaliza.
Chico 80 Paratodos
Show, hoje e amanhã, às 20h30,
no Choro Clube
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