Mais de 25 anos se passaram e o Britpop ainda está vivo. O gênero que foi uma mania global no final dos anos 1990 e início dos anos 2000 gerou uma geração de artistas. Alguns já não estão mais juntos, como é o caso de Oasis e Blur, mas há quem continue firme, forte e lançador. Travis é uma daquelas bandas duradouras. Com 27 anos desde o álbum de estreia, os artistas escoceses disponibilizam nas plataformas digitais o seu décimo trabalho de estúdio, intitulado LA Timesnesta sexta-feira (8/12).
A banda nunca parou, apesar dos altos e baixos na popularidade do gênero musical britânico do qual faz parte. Eles lançam um álbum a cada 3 ou 4 anos em média e possuem sucessos como cantar, Porque sempre chove em mim? Isso é Madeira flutuante. Eles já ganharam o Brit Awards e o UK Grammy em três ocasiões e completam 25 anos desde a primeira vez que alcançaram o topo das paradas britânicas com o álbum O homem que.
Devido à sua longa história, eles ficam presos entre entregar a nostalgia dos fãs antigos, ou tentar alcançar novos públicos através de lançamentos. “Existem três tipos de bandas: as novas, que buscam espaço; os nostálgicos, que vivem de músicas antigas e não precisam mais lançar nada; e aqueles como nós, que estão lançando coisas novas, mas o público tem uma nostalgia muito forte pelas músicas antigas”, analisa Fran Healy em entrevista ao Correspondência.
O vocalista e compositor da banda relembra o passado para explicar o frio na barriga ao lançar novas músicas nos dias de hoje. “Lembro-me de jogar Madeira flutuante numa festa de Natal com amigos em Glasgow e ninguém se importou, nem vi sinal de positivo. Quando uma pessoa não sabe de algo é muito normal não gostar, pois a sensação de não saber é ruim. Gostamos do que é familiar”, pontua o artista. Porém, ele acredita muito no trabalho que faz. “Ainda sou muito competitivo, ainda hoje ouço os meus contemporâneos. Eu realmente acredito que ainda sou um dos melhores da minha geração em encontrar novas melodias”, afirma Healy.
Mais íntimo
LA Times pode ter o nome do grande jornal americano, mas é um dos álbuns mais pessoais de Travis, banda que leva o nome do personagem Travis Henderson, interpretado pelo ator Harry Dean Stanton no filme Paris, Texas. “Acho que qualquer álbum é pessoal pela intensidade do que está sendo vivenciado e tem sido intenso para mim. Era impossível prever, as músicas simplesmente saíam assim”, lembra a cantora.
Healy passou por um período difícil da pandemia, separou-se da esposa, Norah, e teve problemas com o filho na escola. Embora, atualmente, esteja tudo bem, toda essa experiência ficou para as 10 faixas do álbum. “Eu me senti mais leve depois de gravar esse álbum, e o álbum parecia mais pesado que outros que gravei. Com certeza é um trabalho denso, com muito peso agregado”, afirma o músico.
O líder e compositor da banda faz mais uma analogia com o passado para transmitir o sentimento que tomou conta dele durante a produção do trabalho recente. “Quando eu estava começando, há 20 ou 30 anos, havia uma angústia de incerteza na minha vida. Parecia aquelas pontes de madeira e corda de filme de aventura, onde as tábuas quebram e as cordas se enroscam”, lembra. “Achei que essa sensação tinha passado, mas nos últimos anos, com o fim da pandemia, essa angústia voltou”, acrescenta.
Porém, foi através da música que ele mais uma vez encontrou a saída. “Sempre fiz isso como forma de purgar sentimentos. É por isso que continuo fazendo música, é minha terapia, é minha maneira de me sentir normal. É assim que lido com todos os meus sentimentos”, explica. “Alguns jogam futebol, alguns dançam, alguns jogam ténis e alguns bebem, mas todos estão a fazer alguma coisa para se sentirem melhor. Meu objetivo para melhorar esses sentimentos é escrever músicas sobre isso”, acrescenta Healy.
Britpop vive
Mesmo com todas essas questões vivenciadas transformadas em versos, o aspecto sonoro da banda não mudou tanto. O caráter pessoal permanece nas letras, mas a sonoridade continua sendo o que fez o público amar o grupo no final dos anos 1990. “O que diferencia o Travis das outras bandas é o fato de cada música sair com uma roupagem pronta, mas é bem diferente das outras”, acredita o artista
Para Fran Healy, Travis nunca fez obras completas. A proposta sempre foi um emaranhado de boas ideias que variam em torno de um mesmo tema em cada um dos álbuns. Dessa forma, eles poderiam experimentar e variar, mas reter um público para saber como fazem isso. “Cada música tem sua individualidade na forma como soa. O que eles têm em comum são as nossas vozes e a forma como tocamos nossos instrumentos”, classifica.
Porém, manter esta consistência na variedade nunca foi do agrado de ninguém. “Quando escrevo músicas, nunca penso nos fãs. Não acho que tenhamos fãs, para ser sincero. Presumo que não haja fãs”, brinca o músico.
Brasil
O britpop nunca foi muito popular no Brasil, mas existe um nicho, principalmente ligado a artistas alternativos, que gostam muito do trabalho feito pela geração. Travis tem o retorno solicitado por esses fãs fiéis que acompanharam o gênero quase nadando contra a maré.
A única vez que o grupo se apresentou no país foi em 2013, no extinto festival Planeta Terra, e o próprio vocalista admite que não foi tão bom. “Algo não estava certo no show. Não foi tão bom. O público estava cansado, ou com calor, ou até com medo de nós”, diz ele. “Acho que temos que voltar atrás e fazer de novo”, propõe.
Healy não pode confirmar nada, porque realmente não é concreto, mas acrescenta que há discussões sobre esse retorno depois de mais de 10 anos. “Estamos conversando sobre isso, não há nada confirmado, mas é uma discussão porque queremos muito ir ao Brasil e acho que isso vai acontecer. Só não sabemos quando ainda”, diz o artista, que dá a entender que até esta entrevista pode ter um cunho estratégico. “Eu não diria nada, mas talvez o motivo de estarmos conversando aqui é que Travis deverá ir ao Brasil em um futuro próximo”, ele supõe.
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