O garoto que não deveria estar é o lançamento literário do médico e professor da Universidade de Brasília (UnB) Gabriel Graça de Oliveira. Na obra, ele descreve o processo de transição de gênero aos 48 anos. O autor explora o transgenerismo como condição e expressão humana diante dos preconceitos da sociedade. O evento de lançamento será na segunda-feira (07/08), na Livraria Travessa do Casa Park Shopping, às 19h.
Foi numa aula ministrada sobre disforia de gênero que o psiquiatra descobriu sua própria identidade. O que significa ser homem e o que significa ser mulher? A pergunta de Gabriel reflete sobre os papéis de gênero nos aspectos antropológicos e clínicos. Ao examinar pensadores da biologia e das áreas construtivistas, ele relata questões desde a infância até a idade adulta.
A história atípica da transição de Gabriel foi que ele não passou por sofrimento e foi apoiado durante grande parte de sua vida pessoal e profissional. “A expectativa de vida das pessoas trans no Brasil é de 35 anos. É o país que mais mata gente no mundo e 40% comete suicídio”, lamenta. O psiquiatra teve o privilégio de ter uma narrativa feliz.
O livro reúne pesquisas e teorias de pensadores em formato autobiográfico. Disciplinas como antropologia, neurociência, psicologia, filosofia, fenomenologia e evolucionismo ajudam a autora a navegar na reflexão sobre as questões de gênero e a própria transição. “Ao aumentar o conhecimento científico das pessoas sobre o assunto, combate-se o preconceito”, acredita.
O professor diz que pensou que ela era uma garota homossexual durante a maior parte da vida, mas o desconforto com o corpo dela era constante. “Eu me sentia um menino desde criança, mas procurei me entender no mundo pela forma como as pessoas me tratavam. E todos que me amavam me tratavam com feminilidade”, diz ela. Ele afirma que a confusão entre orientação sexual e identidade de gênero permeia a sociedade até hoje.
Na década de 1980, Gabriel não teve coragem de iniciar a transição e esperou 20 anos antes de iniciar o processo. “Mesmo com medo de me assumir, me entender como transgênero já fez muita diferença”, garante. Ele ressalta que, se os tempos já eram ruins para os homossexuais, foram ainda piores para a transição.
Aos 48 anos, ele percebeu que queria viver a sua própria verdade. Professor certificado e com estabilidade, Gabriel decidiu seguir em frente e deixar de ser refém do medo. “Minha coragem evoluiu junto com os tratamentos hormonais e a aceitação da sociedade”, reflete.
Além dos aspectos biológicos e dos papéis de gênero, a psiquiatra afirma que o mundo clama por um homem novo e evoluído. O machismo de ser forte, não chorar e não demonstrar emoções impacta Gabriel na transição. Ele se opõe à brutalidade do exercício do poder imposto à condição masculina. “A evolução das espécies deve acompanhar os avanços tecnológicos e culturais”, afirma.
Como médica e educadora, Gabriel questiona a postura dos pensadores construtivistas ao interpretar o gênero apenas como uma construção social, o que levaria a deixar de lado o tratamento hormonal. “Querem que não haja mais diagnóstico e sem CDI não há ajuda do SUS”, alerta. Hoje a CID sobre transgeneridade é encontrada em questões relativas à sexualidade.
A capa do livro é ilustrada por Roger Mello e a apresentação é escrita pela atriz Glória Pires. “Os dois ficaram emocionados com a minha história”, revela o professor. Compartilhar a experiência pessoal e coletiva que tantos enfrentam é uma esperança para Gabriel de que as pessoas trans não se sintam tão sozinhas na luta para serem elas mesmas.
Serviço
O garoto que não deveria estar
Por Gabriel Graça de Oliveira. Editora Artêra, 154 páginas.
Lançamento na segunda-feira (7/8), às 19h, na Livraria Travessa do Casa Park Shopping (SGCV SUL Lote 22 – 4A – St. Park Sul)
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