A escritora Adélia Prado ganhou o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. A escolha foi feita nesta quinta-feira, 20, pelos imortais da Instituição. Ela ganha R$ 100 mil pelo prêmio, e a cerimônia acontece no dia 19 de julho, data de aniversário da ABL.
O Prêmio, que leva o nome do fundador da Academia Brasileira de Letras, existe desde 1941 e já reconheceu autores ilustres como João Guimarães Rosa, Mário Quintana, Dalton Trevisan, Érico Veríssimo e Cecília Meirelles.
Aos 88 anos, Adélia Prado é um dos principais nomes vivos da literatura brasileira. Seus versos, que mesclam lirismo cotidiano, influência religiosa e vivência feminina, foram descobertos por Carlos Drummond de Andrade na década de 1970. O escritor teve acesso ao manuscrito de BagagemPrimeiro livro de Adélia Prado, e incentivou a publicação da obra de Imago, em 1976.
O poema que abre o livro é também aquele que marcou sua carreira: Com licença poética. Através da intertextualidade com a poesia de Drummond, a autora fala sobre a angústia de se tornar mulher.
Abaixo, confira 3 poemas essenciais da obra de Adélia Prado:
Com licença poética
“Quando nasci um anjo esguio,
daqueles que tocam trompete, ele anunciou:
carregará a bandeira.
Carga muito pesada para as mulheres,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem ter que mentir.
Não sou tão feio a ponto de não poder me casar,
Eu acho o Rio de Janeiro lindo e
Agora sim, agora não, acredito no parto sem dor.
Mas o que sinto eu escrevo. Eu cumpro meu destino.
Inaugurei linhagens, fundei reinos
– dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já meu desejo de alegria,
suas raízes remontam ao meu mil avô.
Ser coxo na vida é uma maldição para um homem.
A mulher é desdobrável. Eu sou.”
Bagagem1976
Tempo
“Enquanto eu estava feliz, eles permaneceram
um bule azul com uma casca no bico,
uma garrafa de pimenta ao meio,
uma casca e um céu claro
com estrelas recém-criadas.
Eles resistiram em seus lugares, em seus escritórios,
constituindo o mundo para mim, tela
para o que foi um ataque:
De repente é bom ter um corpo para rir
e balance a cabeça. A vida é mais longa
feliz do que triste. É melhor ser.”
Bagagem1976
Laetitia Cordis
“Fique quieto por um minuto e veja o milagre:
o tempo está nublado pela manhã
um pouco de frio e névoa.
Meu coração, amarelo como um pequi,
bate assim:
Jônatas, Jônatas, Jônatas.
Ao meu redor eles dizem:
Apesar da neblina, parece que o sol está ameaçando.
Penso em Giordano Bruno
e que amante incrível ele seria.
eu quero dançar
e assistir a um filme eslavo, sem legendas,
adivinhando a hora em que o som estrangeiro
está dizendo eu te amo.
Como o homem é lindo,
como Deus é lindo.
Jonathan sou eu encostado na minha bicicleta,
posando para um retrato.
Quando eles estão maduros
o pequis racha e cai,
Eles formam ninhos no chão feitos de pedras preciosas puras.
Meu coração quer pular,
bater lá fora,
como o coração de Jesus.”
A faca no peito1988
Os poemas podem ser encontrados no livro Poesia Coletada, da editora Record. O preço é R$ 159,90.
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