O ator Deo Garcez, que dá vida ao personagem abolicionista Luiz Gama no teatro e na TV, receberá uma homenagem nesta sexta-feira (21/6) por sua dedicação à luta pela igualdade racial, pela liberdade e pela democracia. Oferecida pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), a Medalha Luiz Gama é uma homenagem desenhada por Oscar Niemeyer, entregue a Deo no aniversário de 194 anos de nascimento de Gama e conquistada pela primeira vez por um artista.
O espetáculo teatral Luiz Gama – Uma Voz pela Liberdadedirigida por Ricardo Torres e de autoria de Deo há nove anos, é uma obra reconhecida pelo público e pela crítica como um instrumento antirracista na recuperação da história de um negro revolucionário na luta pela libertação dos escravizados no Brasil.
A peça rendeu ao ator a Medalha Pedro Ernesto da Câmara Municipal do Rio de Janeiro (2019) e o Diploma Abdias do Nascimento (2021). As conquistas geraram um convite feito pela Rede Globo para Deo interpretar Luiz Gama também na novela Nos Tempos do Imperador em 2021.
Deo comenta em entrevista ao Correio sobre sua gratidão pelo reconhecimento de sua trajetória profissional de negro por sua representação: “Sou um ator preocupado com questões sociais a serem discutidas dentro da arte. Meu trabalho é ao lado de uma equipe que está junta há quase uma década nessa jornada de luta pela igualdade. Esta homenagem homenageia minha ancestralidade e personagens heróis invisibilizados pela historiografia oficial brasileira.”
Luiz Gama tem importância fundamental na vida pessoal e na carreira do ator. Ele costuma dizer que o próprio DNA mudou com a interpretação e os ideais do símbolo são colocados em prática na convivência. “Sinto-me uma pessoa melhor por trazer a história e a contribuição do Luiz para a luta pelos direitos humanos!”, exclama.
(foto: Divulgação)
A preocupação em trazer os debates sociais para a arte, além da diversão, é um fator importante para a Deo. Ele ressalta que os resquícios da escravidão permanecem até hoje e ícones da luta antirracial foram intencionalmente apagados dos livros escolares. “Destaco também personagens empregadas domésticas, cujo papel explora a relação de abuso de poder entre patrão e empregado, algo absolutamente escravocrata”, reflete.
Em dez anos, cerca de 45 mil pessoas assistiram à peça e Deo afirma que a maioria nunca tinha ouvido falar da história de Gama. O ator reforça que o combate ao racismo não é só dos negros, mas de todos que aspiram à democracia. A recuperação histórica que Deo e sua equipe realizam é um trabalho de luta constante contra o sistema. “Assista ao programa e conheça a verdadeira história do Brasil, aquela que não era contada nas escolas.”
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