Nesta quinta-feira (7/11), a cantora e compositora Duda Brack se apresenta no Espaço Cultural BNDES, no Rio de Janeiro, para estreia de seu novo álbum, Não gostar é proibido. A apresentação terá energia romântica erótica, que dialoga com seu novo trabalho focado na sensualidade e feminilidade. “O show será muito contagiante. E muito se pensou em fazer as pessoas cantarem, dançarem e curtirem a música. Espero que eles saiam de lá exorcizados, sabe?”, diz o artista.
Não gostar é proibido é o terceiro álbum da carreira da cantora. O álbum traz uma mistura de ritmos musicais como Cumbia e Bachata, que se misturam ao funk e ao piseiro para trazer aspectos da ampla versatilidade brasileira. Além disso, conta com Gaby Amarantos, Felipe Cordeiro e Francisco Gil, que ajudam a compor faixas para o projeto. “Esse disco é um álbum latino, que vai falar muito dessa fusão de ritmos brasileiros e latinos. E assim afirmar o Brasil como um país latino, por isso quis que esse álbum fosse para que as pessoas pudessem ouvir e sentir vontade de viver, de se apaixonar, de ter coragem. Que sentissem amor próprio e, acima de tudo, que as mulheres se sentissem gostosas.”
O primeiro álbum da carreira de Duda, E, lançado em 2015, foi um álbum de intérprete. No segundo, fragmento de vidro, de 2021, compôs e gravou algumas músicas de sua autoria. Agora, em 2024, as composições são totalmente originais e reúnem mais maturidade e autoconfiança. “Acho que falei muito sobre dor, sobre relacionamentos abusivos, sobre política e agora o mundo está tão magoado e as coisas tão chatas, que eu queria fazer uma música que deixasse as pessoas sentindo prazer.”
No total, são 9 faixas que apresentam uma mensagem diferente, tanto na melodia quanto na letra: “Tinha música nesse disco que eu sonhei. Bebê, faixa quatro, é uma música que criei para o refrão. O sonho era de uma multidão cantando a letra. Acordei e escrevi o que dizia. Depois transformei isso em música. Eu não sabia se iria colocar no álbum porque não sabia se teria coragem de cantar o que diz a letra, porque eu mesmo nunca tinha dito isso para ninguém.”
Confira o álbum:
A artista abriu o coração em trechos como: “Querido, não quero mais ninguém / Olha, sou refém / Mas sei que combina comigo”, canta. “Acho que esse é um álbum que vai aos lugares sem medo e entendendo que a partir do momento que me mostro assim, refém, para os outros, não estou me diminuindo, não estou me tornando menor ou me tornando vulnerável. estou priorizando meus sentimentos”, acrescenta em entrevista ao Correspondência.
Com participação de Gaby Amarantos, a música Cumbia Mel, a segunda faixa, falará sobre uma mulher que gosta de ser valorizada. “Ela já tem uma queda pelo garoto, mas gosta de vê-lo correndo atrás dela, então vai fazer ele babar porque isso a alimenta, talvez até mais do que estar com ele. E também o momento em que você fala: ‘ah, me apaixonei mesmo, acho que não tem para onde correr’”, diz Duda. A parceria surgiu após a novela ‘Além da Ilusão’, de 2022, onde os artistas atuaram juntos e ficaram amigos. “Fui na casa dela e acabei contando a ela sobre minha vontade de fazer um disco latino. “Quando eu vi já estávamos compondo juntos. Fiquei muito feliz, porque ela trouxe todo o borogodó, o deboche, o calor, a sensualidade, toda a graça para a música”, lembra.
Em colaboração com Felipe Cordeiro e Francisco Gil, a faixa foi criada Romance, o último do álbum. “Eu queria uma música que trouxesse profundidade e envolvimento, porque sentia falta de afirmar o romance em uma música. Aí liguei para o Felipe Cordeiro para fechar o disco. Ele compôs e eu criei a melodia e a letra. E aí mandei a faixa para a Fran, que tem alguns dos melhores timbres da nossa geração.”
Sexualidade e Liberdade
Gaúcha da fronteira com o Uruguai, a cantora cresceu “cerquita de la frontera”, como gosta de dizer. Portanto, o idioma nunca foi uma barreira para Duda. A artista explora os mais diversos ritmos e linguagens em suas músicas para trazer versões de si mesma que reflitam o que ela sente e como vê o mundo. “Todas as minhas grandes referências eram mulheres. Os homens sempre estiveram um pouco mais distantes. Então eles realmente não construíram minha visão de mundo. E ao mesmo tempo fui criada por mulheres que me incentivaram a ser permissiva comigo mesma”, diz ela. “Nunca tive aquela coisa de ‘Ei, não usa essa roupa porque é vulgar’, ‘Ah, fecha as pernas’. Eu sempre poderia ser o que quisesse, sem me preocupar com julgamentos. E acho que isso vai refletir na minha arte. Mas o mundo não é assim”, reflete.
Ao retratar temas tabus em suas composições, como empoderamento feminino, sexualidade e liberdade artística, a cantora vê o corpo como um templo e merece a liberdade de ser o que é. “Meu grande pacto como artista é com a liberdade e acho que a energia sexual é algo que sempre norteou muito o meu trabalho, mas desta vez estou falando explicitamente”, ressalta.
Por isso, Duda diz que vem sofrendo ataques de ódio pelas abordagens mais explícitas, mas deixa claro ao dizer: “Não vou voltar atrás. No começo dói, dói, perturba. Mas então vejo que isso é um sobre o outro. Não posso me tornar algo que não sou, sabe? Não posso assumir uma persona, interpretar um tipo de artista que não sou. E tudo bem. Acho maravilhoso que outros sejam, mas eu não. Não sou essa mulher bonita, modesta e caseira.”
“Minha evolução retrata bem isso. É uma espiral, não uma linha reta. Então é engraçado porque eu vejo, por exemplo, uma semelhança muito grande entre a Duda do É de 2015 e a Duda do Proibido não gostar de 2024. Duda que tem dezoito anos e Duda que tem quase trinta. Mas lá eu era menina e hoje sou mulher. Então lá estava eu hoje, naquela época eu tinha inseguranças que não tenho hoje. Eu experimentei muitas coisas. Fiz novela, fiz turnê. Então eu vivi muitas coisas nesse caminho que te transformam como artista, né?”, exalta.
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