O processo de doação de terrenos do Governo do Distrito Federal para a construção da sede da Fundação Athos Bulcão foi interrompido por um furacão político em 2009. Dias antes da operação Caixa de Pandora, que desmantelou um esquema de corrupção e resultou na condenação de O então governador José Roberto Arruda, anunciou em solenidade oficial a transferência de terrenos do então Complexo Funarte (hoje Eixo Cultural Ibero-Americano), no Eixo Monumental, para a instituição dedicada à preservação da obra de Athos.
Porém, a crise política acabou sepultando a proposta, que nunca mais voltou à agenda dos governadores que comandaram o Distrito Federal nos anos seguintes. “Desde então, denunciamos a todos os governadores desta cidade pedindo que isso fosse retomado, porque o terreno não foi doado, mas não tivemos nenhum empreendimento. Ninguém teve vontade política”, lamenta Valéria Cabral, secretária executiva do Fundação Athos Bulcão.
A ideia será reavivada esta semana quando, na sexta-feira, às 11h00, uma audiência pública realizada no auditório do Museu Nacional da República convocada pelo secretário da Cultura, Cláudio Abrantes, discutirá a cedência do terreno.
“Foram convidados diversos setores da sociedade civil. Todos interessados no legado de Athos Bulcão”, diz Abrantes. O objetivo da audiência é ouvir a sociedade sobre a possível transferência de um terreno para a Fundação Athos Bulcão construir sua sede. Os próximos passos serão realizados no âmbito do Governo do Distrito Federal. “A Secec está empenhada em ajudar a Fundação Athos Bulcão a alcançar a saúde financeira. Para que ela possa continuar desempenhando sua função primordial de preservar a memória de Athos Bulcão, garante o secretário.
A Fundação Athos Bulcão, que hoje funciona na 510 Sul, foi criada em dezembro de 1992 para preservar a obra do artista, falecido em julho de 2008. Além de deter os direitos de reprodução da obra e comercializar produtos, gravuras e azulejos com motivos Criada pela Athos, a instituição também realiza programas como o Descobrindo Athos, que no ano passado recebeu recursos de manutenção do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).
Parte do projeto consiste em receber crianças de escolas públicas para oficinas explorando a obra do artista. Lá, além de uma exposição com a produção de Athos, há uma galeria dedicada a exposições de outros artistas e um local reservado para guardar o acervo de 700 peças doadas pelo artista à fundação que leva seu nome.
Em 2008, o arquiteto Luis Filgueiras Lima, conhecido como Lelé, elaborou um projeto para a sede da fundação, que seria construída em terreno cedido pelo GDF. O projeto de Lelé inclui duas galerias, um teatro, um espaço para loja e café e outro para abrigar o acervo.
Na época, o arquiteto estava envolvido na construção do Beijódromo, na Universidade de Brasília (UnB) e sugeriu que, caso houvesse terreno, poderia aproveitar o canteiro já montado para iniciar a construção da sede. Mas as obras nunca começaram.
“Apresentamos o projeto quando Paulo Otávio, que era vice-governador, lançou a pedra fundamental do terreno, no dia 2 de julho de 2009. Mas aí acabou o governo”, lembra Valéria, que trabalha na fundação desde 1996. Em um entrevista, ela fala sobre a urgência de ter uma sede para um dos artistas mais importantes da cidade.
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